Estes FIIs investem em setor gigante e são novidade. Vale comprar?
Nos últimos anos, os fundos imobiliários (FIIs) cresceram e se consolidaram como uma interessante alternativa na renda variável. Uma outra opção similar são os fundos imobiliários do agronegócio.
A grande diferença é que os recursos dos investidores não são destinados a imóveis de locais como shoppings, escritórios, galpões logísticos, hospitais e escolas, como nos FIIs tradicionais. O dinheiro vai para imóveis rurais ou atividades ligadas à cadeia produtiva, como a produção de soja, milho, algodão ou trigo. Esse tipo de investimento tem oportunidades e está crescendo. Veja como investir e quais cuidados tomar.
Como funciona? De forma simples, os fundos focados no agro trabalham com a oferta de crédito por meio de ferramentas como CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), em que o investidor compra um título e, por meio de uma instituição financeira, fornece o dinheiro ao produtor, para ajudar a financiar o desenvolvimento de seu negócio. Uma outra forma de obter lucro a partir da produção no campo são os fundos que apostam na compra e valorização das terras agrícolas.
Qual o tamanho do mercado? Em 2021, o agronegócio foi responsável por 27,4% do PIB brasileiro, segundo levantamento da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) em parceria com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
No período, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), indicador que mede todo o faturamento nas propriedades rurais, totalizou R$ 1,129 trilhão, alta de 10,1% sobre o ano anterior. Em 2022, a CNA estima que o VBP poderá ser ainda maior e alcançar R$ 1,4 trilhão.
É novidade? O sócio e analista da plataforma de investimentos Monett, Felipe Paletta, diz que vale a pena investir em Fiagros por conta da representatividade do setor. "No mercado de capitais, os produtores sempre estiveram restritos ao capital público. Agora, o agro passa a ver essa oportunidade, ainda mais porque os investidores estão mais maduros para este tipo de produto", afirma.
Atualmente, há 1,7 milhão de investidores expostos em fundos imobiliários, oito vezes mais que em 2018, quando o setor reunia 208 mil investidores. Até maio, havia 436 FIIs listados na B3. Para se ter ideia, em dezembro de 2018 eram apenas 190 fundos.
Entretanto, os fundos imobiliários segmentados do setor agrícola estão apenas dando os primeiros passos no mercado acionário. Hoje, são 22 Fiagros na Bolsa, o que exige cautela dos investidores, já que todo mercado recém-criado precisa amadurecer.
Em junho, os FIIs registraram R$ 4,5 bilhões em volume de negócios na Bolsa. Por sua vez, os fundos atrelados ao agro tiveram R$ 189,6 milhões.
Vale a pena investir? Para o consultor e superintendente da área de projetos da Fipecafi, Gabriel Emir Moreira e Silva, vale apostar no agro como forma de diversificação da carteira. Para ele, ter investimentos ligados ao agro significa investir no setor que vem gerando um dos maiores superávits cambiais e de balança comercial da história econômica do Brasil nos últimos 20 anos, com amplas perspectivas para continuar crescendo.
E, assim como os fundos imobiliários tradicionais, os rendimentos recebidos pelos cotistas dos fundos agro são isentos do pagamento de Imposto de Renda. Mas isso acontece desde que o cotista beneficiado tenha uma fatia menor que 10% das cotas. Por outro lado, em caso de lucro, as cotas são tributadas como ganho de capital em 20% no momento da venda.
Quais são os fundos mais negociados? Desde janeiro, os 5 fundos mais negociados na B3 são:
- Riza Agro (RZAG11) - Banco Genial
- XP Crédito Agrícola (XPCA11) - XP Investimentos
- Kinea Crédito Agro (KNCA11) - Kinea, do Itaú
- Valora (VGIA11) - Valora Gestão
- FG/Agro (FGAA11) - FG/Agro
Quanto posso ganhar? Em 12 meses, o pagamento de dividendos do fundo RZAG11, ou seja, a sua distribuição de lucro, ficou em 8,38% do total apurado pelo fundo. No mesmo período, o XPCA11 teve uma distribuição de lucro de 8,85%, No caso do KNCA11, o pagamento de dividendos foi de 7,29%.
E quais os riscos? Segundo os analistas, além da distribuição de dividendos e valorização das propriedades, os investidores devem observar quem é o gestor do fundo e seu histórico de performance.
Também é preciso estar atento que, em tempos de baixa no preço das commodities ou quebras de safra, o produtor tem a sua capacidade de honrar compromissos reduzida, o que pode resultar em aumento da inadimplência.
"Muitas gestoras ainda estão construindo seus portfólios", afirma Paletta, da Monett. Segundo ela, a concentração das terras rurais e os processos envolvendo o campo podem trazer instabilidade, então é preciso ter cuidado.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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