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Netflix, Disney, Amazon e HBO: na guerra dos streamings, em qual investir?

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/07/2021 04h00

Enquanto a Netflix perdeu 430 mil assinantes nos Estados Unidos e Canadá, os mercados mais lucrativos da empresa, a HBO Max, da concorrente AT&T, ganhou 2,40 milhões de assinantes em território norte-americano. Os números do segundo trimestre das plataformas de streaming revelam que a briga entre as empresas que atuam no ramo, incluindo Disney e Amazon, está ficando acirrada.

A audiência desses serviços explodiu ao longo da pandemia. Com os cinemas fechados, muitos filmes que seriam exibidos na telona estrearam direto nas plataformas. Agora, com o avanço da vacinação pelo mundo e flexibilizações, a demanda por streaming cresce em ritmo menor. Analistas ouvidos pelo UOL explicam como isso deve impactar as ações dessas empresas, e dizem qual das gigantes é melhor para o investidor. Veja abaixo.

Netflix ainda tem números bons

Ainda que tenha perdido mais de 400 mil usuários em seus principais mercados no segundo trimestre, a Netflix ganhou 1,5 milhão de assinaturas em todo o mundo no período, superando as expectativas de analistas.

"Acho que o ponto regional não foi um destaque negativo. Mais de 60% dos domicílios nos EUA e Canadá têm Netflix. É um mercado sensível a períodos em que as pessoas estão menos dispostas a assinar e usufruir do serviço", afirma Fernando Martin, analista da Levante.

O problema é que a região em que a Netflix perdeu assinantes é também onde ela mais fatura.

"A receita por usuário na região é acima de US$ 14, enquanto na América Latina e Ásia, onde a empresa conseguiu mais assinantes, é de menos de US$ 10", diz Guilherme Zanin, analista da Avenue Securities.

Com o dólar mais caro, se a empresa ajustar o preço das assinaturas, corre o risco de perder assinantes para as plataformas concorrentes. Aqui no Brasil, a Netflix já anunciou que o serviço vai ficar mais caro.

Ritmo de crescimento pode ser menor que o esperado

A empresa continua na liderança do segmento de streaming com 209 milhões de usuários, mas seu ritmo de crescimento tende a diminuir. Para o próximo trimestre, a Netflix espera alcançar 3,5 milhões de novos assinantes, número bastante inferior ao esperado por analistas, que projetavam mais de 5 milhões de usuários novos.

"O segundo semestre é visto como chave para recolocar a Netflix na rota de crescimento", diz Martin. É o período de estreia de novos conteúdos e temporadas de séries aclamadas.

Vale a pena investir na Netflix?

Aqui no Brasil, os investidores têm acesso aos BDRs da Netflix, que são os recibos das ações emitidos por bancos ou corretoras e "espelham" o papel negociado no exterior. Também é possível comprar as ações diretamente, abrindo conta em uma corretora nos Estados Unidos.

Zanin, da Avenue, diz que quem comprar algum papel da empresa não deve esperar por crescimentos vertiginosos.

"A gente acha que a empresa chegou num estado de maturidade e vai ter taxas de crescimento abaixo de 2%", afirma o analista.

Desde o ano passado, as ações da Netflix são negociadas acima de US$ 500 na Nasdaq, em Nova York. Na B3, os BDRs da empresa (NFLX34) têm oscilado na casa dos R$ 50 e R$ 60.

"A Netflix é a que mais sofre com o aumento da concorrência", diz Martin. É uma empresa "puro streaming", ao contrário de Disney e Amazon, que operam outros tipos de negócios.

Concorrentes são melhores?

O Amazon Prime, serviço de streaming da Amazon, responde a uma parcela muito pequena dos negócios da empresa de varejo. "É menos de 5% da receita", diz o analista da Avenue. Logo, é uma empresa menos exposta à guerra entre as plataformas.

"Isso deixa a Amazon blindada nessa guerra, não acho que a ação da empresa pode reagir mal ao aumento de concorrência do streaming", afirma Fernando Martin.

Segundo ele, o Amazon Prime é mais útil para a empresa pelo lado do varejo, já que a assinatura do serviço dá benefícios aos clientes da Amazon, como frete grátis em compras.

O BDR da Amazon opera na B3 com o códico AMZO34.

A Disney, por sua vez, tem a retaguarda dos negócios de mídia e dos parques temáticos. A empresa opera na B3 com o código DISB34.

De acordo com os analistas, ela sofre mais do que a Amazon na guerra dos streamings pois apostou alto no serviço Disney Plus em um momento no qual os parques tiveram que ser fechados, por conta da pandemia.

Em dezesseis meses, o streaming da Disney conquistou mais de 100 milhões de assinantes. Em termos de dados sobre quantidade de usuários da plataforma, a companhia é mais transparente do que a Amazon. Mas ainda é a Netflix que consegue dar mais informações detalhadas aos investidores.

"A Netflix é o estado da arte nesse sentido, pois apresenta dados e receita por região, o que a Disney ainda não consegue fazer. A Amazon só divulga comentários sobre quantos assinantes chegaram", afirma Martin.

A AT&T (ATTB34), que é dona da HBO, também é empresa de telefonia e portanto tem outros negócios que deixam a empresa menos vulnerável na guerra dos streamings. Mas a Netflix também fala em diversificação e pretende entrar no segmento de games em breve.

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