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Veja que empresas pagaram mais dividendos e como investir em ações do tipo

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/12/2021 04h00

Mesmo com os problemas na economia, algumas empresas distribuíram dividendos substanciais aos seus acionistas em 2021. Segundo a consultoria Economatica, o valor total até setembro deste ano foi de R$ 212,46 bilhões, 68% a mais que em em 2020 (R$ 126,46 bilhões) —primeiro ano da pandemia, quando houve uma queda de 29,3% em relação ano ao anterior.

Veja a seguir quais foram as dez empresas que mais pagaram dividendos a quem tem ações delas na Bolsa e como você pode escolher empresas que dão esse tipo de renda passiva regularmente.

Maiores pagadoras de dividendos em 2021 (até setembro)

A líder é a Vale, que em nove meses distribuiu R$ 73 bilhões, seguida pela Petrobras, com R$ 31 bilhões. "Só as duas acumulam R$ 104,6 bilhões, valor muito próximo ao distribuído no ano de 2020 por todas as empresas da Bolsa", disse Einar Rivero, gerente de Relacionamento Institucional da Economatica.

  1. Vale (VALE3): R$ 73,16 bilhões
  2. Petrobras (PETR3 e PETR4): R$ 31,57 bilhões
  3. Bradesco (BBDC3 e BBDC4): R$ 9,32 bilhões
  4. Santander BR (SANB11): R$ 7,01 bilhões
  5. Itaú Unibanco (ITUB4): R$ 5,90 bilhões
  6. Banco do Brasil (BBAS3): R$ 5,50 bilhões
  7. JBS (JBSS3): R$ 5,04 bilhões
  8. B3 (B3SA3): R$ 4,62 bilhões
  9. Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3): R$ 3,61 bilhões
  10. Rede D'Or (RDOR3): R$ 3,30 bilhões

Fonte: Economatica

Quanto ganhou cada investidor

Simulação feita por Guilherme Tiglia, sócio da Nord Research, a pedido do UOL mostra que os acionistas que compraram R$ 1.000 de cada um dos dez papéis da lista receberam dividendos de R$ 1.650,30 no total. Considerando a valorizaçao das ações, o retorno total foi de R$ 2.052,80 (fechamento de 10/12).

Hugo Baião Baeta, analista de investimentos da AF Invest, avalia que o desempenho das commodities no ano é responsável, em parte, pelo volume distribuído entre os acionistas de algumas empresas. "O que foi pago neste ano foi bem maior do que a média dos últimos cinco anos. Além das commodities, o dólar também se valorizou, o que refletiu no resultado operacional dessas companhias."

O investidor deve sempre avaliar o volume do lucro distribuído por uma empresa na hora de escolher que ações comprar.

"Os dividendos podem ser um critério para escolher as ações nas quais se pretende investir. Uma empresa que tem fluxo regular de dividendo, por premissa básica, gera caixa, tem uma visão de remuneração para acionista, é mais saudável na parte financeira e conta com uma governança bem estabelecida", afirmou Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.

O especialista diz, no entanto, que o dividendo é uma "espécie de faca de dois gumes". "Isso porque as empresas com potencial grande de crescimento distribuem o mínimo para continuar com fôlego financeiro e reinvestir no negócio, que dará no futuro um retorno maior para o acionista. Já empresas estabelecidas, em mercados maduros, sem a necessidade grande de desembolso, têm previsibilidade para uma distribuição mais regular, como no caso de companhias do setor de energia, concessões públicas, saneamento, infraestrutura", explicou Brito.

Normalmente, segundo ele, essas empresas boas pagadoras de dividendos são apontadas como uma espécie de "renda fixa" na Bolsa, pois apresentam uma receita previsível, sem tanta oscilação.

Estude a política de dividendos antes de investir

Baeta, da AF Invest, recomenda aos investidores que, antes de comprar uma ação, procurem informações sobre a política de remuneração do acionista: quanto paga e qual é a frequência de dividendos. A política de dividendos deve constar das informações da área de relações com investidores (RI).

Depois, diz o analista, é preciso olhar para empresas pertencentes a setores menos instáveis (como energia elétrica, saneamento, concessão, bancos, seguradoras, telefonia), que costumam apresentar resultados que não oscilam muito.

"Se a política de dividendos é fixa e o resultado não oscila tanto, o investidor vai poder contar com um pagamento médio e constante", afirmou.

Bom fluxo de caixa e endividamento adequado

Na avaliação de Tiglia, da Nord Research, além do histórico de dividendos de uma companhia, o investidor deve saber se ela é capaz de gerar fluxos de caixas recorrentemente acima da necessidade de reinvestimento no negócio. "Dessa forma há bastante espaço para o pagamento de dividendos de forma saudável, isto é, que não prejudicará a saúde financeira da empresa."

Ainda segundo Tiglia, é importante avaliar também se o endividamento da empresa é condizente com o risco operacional e com a previsibilidade do fluxo de caixa e se o "payout" (a relação entre proventos distribuídos e lucro líquido) é estruturalmente menor que 100%.

"Se for maior, a companhia não conseguirá manter a distribuição de dividendos nos mesmos níveis no longo prazo. Entendendo essas questões, é possível ter uma ideia se os dividendos que a empresa paga são sustentáveis no futuro", disse.

Para 2022, alguns especialistas já esperam que o comportamento deste ano se repita.

Relatório da XP assinado por André Vidal, head de óleo, gás e materiais básicos, e Thales Carmo, analista de mineração, siderurgia, papel e celulose, aponta que, para 2022, "mesmo que a curva de preços do minério de ferro seja mais conservadora, há potencial de valorização em termos de valuation (processo de estimar o valor real de uma empresa), além do pagamento de dividendos robustos e recompras de ações para as mineradoras brasileiras".

Por isso, a recomendação eles é de compra dos papéis da Vale, prioritariamente, e da CSN Mineração.

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