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MST entra no mercado financeiro; vale a pena investir, é seguro?

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/07/2021 04h00

O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) quer ir ao mercado captar dinheiro para financiar a produção de alimentos orgânicos em cooperativas que produzem leite, milho, soja e arroz. O objetivo é captar até R$ 14,5 milhões para financiar a expansão da produção de sete cooperativas parceiras do movimento e que são voltadas à produção de alimentos orgânicos e de agricultura familiar.

O movimento social emitirá um CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), aberto ao público em geral, e com investimento inicial a partir de R$ 100. O prazo para resgate é de cinco anos e a remuneração é prefixada em 5,5% ao ano, já livre de Imposto de Renda (IR). Entenda abaixo onde encontrar o título, como investir, os riscos e se vale a pena investir.

Com título, MST não precisa recorrer a empréstimos

"Do ponto de vista de financiamento da produção é ótimo porque o MST vai pagar uma taxa prefixada de 5,5% ao ano. É uma excelente ideia, porque o custo de captação é muito mais baixo do que se eles fossem buscar isso no sistema financeiro, que seria mais caro", afirma André Roncaglia, professor de economia da Unifesp e pesquisador associado ao Cebrap.

Essa é a segunda vez que o MST recorre ao mercado de capitais. No ano passado, o movimento já havia ido ao mercado captar R$ 1 milhão, mas em uma oferta restrita para investidores qualificados, ou seja, com mais de R$ 1 milhão investido.

Agora é a primeira vez que o movimento recorre ao público amplo, sem restrição.

Vale a pena investir?

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, o CRA do MST pode, sim, estar presente na carteira de investimentos.

"Os CRAs, em geral, são investimentos muito interessantes, pois possuem isenção de Imposto de Renda. Seguindo essa linha, o CRA do MST apresenta além da isenção [de IR], a vantagem de se investir a partir de R$ 100, o que é um ponto importante para o pequeno investidor, que não dispõe de muitos recursos", afirma Francis Wagner, CEO do App Renda Fixa.

Para André Roncaglia, mesmo que uma nova alta da taxa básica de juros (Selic) já esteja no radar, em cinco anos ela poderá estar novamente em percentuais menores que os 5,5% propostos pelo MST.

"Do lado do investidor, a ideia é que [o CRA] pague uma taxa de juros que será provavelmente abaixo da Selic no futuro. Mas, quando as pressões localizadas no câmbio e nos setores de gasolina, eletricidade, etc, ceder, a Selic poderá cair novamente e quem estiver nesse ativo pode sair lucrando", afirma.

Além disso, o investidor também pode ajudar a financiar um produto focado em ESG (sigla em inglês para questões ambiental, social e governança), nova tendência dos investimentos.

"O investidor que optar por esse investimento estará ajudando a produção de alimentos orgânicos, o que vai ao encontro com as novas tendências de investimentos ESG", diz Wagner.

Apesar disso, um ponto importante é que, como todo CRA, o título do MST não tem proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Portanto, o investimento não é tão seguro quanto outros ativos de renda fixa, como CDBs, LCIs, LCAs e até mesmo a poupança.

O CRA do MST será emitido pela Gaia, comercializado aos investidores pela Terra Corretora e deverá estar disponível a partir do dia 26 de julho.

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