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Smart Fit, 3tentos e CBA entram na Bolsa: qual vale o seu investimento?

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/07/2021 04h00

A campainha que marca a estreia de uma empresa na Bolsa tocou três vezes esta semana na B3. Somadas, as ofertas de Smart Fit (SMFT3), 3tentos (TTEN3) e CBA (CBAV3) movimentaram ao todo R$ 5,2 bilhões. O número só não foi maior porque BBM Logística e Intercement desistiram de última hora das suas captações. Mas será que vale a pena investir nas novatas?

Para os analistas, antes de investir numa empresa estreante, é importante entender os motivos que a levaram a captar dinheiro na Bolsa. Os recursos podem ser utilizados para expandir negócios ou para diminuir uma dívida. Analistas ouvidos pelo UOL avaliaram as novatas e dizem abaixo se vale a pena ou não investir nelas.

Smart Fit (SMFT3): um setor inédito na Bolsa

A empresa captou R$ 2,3 bilhões com a oferta inicial de ações e subiu mais de 30% já no primeiro dia de negociações. A companhia foi ao mercado com o objetivo de financiar um projeto de expansão de sua rede de academias. Com os recursos captados no IPO, a empresa pretende abrir novas unidades no Brasil e no exterior e comprar concorrentes.

Pontos fortes

"A oferta foi integralmente primária, ou seja, é um dinheiro que vai ser investido na própria companhia. A empresa tem perspectiva interessante de crescimento, com expansão no mercado brasileiro e na América Latina", afirma Filipe Ferreira, diretor da Comdinheiro.

"Das empresas que abriram capital na semana, é a que tem maior apelo popular. A Smart Fit tem como ponto positivo a diversificação geográfica, está presente no Brasil todo e também está fora do Brasil", diz Antonio Marcos Samad Junior, sócio da Axia Investing.

Pontos fracos

"A empresa teve queda considerável de receitas e, consequentemente, dos seus lucros. Os investidores de longo prazo querem saber se ela consegue usar os recursos captados na Bolsa para reverter essa situação da pandemia", afirma Victor Bueno, analista de investimentos da Top Gain.

Vale a pena investir?

"A Smart Fit vale a pena porque tem cerca de 500 unidades no país e não tem concorrência na Bolsa. Hoje só existe uma rede de academias na B3. Os investidores estão olhando para a empresa como uma ação para comprar pensando no longo prazo", diz Virgilio Lage, assessor de investimentos da Valor Investimentos.

3tentos (TTEN3): estreia foi ruim, mas tem potencial

A empresa gaúcha de processamento de grãos e venda de insumos agrícolas lançou ações na Bolsa para abrir novas lojas e expandir negócios no Centro-Oeste. A ideia é utilizar parte do R$ 1,3 bilhão captado no IPO para construir uma fábrica de produção de biodiesel no Mato Grosso. No dia da estreia, as ações da 3tentos fecharam em queda.

Pontos Fortes

"É uma das estreantes que mais me agrada, por ser uma empresa do agronegócio e o segmento é um dos que mais crescem no país e no mundo. Qualquer companhia que estiver ligada ao setor vai surfar nessa onda", afirma Samad Junior, da Axia Investing.

"A empresa tem números muito fortes, tem mais de 17 mil clientes ativos e dívida não é um problema para ela. Vejo com bons olhos também por ser mais uma empresa de um setor com muito potencial mas que ainda é muito enxuto na Bolsa", diz Bueno, da Top Gain.

Pontos fracos

"A empresa chega à Bolsa com uma proposta interessante de modernização e expansão, mas em termos geográficos ainda é muito regionalizada", afirma Filipe Ferreira, da Comdinheiro.

Vale a pena investir?

"O preço da ação tem potencial de alta de 30% a 40%, tendo em vista a demanda do agronegócio. Ainda há cautela no curto prazo considerando oscilações do mercado com incertezas políticas. Mas para o investidor que compra a ação pensando no médio e longo prazo, faz bastante sentido", diz Virgilio Lage, da Valor.

CBA (CBAV3): oferta saiu com preço abaixo do previsto

A Companhia Brasileira de Alumínio é uma empresa do grupo Votorantim e estreou na Bolsa com desconto. A ideia era que o preço inicial da ação fosse no mínimo de R$ 14, mas acabou saindo por R$ 11,20. Mesmo assim, a CBA manteve a oferta e captou R$ 1,6 bilhão com a operação e as ações da empresa fecharam em alta de 6,1% na estreia.

Pontos fortes

"Também é uma estreante que deve se beneficiar bastante com a retomada das atividades pós-pandemia e o crescimento econômico. Ela deve atender à demanda do setor imobiliário e ter crescimento de resultados por esse motivo", afirma Antonio Marcos Samad, da Axia Investing.

Pontos fracos

"Metade do dinheiro captado no IPO foi para pagar acionistas que estão deixando a sociedade. Ou seja, não foi uma oferta visando, necessariamente, captar recursos para investir no crescimento da empresa", diz Filipe Ferreira, da Comdinheiro.

"Houve um aumento considerável de dívida da empresa nos últimos anos e ao que tudo indica isso também contribui com o prejuízo que a companhia teve no período. Há aumento de pagamento de juros, de despesa financeira e por isso mesmo a ação deve ter sido lançada com desconto", afirma Victor Bueno.

Vale a pena investir?

"Com a alta demanda da China e do setor de construções, é uma empresa que para o longo prazo vale a pena. No curto prazo, com essa oscilação mais forte do preço da matéria-prima, o minério de ferro, ela está um pouco arriscada", diz Virgilio Lage, da Valor

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