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Poupança: quanto rendem R$ 1.000 por ano após nova alta dos juros

Veja como ficam os rendimentos de poupança, Tesouro Selic e fundos DI após o Banco Central elevar pela quinta vez este ano a taxa básica de juros Selic - IltonRogerio/iStock
Veja como ficam os rendimentos de poupança, Tesouro Selic e fundos DI após o Banco Central elevar pela quinta vez este ano a taxa básica de juros Selic Imagem: IltonRogerio/iStock

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

22/09/2021 18h39

O Banco Central voltou a elevar os juros nesta quarta-feira (22), subindo a taxa básica pela quinta vez em 2021. Dessa vez, de 5,25% para 6,25% ao ano. A decisão muda também uma das principais referências para alguns dos mais populares investimentos de renda fixa, que vão dar um ganho maior aos investidores.

Com uma Selic a 6,25% ao ano, investidores que têm dinheiro aplicado em poupança, Tesouro Selic e fundos DI, por exemplo, terão um rendimento maior a cada mês, recuperando parte do poder de compra que a inflação está corroendo, segundo profissionais de mercado. Veja abaixo quanto rendem agora R$ 1.000,00 aplicados por um ano na poupança, no Tesouro Selic e em fundos DI.

Ganho real e nominal

O investidor precisa lembrar que o retorno real dele, aquele que fica acima da inflação, ainda está negativo, destacam profissionais de mercado. Isso acontece quando os preços da economia sobem mais rapidamente que a taxa do rendimento das aplicações.

Se a inflação está em 9,68% atualmente —considerando o período de 12 meses encerrados em agosto—, isso quer dizer que R$ 1.000,00 hoje perderam 9,68% do poder de compra que tinham 12 meses atrás. Ou seja, os R$ 1.000,00 de um ano atrás valem hoje cerca de R$ 903,20.

Portanto, se alguém aplicou R$ 1.000,00 um ano atrás, ele só terá ganho real se o rendimento da aplicação entregar mais do que a inflação comeu — e isso não está acontecendo.

Compare os rendimentos de alguns investimentos.

Rendimento nominal

Com a nova Selic, de 6,25% ao ano, o rendimento líquido para R$ 1.000 aplicados por um ano, já descontado o Imposto de Renda, ficaria assim:

  • Poupança: R$ 43,80 (não paga IR)
  • Tesouro Selic: R$ 51,57 (considerando alíquota de 17,50%)
  • Fundos DI: R$ 51,30 (considerando IR e taxa de administração de 0,5%)

Quanto a pessoa vai ter na conta após a aplicação

Considerando então essas simulações, veja quanto a pessoa vai ter na conta se ela aplicar R$ 1.000,00 por 12 meses. E compare com o valor que seria se a Selic não tivesse subido.

  • Poupança: R$ 1.043,80 (antes da alta dos juros seriam R$ 1.036,80)
  • Tesouro Selic: R$ 1.051,57 (antes da alta dos juros seriam R$ 1.043,21)
  • Fundos DI: R$ 1.051,30 (antes da alta dos juros seriam R$ 1.043,10)

Perda real

Mas considerando uma inflação de 9,68% em 12 meses, os três investimentos simulados aqui ainda perderiam para a inflação.

Nessa conta abaixo, veja as perdas, calculadas a partir do rendimento nominal descontada uma inflação de 9,68%, para efeito de cálculo.

Para cada R$ 1.000 aplicados, o capital do aplicador teria estas perdas, considerando a parte que a inflação corrói.

  • Poupança: R$ 53,00
  • Tesouro Selic: R$ 45,23
  • Fundos DI: R$ 45,50

Inflação também subiu

Essa perda real vem se acentuando porque a inflação tem subido mais que os juros básicos.

Enquanto a Selic passou de 2% para 6,25% ao ano, a inflação que começou o ano em 4,52%, atingiu 6,10% no fim do primeiro trimestre, depois foi a 8,35% ao fim do segundo trimestre, e agora está perto de 10%.

Para o economista e chefe de renda variável da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, o cenário de aumento da Selic ajuda a tornar a renda fixa mais atraente, mas a renda variável continua mais vantajosa em aplicações de longo prazo.

Temos que levar em conta o juro real que, por conta da inflação, ainda está próximo de zero. Nesse cenário, a renda variável ainda é mais atrativa.
Gustavo Bertotti, Messem Investimentos

Cenário para restante do ano

Profissionais de mercado trabalham com cenários em que a inflação deve seguir pressionada por causa dos aumentos dos preços de energia elétrica, dos combustíveis e dos alimentos.

A reabertura das atividades econômicas, com o fim da restrição à circulação de pessoas, também deve abrir espaço para reajustes de preços no setor de serviços, como bares, restaurantes e salões de beleza.

Até por isso, economistas reforçaram ao longo desse mês apostas na manutenção da alta dos juros nos próximos encontros do Copom.

As projeções apuradas no Boletim Focus, por meio do qual o Banco Central colhe estimativas de mais de cem instituições financeiras e consultorias, apontam para uma Selic de 8,25% ao fim deste ano e 8,50% no começo de 2022.

A inflação só deve cair no primeiro trimestre do ano que vem, e depende da desaceleração dos preços industrias e da bandeira tarifária, além dos [preços dos] serviços.
Felipe Sichel, estrategista chefe do Modalmais

Antes esperava-se que o pico da inflação seria no fim do primeiro semestre deste ano, depois mais para o terceiro trimestre, e agora já esperamos apenas para o fim do ano. E mesmo desacelerando, a inflação vai seguir rodando acima de 5% no acumulado em 12 meses até agosto do ano que vem.
Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco

Novo cálculo da poupança

Lembrando que caso a Selic supere a taxa de 8,50% ao ano muda a regra de cálculo da poupança. Em vez de ser equivalente a 70% da Selic, o rendimento será fixo, de 0,5% ao mês, conforme mostramos aqui.

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