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Pague Menos tem ok para comprar Extrafarma; ações de farmácias são boas?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/06/2022 15h29

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem a venda da rede de farmácias Extrafarma, que pertencia à Ultrapar (UGPA3) para a Pague Menos (PGMN3) por R$ 700 milhões. Mesmo com a restrição imposta pelo órgão regulador da venda de lojas em oito cidades, o negócio deve azeitar as vendas da Pague Menos e consequentemente, as ações poderão subir. A Ativa Investimentos, por exemplo, calcula uma valorização de 182% em 12 meses.

A aquisição vai aumentar em mais de um terço o número de lojas da Pague Menos, que tem como principal acionista a gestora de "private equity" General Atlantic. Serão cerca de 1.500 lojas e haverá um reforço da presença da rede no Norte e Nordeste do Brasil, apesar da venda de lojas imposta pelo Cade.

No jogo de farmácias, quanto maior a rede, melhor. Além disso, o setor está aquecido e as farmácias viram cada vez mais um centro de saúde. Mas, com tantas concorrentes, qual é a melhor ação para investir? Veja análise abaixo.

"A aquisição da ExtraFarma, o foco na classe média expandida (que tem maior potencial de consumo) e o crescimento do digital são avenidas de crescimento para a empresa", publicou a Ativa Investimentos, sobre a rede de farmácias.

O preço alvo da ação, segundo a Ativa, pode passar dos atuais R$ 4,71 para R$ 13,30 em 12 meses. Hoje, porém, a ação estava sendo negociada em queda de 1,26 (por volta das 14h), cotada a R$ 4,71.

Mas é uma boa comprar ação de farmácia?

O analista da Mirae Asset, Vicence Koki, acredita que vale a pena investir no setor e que Pague Menos, com a efetivação da aquisição, se torna uma boa opção. "As margens de lucro nesse setor são muito apertadas. Então, o ganho vem do volume. Quanto maior a quantidade de lojas espalhadas por aí, melhor", afirma ele.

Outra coisa que atrai o investidor é que mesmo em época de vacas magras, como a que estamos passando agora, o varejo farmácia persiste lucrativo por dois motivos: os preços são corrigidos pela inflação e, geralmente, os consumidores não deixam de comprar quando precisam do medicamento.

"Além disso, com a pandemia de coronavírus, aumentou a preocupação das pessoas com saúde. As redes estão vendendo, por exemplo, mas vitaminas", diz Koki.

Além disso, as redes investem na diversificação do negócio. "As lojas também estão virando uma espécie de conveniência, saindo da venda exclusiva de medicamentos. Já comprei pilha e salgadinho em uma farmácia", diz William Teixeira, analista da Messem.

E qual ação é a vencedora?

Na Bolsa de Valores de São Paulo, as empresas desse setor são a Raia Drogasil (RADL3), a mais antiga, e as novatas Panvel (PNVL3) e Pague Menos, que estrearam em 2020.

A Panvel, lembra Teixeira, tem focado em ser um "hub" de saúde. "Eles fazem vacinas e exames de sangue, por exemplo, em algumas unidades", diz o analista. Mesmo com perdas de 23% no acumulado dos últimos 12 meses, para o banco Safra, ela é uma boa opção de compra, pois a Panvel teve um crescimento de receita de 19% no primeiro trimestre (4% acima da estimativa do banco) na comparação com o mesmo período de 2021.

A Raia Drogasil também encolheu em 12 meses, com baixa de 14,45%. Mas, segundo o Safra, as expectativas são boas para a ação daqui para frente. A empresa líder no mercado brasileiro de farmácias deve se beneficiar do reajuste de preços de 11% feito em abril. "O aumento deve compensar a pressão inflacionária já no segundo trimestre e apoiar a recuperação das margens ao longo do ano", publicou o banco, em documento para acionistas.

E a Pague Menos?

Assim como as concorrentes, ela também teve um resultado negativo acumulado no último ano, de 49,24%. Mas as perspectivas são boas, segundo a Ativa.

A empresa lembra que a Pague Menos é a maior rede de farmácias do Norte e Nordeste do Brasil e, em 2016, com o ingresso da General Atlantic, ela aprimorou suas práticas de governança corporativa.

"Nos últimos anos temos visto a Raia Drogasil ganhando participação de mercado nas regiões Norte e Nordeste. Por isso, o crescimento orgânico da Pague Menos no interior dessas regiões e a aquisição da ExtraFarma devem ajudar a aumentar a consolidação da companhia nessas praças de atuação, ajudando a frear a expansão da sua concorrente", publicou a Ativa.

E quais são os riscos?

Um dos maiores riscos agora é a falta de medicamentos. Esta semana, um levantamento do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo revelou que 98,5% dos profissionais farmacêuticos apontaram falta de medicamentos nas redes privada e pública de farmácias e estabelecimentos de saúde do estado.

"A logística mundial está muito bagunçada e o Brasil importa quase todos os princípios ativos dos remédios que produz", diz Koki , da Mirae.

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