Juros devem subir: o que isso muda para poupança, Tesouro e fundos?
Resumo da notícia
- Banco Central vai começar a subir juros essa semana, dizem profissionais de mercado
- Taxa Selic, hoje em 2%, influencia rendimentos de poupança, Tesouro Selic e outras aplicações de renda fixa
- Profissionais de mercado dizem quais investimentos em renda fixa podem ganhar com alta da Selic
O Banco Central deve começar a subir a taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nesta terça-feira (16) e amanhã (dia 17). Pelo menos é o que a grande maioria dos profissionais de mercado espera. O órgão do governo responsável pelo setor financeiro do país vai fazer isso para interromper a valorização do dólar e, por tabela, segurar a alta da inflação, que está corroendo o poder de compra das famílias.
O que importa para o investidor é saber como isso afeta as aplicações de mercado, em especial a renda fixa. Afinal, a taxa Selic influencia direta ou indiretamente tradicionais produtos, como caderneta de poupança, títulos do Tesouro Direto, fundos de investimentos DI, CDBs e debêntures. Entenda a seguir o que deve acontecer.
Quanto a taxa de juros vai subir?
Na última vez que o Banco Central elevou os juros, de abril de 2013, quando a taxa Selic estava em 7,25%, até agosto de 2015, quando a taxa chegou a 14,25%, foram 16 altas em quase dois anos e meio. Depois, a Selic começou a cair e veio parar nos atuais 2%.
Como a taxa está muito mais baixa do que em 2013, a Selic não vai voltar aos patamares que tinha anos atrás, dizem especialistas. Nas projeções do mercado pesquisadas pelo próprio Banco Central por meio do Boletim Focus, a Selic vai subir até 4,5% este ano, depois a 5,50%, em 2022 e, em 2023, chegará a 6%. Essa alta não acontece de uma vez só. Normalmente o BC sobe os juros lentamente, a 0,25% ou 0,5% a cada reunião.
Ou seja, mesmo depois do ciclo de alta, a taxa básica de juros do país não voltará ao patamar que tinha anos atrás.
Como a Selic influencia aplicações de renda fixa?
A Selic subindo vai puxar com ela o rendimento de algumas aplicações bem tradicionais entre os brasileiros. No caso do Tesouro Selic, título do governo oferecido no Tesouro Direto, se a taxa básica subir de 2% ao ano para 5%, por exemplo, o ganho do papel, iria de 2% a 5% ao ano. Isso influencia o desempenho de fundos DI, que aplicam nesses papéis.
Outro exemplo é o da poupança, que tem o rendimento equivalente a 70% da Selic. Se a taxa básica subir de 2% para 5%, por exemplo, a caderneta teria o ganho subindo do atual 1,4% ao ano para 3,5% ao ano.
Renda fixa prefixada ou pós-fixada?
Em momentos de alta de juros, o indicado em termos gerais, dizem profissionais de mercado, é dar preferência a investimentos pós-fixados. Ou seja, produtos cujo rendimento acompanha o desempenho de um certo índice ou taxa.
O Tesouro Selic é um exemplo de aplicação pós-fixada, pois seu rendimento acompanha a Selic - se a Selic subir, esse papel vai render mais; se a Selic cair, esse papel vai render menos.
Outro exemplo de aplicação pós-fixada é o título Tesouro IPCA+, que acompanha a inflação. Quanto mais a inflação subir, mais esse papel vai render.
Se tivesse que escolher apenas um tipo de aplicação de renda fixa, entre pré ou pós-fixado, eu ficaria com pós-fixado. A gente não sabe quando começa o choque de alta, quanto tempo vai durar e de quanto será. Mas como há incertezas, ter aplicações pós-fixadas agora faz sentido.
Pedro Barbirato Rosa, diretor de produtos do banco digital Modalmais
Reserva de emergência ou aplicação de longo prazo?
Mas essa recomendação não é uma regra que vale para todos os casos. Afinal, destacam profissionais de mercado, isso depende dos objetivos de cada pessoa.
No caso da aplicação em renda fixa separada para cobrir eventuais emergências ou gastos inesperados, não há discussão: o melhor é manter o dinheiro em aplicações pós-fixadas que tenham liquidez diária - ou seja, que podem ser resgatadas a qualquer momento sem prejuízo do rendimento, dizem consultores.
Aqui, afirmam especialistas, não importa se a Selic está subindo ou caindo. O objetivo dessa aplicação é permitir ao investidor ter um dinheiro à mão para cobrir imprevistos.
Aqui não muda nada. Independentemente da taxa de juros, a reserva de emergência precisa seguir focando liquidez e baixo risco. São os casos de aplicações como o Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária que ofereçam ao redor de 100% de CDI.
Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora
Aplicações de longo prazo
Para aquela aplicação de renda fixa que está dentro da carteira de mais longo prazo, acima de um ano ou mais, profissionais de mercado dizem que a alta da Selic justifica aumentar posições em pós-fixado, mas destacam que existem ainda boas oportunidades em prefixados que devem seguir no radar.
Prefixados
Mesmo com a aposta de que a Selic vai começar a subir, há no mercado boas opções de prefixados que estão pagando taxas acima mesmo daquilo que pode ser a Selic daqui a dois ou três anos, destacam analistas.
No Tesouro Direto, por exemplo, os títulos prefixados com vencimento em 2026 estão pagando 8% ao ano. Há também opções de títulos privados, como CDBs e debêntures, pagando quase 10% ao ano.
Títulos de renda fixa prefixados com prazos de três a cinco anos, que pagam de 8% a 9% ao ano são opções válidas para quem pode carregar o investimento até o vencimento. Mesmo com a alta da Selic, são opções que estão com um retorno muito bom. Mas só valem a pena para quem pode aguardar o vencimento até o resgate.
Igor Seixas, sócio da Inove Investimentos
Pós-fixados
Aplicação pós-fixada de renda fixa é uma forma de proteger o patrimônio em momentos de incertezas, como o que o mercado atravessa agora, destacam esses profissionais.
Como a inflação está em alta, gestores de recursos sugerem aplicações pós-fixadas que acompanham a inflação. Tem opções no Tesouro Direto, como o IPCA+, CDBs e LCIs, destacam.
Optar pelas taxas pós-fixadas faz sentido por causa da iminente alta da Selic nas próximas reuniões do Banco Central. São posições defensivas, mas muito alinhadas ao cenário de incerteza atual por causa da inflação também.
André Malucelli, diretor de investimentos do Paraná Banco
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