Rombo na Americanas (AMER3): ações reabrem a R$ 2,63, em queda de 78%, mas voltam outra vez a leilão
Rombo na Americanas (AMER3): ações reabrem a R$ 2,63, em queda de 78%, mas voltam outra vez a leilãoAs “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões caíram como uma bomba na Americanas (AMER3). Nesta quinta (12), as ações da companhia entraram em leilão depois de uma queda de 90%, um dia após a divulgação do rombo […]
As “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões caíram como uma bomba na Americanas (AMER3). Nesta quinta (12), as ações da companhia entraram em leilão depois de uma queda de 90%, um dia após a divulgação do rombo bilionário da varejista. Os papéis ainda não entraram em negociação. Estão suspensos. As ações, que voltaram a ser negociadas às 14h30, depois de uma interrupção de mais de 3 horas, estão outra vez em leilão.
As ações da Americanas chegaram a reabrir a R$ 2,44 (tombo de 79,67%), às 14h39, mas, em seguida, entraram em leilão novamente. Às 14h50, tiveram as negociações reabertas — para, mais uma vez, seguirem para leilão. E, às 15h05, de volta ao pregão a R$ 2,63, com queda de 78%, retornaram a leilão.
Na quarta (11), as ações da Americanas fecharam o dia em alta de 0,76%, sendo negociadas a R$ 12. De acordo com o mapeamento do Status Invest, neste mês, os papéis já acumulavam uma alta de 32,89%. Nos últimos doze meses, as ações da varejista amargaram uma desvalorização de 58,55%.
A empresa divulgou comunicado, às 14h30, reiterando que, “neste momento, não é possível determinar todos os impactos” do rombo no balanço da Americanas.
"Diante do fato de que havia sido atingido o limite de participantes da plataforma utilizada, foi verificado que não havia sido iniciada a gravação da teleconferência, o que passou a ser feito de imediato", diz o texto.
"Reitera-se que, neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia. Somente com a conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes, após o que será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras da Companhia", acrescenta o documento.
O caos contábil é tamanho que Sergio Rial deixou o comando da empresa menos de dez dias após ter assumido o cargo. André Covre, diretor de Relações com Investidores, também saiu do negócio. João Guerra, então diretor de Recursos Humanos da Americanas, assumiu interinamente os dois cargos.
Americanas será investigada pela CVM
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anunciou que irá investigar o rombo da Americanas. A autarquia tem dois processos administrativos abertos para apurar as "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões.
O site da CVM diz que um dos processos vai investigar a própria contabilidade da Americanas. O segundo vai apurar o comunicado enviado à CVM falando sobre as insistência contábeis.
Rial: companhia precisará ser capitalizada
Nesta quinta (12), o executivo destacou que não há dúvidas de que a companhia precisará ser capitalizada, apontou uma falta de transparência nos dados e revelou o motivo da sua demissão.
"Os R$ 20 bilhões são a nossa melhor estimativa dentro do que tivemos de informação nesses nove dias", comentou Rial durante uma conferência com os acionistas da companhia.
O executivo avisou que será necessário uma capitalização da Americanas, mas que ainda não é possível estimar o tamanho do aporte financeiro necessário para solucionar esse problema contábil. "Ninguém definiu o valor, até porque o número não foi auditado. Mas sabemos que não será uma capitalização de [apenas] milhões", relatou.
Rial reforçou que o 3G Capital, acionistas de referência da Americanas, estão comprometidos com o negócio. "Mas eles não podem ser a solução por si só. 'Me dá um cheque e tá resolvido', não é assim".
As ações da Americanas (AMER3) derreteram nos primeiros minutos de pregão nesta quinta-feira (12), em meio ao rombo de R$ 20 bilhões encontrado pela nova diretoria. Depois, os papéis entraram em leilão.
As ações da Americanas ) foram colocados em leilão no início do pregão desta quinta e permaneceram assim até 13h40. A B3 (B3SA3), liberou as ações AMER3 para caírem até 99% no intradia e, por volta da 13h, a queda era de 90%.
Com o cenário de caos, a Americanas levou as principais concorrentes para o leilão também. A Via (VIIA3) chegou a cair mais de 10% e o Magazine Luiza (MGLU3), 8,5%.
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Ibovespa zera ganhos
O Ibovespa, que abriu em queda no pregão desta quinta-feira (12), em um dia conturbado com ações em leilão da Americanas, passou a operar no positivo, subindo 0,15%.
Às 15h, o índice da B3 zerou os ganhos – caía 0,01%, aos 112 mil pontos.
Recuperação judicial no radar?
"É bastante possível que a companhia peça recuperação judicial se este cenário se concretizar, o que não seria uma novidade para empresas de varejo. Esta inconsistência de R$ 20 bilhões significa o dobro de valor de mercado da empresa, o que demonstra a gravidade da situação", detalhou Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital e advogado especializado em compliance e governança corporativa.
O especialista reforçou que existe a possibilidade de que a 3G Capital faça aportes para evitar a recuperação judicial, porém, "ainda não há nada concretizado".
Georgia Jorge, analista do BB-BI, disse em relatório que não é possível mensurar a dimensão do impacto dessas revelações antes dos trabalhos de auditoria e do comitê independente, com a reapresentação dos últimos balanços da Americanas.
"Contudo, nossa visão é negativa, diante do potencial de alteração no equilíbrio das contas de capital de giro, elevação do nível de endividamento da companhia, alteração dos resultados apresentados pela companhia nos demonstrativos contábeis anteriores e necessidade de capitalização por parte dos acionistas para readequar sua estrutura de capital", destacou.
A casa já trabalhava com a recomendação de venda para os papéis da Americanas antes do escândalo, e a analista ressaltou que as últimas notícias reforçam a percepção negativa sobre as ações da Americanas, além de evidenciar a falta de transparência que traz impactos adicionais aos acionistas minoritários.
Os analistas da XP Investimentos comentaram que o cenário segue incerto e, por isso, mantem a recomendação da Americanas em "sob revisão".
"Mesmo depois da reunião com a companhia e os esclarecimentos dados para os pontos trazidos no fato relevante, ainda não temos visibilidade suficiente para detalhar o impacto financeiro que as revisões devem ter nos números da empresa, que só devem ser publicados depois do processo de auditoria, além de enxergamos que o acontecimento adiciona riscos e incertezas à tese de investimentos em AMER3", disse o time da XP.
Para José Daronco, analista CNPI da Suno Research, a Americanas dificilmente chegará ao ponto de quebrar. Com um caixa robusto, que a companhia já tem hoje, deve focar no aumento de capital e diluição de acionistas.
Americanas: entenda o caso
Em fato relevante divulgado na quarta (11), a Americanas disse que detectou inconsistências nos lançamentos contáveis estimadas no total de R$ 20 bilhões, com data-base em 30/09/2022. O montante apontado é maior que o valor de mercado da própria varejista na Bolsa, que até então era de R$ 10 bilhões.
O caos contábil fez com que Sergio Rial deixasse o comando da empresa menos de dez dias após ter assumido o cargo. André Covre, diretor de Relações com Investidores, também saiu da Americanas. João Guerra, então diretor de Recursos Humanos da Americanas, assumiu interinamente os dois cargos.
As contas da Americanas são auditadas pela PwC. Questionada pela reportagem, a multinacional informou que "não comenta balanços auditados pela firma por questões de confidencialidade contratual".
Nesta quinta, Rial comandou uma conferência com os acionistas da Americanas e destacou que a varejista precisará ser capitalizada. "Ninguém definiu o valor, até porque o número não foi auditado. Mas sabemos que não será uma capitalização de [apenas] milhões", relatou ele.
O ex-CEO da Americanas reforçou que o 3G Capital, acionistas de referência da companhia, estão comprometidos com o negócio. "Mas eles não podem ser a solução por si só. 'Me dá um cheque e tá resolvido', não é assim", comentou.
Fora da liderança da Americanas, Sergio Rial atuará como assessor do negócio e ajudará na apuração sobre o caso.
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