Cenário de dólar forte deve persistir e pode se intensificar, diz Itaú
Olhando para o diferencial de juros entre Brasil e EUA e para o aumento do risco geopolítico no oriente médio e a tensão entre EUA e China, especialistas do Itaú passaram a esperar um prolongamento do cenário de dólar mais forte e, eventualmente, uma intensificação da alta da moeda.
Com isso, os especialistas elevaram sua projeção do dólar para 2024 de R$ 5 para R$ 5,15.
Já a expectativa para a cotação do dólar em 2025 foi elevada de R$ 5,20 para R$ 5,25.
Olhando para o cenário de política monetária global, o Itaú destaca que a divergência de política monetária dos EUA frente o restante do mundo, diante do chamado "excepcionalismo" do país em termos de crescimento resiliente e inflação mais persistente, que está levando a uma postergação dos cortes do Fed e a um aumento do diferencial de juros dos EUA frente às outras economias.
“À frente, considerando nosso cenário para os bancos centrais desenvolvidos (quatro cortes do Fed e sete cortes do ECB até o fim do ano que vem), estimamos um potencial de apreciação adicional do dólar multilateral de em torno de 1,5% até o fim do ano”, diz a casa.
“Avaliamos que essa apreciação pode se acentuar, a depender das tensões geopolíticas globais. Especificamente, estimamos que a cada 10% de aumento da razão entre os preços do ouro e do cobre (métrica que avaliamos como a mais representativa do risco geopolítico no momento), há uma apreciação de 2% do dólar, tudo o mais constante”, completa
Nesse cenário, os analistas destacam que para os países emergentes, o dólar mais forte deve contribuir para ciclos de cortes de juros mais contidos a frente.
“Notamos que as moedas dos países com diferenciais de juros relativamente baixos frente ao padrão histórico são as que mais depreciam esse ano. Uma dessas é o real, cujos movimentos têm correlação histórica alta com o dólar multilateral”.
Apreciação recente do dólar
Os especialistas ainda acrescentam que nos últimos 12 meses, o dólar apreciou 2,2% em termos reais, com movimentos de curto prazo expressivos, em grande parte impulsionados pela política monetária.
“No terceiro trimestre do ano passado, a postura mais dura do Fed e a percepção de uma situação fiscal americana pior levaram a um aumento do diferencial de juros e a um dólar mais forte. No quarto trimestre, a inflação americana e global mais fraca impulsionou o dólar para baixo, mas o prêmio geopolítico mais elevado pelo conflito no Oriente Médio compensou para cima”, observa o Itáu.
“Em 2024, no primeiro trimestre, a inflação nos EUA se mostrou mais forte, mas a interpretação do mercado foi que isso poderia se tratar de um repique transitório. Ao mesmo tempo, o Banco do Japão saiu do juro negativo, na contramão do ciclo de política monetária do restante do mundo, o que também contribuiu para um enfraquecimento do dólar”, completa.
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