Por que financiar casa ainda é caro se os juros são os menores da história?
Com a taxa básica de juros (Selic) no menor valor da história, muita gente voltou a pensar em comprar a casa própria. Mas, mesmo com a Selic na casa dos 2%, o crédito imobiliário no país ainda é limitante e mais caro do que em outros países.
Por aqui, quem busca financiar a casa própria ainda encontra as taxas em, no mínimo, 6,5%, mesmo com os bancos captando dinheiro via poupança, que remunera 70% da Selic, ou seja, a 1,40% ao ano. Por que acontece essa diferença?
Custos do processo são altos
De acordo com Johnny Mendes, professor de economia da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), a diferença entre a taxa básica de juros e a taxa de financiamento imobiliário cobrada pelos bancos, chamada de spread, é alta por causa dos custos envolvidos no processo.
Entre o valor financiado e a entrega do dinheiro a quem toma o empréstimo há vários custos, como impostos, lucro do banco e risco de calote.
Johnny Mendes
Segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), esse é o peso de cada item atualmente nos custos de financiamento imobiliário:
Inadimplência (calote): 37% do total
Despesas administrativas: 25%
Impostos e fundo garantidor de crédito: 23%
Margem financeira dos bancos: 15%
É possível que não diminua mais
Para Alberto Ajzental, professor da FGV, os juros atuais podem ser o mínimo que os bancos vão cobrar, e não devem diminuir muito mais.
Alguns bancos já oferecem financiamentos que, a meu ver, já chegam próximo do limite do possível. O Itaú Unibanco tem uma linha que é 4% ao ano, mais poupança, por exemplo. Talvez o limite seja por aí, entre 4% a 5%, talvez seja o mínimo a ser cobrado.
Alberto Ajzental
Brasil tem taxas maiores que Alemanha e Chile
Enquanto no Brasil, as taxas em geral começam em torno de 6,5% ao ano, países como Alemanha, Canadá ou Chile possuem condições melhores para o financiamento imobiliário.
De acordo com a consultoria Financial Advisory, as taxas médias de alguns países são:
- Alemanha: - 1,07%
- Reino Unido: - 1,59%
- EUA: - 2,37%
- Japão: - 2,47%
- Canadá: - 2,99%
- Chile: - 4,90%
Segundo os especialistas ouvidos pelo UOL, o Brasil precisa reduzir custos, como o da inadimplência, e forçar o setor a diminuir as taxas.
Mais competição poderia ajudar
Para Johnny Mendes, o Brasil poderia chegar mais próximo das taxas praticadas em outros países com mais competição dentro do setor.
Maior competição entre empresas do setor, mas que sejam diferentes dos bancos, como as fintechs, ajudaria. Elas atendem de forma mais eficiente e dinâmica e, dessa forma, podem ajudar a baratear os custos.
Johnny Mendes
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