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ANÁLISE

Com a reforma tributária, os fundos imobiliários vão acabar? Veja análise

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/07/2021 04h00

A proposta de reforma tributária apresentada pelo governo traz mudanças nos investimentos financeiros. Uma delas é a cobrança de Imposto de Renda sobre dividendos dos fundos imobiliários, até então isentos. E agora, os fundos imobiliários vão deixar de ser atrativos e, com isso, acabar? No Papo com Especialista, programa semanal e ao vivo do UOL Economia+, o economista César Esperandio falou do impacto que esse projeto de lei já trouxe para este tipo de investimento.

"Hoje, quem investe em fundos imobiliários tem isenção sobre os rendimentos distribuídos para cotista pessoa física. É um baita benefício", disse Esperandio. Leia abaixo a análise do especialista sobre a proposta e assista ao programa completo, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes, e que acontece toda quinta-feira.

Rendimento é uma espécie de aluguel

Esperandio, que é também do canal Econoweek, explicou que, ao investir em fundos imobiliários, você está comprando uma "cota de um condomínio".

No mercado, existem fundos imobiliários de papel (que investem em títulos de renda fixa) e de tijolos (que investem em prédios, como lajes corporativas, shoppings, hospitais, agências bancárias, etc.).

"Na prática, você precisa investir pouco, como R$ 100, R$ 50 ou até menos que isso, para se tornar cotista de um fundo imobiliário, tendo uma 'participação societária' numa pequena fração desses imóveis que têm inquilinos. Então, você recebe mensalmente o que seria uma espécie de aluguel, proporcional à quantidade das suas cotas", afirmou.

Hoje, esse recebimento mensal não é tributado —o que já é tributado é a venda das cotas. No entanto, o projeto de lei que foi encaminhado pelo governo prevê a tributação de 15% de Imposto de Renda em cima dos dividendos dos fundos imobiliários.

Afobação dos investidores derruba preço

Segundo o economista, os investidores estão preocupados, porque, desde que a proposta foi divulgada, a precificação das cotas dos fundos imobiliários na Bolsa teve queda considerável. "O pessoal está com medo, achando que é o fim dos fundos imobiliários", afirmou.

Esperandio disse, no entanto, que essa proposta não deve causar o fim dos fundos imobiliários, mesmo que o projeto de lei, ainda em discussão no Congresso, seja aprovado do jeito que está.

"Não será o fim dos fundos imobiliários. Haverá uma re-precificação das cotas dos fundos, mas não por conta dessa tributação", declarou.

Segundo ele, o "ativo-alvo" desses fundos, que são os imóveis, não irá se valorizar ou desvalorizar por conta dessa tributação sobre o repasse dos aluguéis aos cotistas. "Não é por conta dessa reforma tributária que a cota desses fundos passaria, tipicamente, a se desvalorizar ou o contrário", afirmou.

Esperandio disse ainda que essa queda do preço dos fundos deve-se aos investidores que, temendo uma tributação em breve, decidiram vender suas cotas. "E isso gera um reequilíbrio de preços. Com essa afobação dos investidores, as cotas ficaram até mais baratas", explicou.

Mas a tributação não seria ruim para os investidores?

Esperandio disse que pode ser, sim, um desestímulo ao investidor. "Mas olhando para o mercado financeiro como um todo, ela pode ser até positiva, por ser muito mais ampla, com mudanças em outros tipos de investimento", afirmou.

Por exemplo: nos investimentos de renda fixa, a alíquota passaria a ser de 15%, independentemente do vencimento do ativo. Hoje, ela é escalonada, variando de 22,5% (para vencimento em até 180 dias) a 15% (para vencimento acima de 720 dias). Nos fundos abertos e nos fundos fechados (multimercados), também haveria essa padronização de alíquota única de 15%.

"No ambiente de negócios, se esse projeto for aprovado do jeito que está, não tem apenas aspectos negativos. Há uma série de outras compensações em outros investimentos que, eventualmente, poderiam ser positivas. E sua carteira não deve ser composta apenas de fundos imobiliários; tem que diversificar", declarou.

Para o economista, até o projeto ser aprovado, há uma "longa novela pela frente". "Mas já te adianto: não é o fim dos fundos imobiliários", declarou.

Papo com Especialista é toda quinta-feira

O programa Papo com Especialista é transmitido às quintas-feiras, das 15h às 16h, na página inicial do UOL e do UOL Economia+ e é exclusivo para assinantes. Reveja programas anteriores aqui.

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