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Proposta de taxar rendimentos afeta fundos imobiliários; vale investir?

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/06/2021 16h21

A proposta de cobrar imposto de renda sobre dividendos dos fundos imobiliários, até então isentos, pode jogar para baixo o preço desses ativos, segundo especialistas. Por isso, os fundos imobiliários devem enfrentar meses turbulentos até que a reforma tributária seja aprovada, mas o segmento deve se ajustar para não perder a atratividade.

Alguns analistas chegam a apostar que a tributação de 15% sobre os rendimentos desses fundos pode ser revista no Congresso. Porém, se a proposta for aprovada como está, valerá a pena continuar investindo em fundos imobiliários?

Investidores que pensam no curto prazo e avessos às oscilações de mercado provavelmente vão ter dificuldades em manter suas posições. Mas quem souber —e puder— esperar pelos próximos capítulos dessa saga tributária, poderá ser recompensado com dividendos mais gordos, afirmam especialistas. O UOL Economia+ ouviu analistas para saber o que esperar dos fundos imobiliários. Veja abaixo.

Não é o fim dos FIIs

Para Flávio de Oliveira, diretor de renda variável da Zahl Investimentos, os fundos imobiliários perdem um ponto de atratividade com a cobrança do imposto, mas não vão deixar de existir por causa disso. É uma questão de tempo até que os novos termos sejam assimilados. Oliveira diz que o investidor só deve sair dos FIIs caso não faça mais sentido para ele estar exposto a esse tipo de ativo.

Para o investidor que espera retornos lineares e não tolera volatilidades, pode valer mais a pena encerrar posições. Ele precisa entender a razão de estar nesse mercado e se os fundos fazem sentido para sua estratégia de investimento.
Flávio Oliveira, da Zahl Investimentos

A rentabilidade ainda compensa

Marcos Baroni, chefe de pesquisa em FIIs da Suno Research, diz que não é a isenção de imposto de renda que define a qualidade de um fundo imobiliário. Se a rentabilidade com as cotas tem sido prejudicada pela proposta da reforma tributária, por outro lado os "dividend yields" (retornos com dividendos) têm se mostrado interessantes.

Vale a pena continuar sim. Mesmo considerando os cenários de tributação, temos 'yields' de 6,5% a 7% em fundos de tijolo (de imóveis físicos) e de mais de 10% em fundos de papel (de títulos do setor imobiliário).
Marcos Baroni, da Suno Research

Para Mucio Mattos, sócio e chefe de crédito da Vectis, também é possível aproveitar a baixa do mercado para se posicionar.

Como o valor atual das cotas no mercado secundário de diversos fundos estão abaixo do seu valor patrimonial, é possível adquirir esses fundos com rentabilidade superior aos títulos do governo.
Mucio Mattos, da Vectis

Nem comprando, nem vendendo

Na casa de análise Empiricus Research, a ordem é esperar. "Não recomendamos venda, tampouco a compra de fundos novos", afirma o analista Caio Araújo. Essa cautela vem da possibilidade da tributação sobre fundos imobiliários ser derrubada do projeto da reforma.

O mercado entende que a cobrança de imposto sobre FIIs é inconsistente, pois outros ativos atrelados ao setor imobiliário, como as CRIs e LCIs, continuam isentos de IR.

No começo deste mês, a Câmara também derrubou vetos presidenciais que retiravam a isenção do Fiagro (Fundos de Investimento das Cadeias Agroindustriais), que tem semelhanças com os fundos imobiliários.

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