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Com juros em alta, as pessoas vão sair da Bolsa e voltar para a poupança?

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

23/03/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Banco Central começa a elevar juros e mercado projeta Selic em alta até 2023
  • Migração de investidor brasileiro da renda fixa para Bolsa pode ser afetada por Selic mais alta?
  • Profissionais de mercado dizem que renda variável segue crescendo mesmo com juros em alta

O Banco Central elevou na última semana a taxa básica de juros do país de 2% para 2,75% ao ano, a primeira elevação em quase seis anos. As elevações podem continuar, segundo já afirmou o órgão do governo responsável pelo mercado financeiro. Nas projeções feitas pelo mercado, a taxa básica de juros vai subir até atingir 6% ao ano, ao fim de 2023.

Os juros baixos no Brasil foram um dos principais fatores que levaram investidores brasileiros a transferir dinheiro de aplicações de renda fixa, como fundos DI, Poupança e títulos do Tesouro, para produtos de renda variável, como Bolsa e fundos imobiliários. A questão agora é saber se esse movimento pode ser interrompido ou desacelerado em meio à alta da Selic.

Confira o que dizem os especialistas.

Para profissionais de mercado ouvidos pelo UOL, o primeiro ciclo de alta dos juros desde 2015 pode até afetar as decisões de investidores no curto prazo, mas no médio e longo prazos, a migração do dinheiro do investidor brasileiro rumo à Bolsa e aos fundos imobiliários vai continuar, dizem.

É inevitável que algo aconteça com o mercado de renda variável, com a Selic saindo de 2% para 6%. Pode haver algum investidor que retire parte da aplicação que está no risco para colocar na renda fixa. Mas olhando o mercado como um todo, é difícil imaginar que uma Selic de 6% seja capaz de mudar o cenário geral para o comportamento dos investidores. Ainda tem muito dinheiro na renda fixa que deve migrar em busca de rendimentos maiores.
Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura

Renda fixa ainda perde da inflação

Segundo profissionais de mercado, enquanto houver um cenário com juros baixos em relação a padrões históricos do país, o brasileiro vai continuar buscando aplicações que possam fazer o dinheiro crescer mais no longo prazo.

Esses especialistas destacam que mesmo levando em conta uma Selic de 6% ao ano, esse patamar é mais baixo que aquele visto na última vez em que os juros começaram a subir, em 2013.

Veja nesse gráfico como a Selic já foi muito mais elevada.

Com juros baixos, aplicações de renda fixa tradicionais seguem dando ao investidor muito pouco de ganho real. Neste momento, por exemplo, quem coloca dinheiro em poupança, fundos DI ou Tesouro Selic está até perdendo da inflação. Veja nesta matéria alguns exemplos.

Mesmo com a alta de juros, a Selic segue muito baixa em relação a padrões históricos. Além disso, a inflação subiu, reduzindo o ganho real da renda fixa. Olhando médio e longo prazos, acredito que o mercado já mediu o impacto desse ciclo de aumento de juros.
Eduardo Carlier, co-gestor de renda variável da AZ Quest

Mais produtos e facilidades na renda variável

Além dos juros baixos, profissionais de mercado dizem que há outros motivos pelos quais o brasileiro vai continuar aplicando em produtos de renda variável mesmo com a Selic em alta. Nos últimos anos, o pequeno investidor passou a ter acesso a mais empresas financeiras e produtos que antes só estavam disponíveis a grandes aplicadores. Novas plataformas de investimento online e gestoras de recursos surgiram.

O que levou o brasileiro a tomar mais risco, procurando a renda variável, foi, além dos juros baixos, a modernização, o desenvolvimento e a democratização do mercado financeiro.
Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual digital

Recomendação para aplicar na renda variável

Profissionais de mercado admitem que Bolsa, fundos imobiliários e outras aplicações de renda variável devem ainda apresentar volatilidade este ano. A pandemia descontrolada no Brasil e as dúvidas sobre a política econômica do governo são fontes de incertezas para a retomada do crescimento econômico no país e, por tabela, do desempenho das empresas.

Nesse cenário, apontam gestores de recursos, o investidor que estiver pensando em transferir dinheiro da renda fixa para a renda variável deve levar em conta duas recomendações:

Ser seletivo: diferentemente de anos em que a Bolsa subiu muito, e qualquer aposta dava certo, agora há setores indo muito bem e outros sofrendo mais com a crise. Por isso, o investidor precisa ser bastante seletivo na hora de colocar dinheiro em Bolsa.

A Bolsa vai continuar ganhando importância na carteira de investimentos das famílias brasileiras. Mas o cenário que temos em 2021 exige que o investidor seja mais seletivo. Não dá para ir comprando qualquer coisa.
Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama

Diversificar: não colocar todos os ovos na mesma cesta é regra básica de investimento, para dividir os riscos. Mas em anos de volatilidade, essa recomendação se torna ainda mais necessária, dizem profissionais de mercado.

Neste ano, a tendência de crescimento da renda variável na carteira dos investidores brasileiros vai continuar, mas com uma busca maior pela diversificação, inclusive por ativos no exterior. É um caminho que já se abriu e vai seguir ganhando força.
Ronaldo Guimarães, economista e sócio-diretor do banco digital Modalmais

Segundo ele, produtos como BDRs e ETFs devem ganhar espaço na carteira dos investidores neste momento, assim como ações de empresas brasileiras que atuam no mercado global, como as exportadoras de commodities e de alimentos.

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