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Como usar o Clubhouse para aprender a investir?

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/03/2021 21h48Atualizada em 26/03/2021 19h18

O sucesso do Instagram sugeria que o futuro das redes sociais seria visual. Mas como a inovação não segue caminhos pré-estabelecidos, a sensação de 2021 é uma plataforma de transmissão ao vivo de áudio, o Clubhouse, que pulou de 600 mil usuários ativos em dezembro para 10 milhões em março, segundo a consultoria Backlinko, absorvendo influenciadores e público do YouTube e do Instagram.

A rede social - que, por enquanto, só pode ser acessada por um iPhone - tem uma espécie de feed principal que reúne salas onde estão acontecendo as discussões. Não precisa pedir licença para entrar, mas para falar é preciso "erguer a mão" e esperar. Além disso, qualquer pessoa pode criar uma sala, definir tema e convidados.

A ideia do Clubhouse é ser uma espécie de grande congresso, onde as pessoas andem por seus corredores e entrem nas salas. Esse formato exige que o usuário abra o aplicativo e verifique a programação com frequência. "Mas, no momento que acontece o evento, a pessoa precisa participar ativamente. Em outras redes socais, a gente vê um pouco, desconecta e volta depois. Isso não é possível no Clubhouse porque não tem como gravar", explica o professor de sociologia do consumo da ESPM, Fábio Mariano Borges.

Será que esse congresso virtual em áudio é uma opção para quem quer aprender sobre finanças e investimentos? Dá para aprender a investir na rede social?

Como usar?

Um dos diferenciais do Clubhouse, segundo especialistas, é criar uma relação mais informal entre especialistas e o público. O desafio é garimpar boas oportunidades de aprender e, para isso, a receita é procurar autoridades confiáveis e salas mais populares acessando as opções "Explore" (com o ícone da lupa) e "Tech".

Thiago Nigro, fundador do Primo Rico, Nathalia Arcuri, CEO da Me Poupe!, e Hulisses Dias, do canal Tio Huli, frequentam as salas do Clubhouse e falam sobre finanças pessoais e investimentos. .

Eduardo Cavendish, diretor de investimentos na Sppyns, gestora especializada em criptomoedas, é influencer e se rendeu ao Clubhouse. Ele abriu a Central do Mercado, uma das salas mais populares em português sobre investimentos, com mais de mil seguidores, muitos deles investidores inexperientes que recebem informações sobre corretoras, estratégias de investimento, setores em destaque e comentários em tempo real sobre aplicações.

Outras salas populares em português, com mais de 500 pessoas, são "Investidores brasileiros" e "Faça seu Pitch". O alcance ainda é bem modesto se comparado com outras como "Impact Investment Club", com 50 mil pessoas, e "Startup Club", com 400 mil.

Cavendish avalia que o Clubhouse é uma boa maneira de conhecer mais sobre o mercado financeiro e destaca o fato de ser mais fácil de o público identificar "enganadores". "Se você tem conteúdo, você vai bem. Se não, as pessoas percebem na hora", destaca. Ele também diz se entusiasmar com o potencial democratizante da rede, ainda que caótico. "Na minha sala, as pessoas levantam a mão e falam. Mesmo que haja muito ruído."

Esse potencial democratizante tem barreiras. Além de estar restrita ao iOS, a rede é acessada somente via convite ou por seleção do próprio Clubhouse, mediante inscrição. A empresa garante, porém, que vai facilitar o acesso em breve, aceitando usuários de Android.

Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV, faz outra ressalva quanto ao acesso à rede. "Apesar de a proposta ser de uma conversa, você não terá um Elon Musk falando com você. As pessoas que montam as salas são mediadoras, e as outras ficam como espectadoras".

Quem seguir?

Os interessados em usufruir bem do Clubhouse devem saber quais são as vozes a serem seguidas. Esse cuidado é fundamental para evitar ser encantado por quem fala muito bem, mas não tem conhecimento técnico. "Tenho participado de muitas salas, com diferentes temáticas, e tenho encontrado muita desinformação", alerta Borges, usuário do Clubhouse.

Yoshinaga ressalta também a importância de se preocupar com os interesses dos palestrantes. Para ela, as pessoas devem procurar quem não seja diretamente ligado a instituições financeiras. "Separar esse conteúdo desinteressado é bastante difícil. Existe uma linha tênue entre conteúdos [publicitários ou não]."

Depois de um período de furor no começo do ano, a coordenadora percebeu uma redução na euforia. Mas, para Borges, a rede social veio para ficar. Um sinal disso é o fato de Twitter e Instagram já trabalharem soluções em áudio ao vivo para suas plataformas.

O Clubhouse, segundo Borges, deve passar por transformações, como qualquer outra rede. "O fato de permanecer e crescer não quer dizer que, no futuro, vá manter as características de agora. Ele já está se transformando ao expandir para Android. Também deve receber recursos para deficientes auditivos. A certeza é que será um fenômeno duradouro", afirma.

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