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Construtoras apanham dos juros, mas uma pode render 800%

Balanços de construtoras mostram as empresas com maior dificuldade para vender apartamentos - ilkercelik/iStock
Balanços de construtoras mostram as empresas com maior dificuldade para vender apartamentos Imagem: ilkercelik/iStock

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/07/2022 15h09Atualizada em 20/07/2022 13h13

A temporada de dados operacionais de construtoras brasileiras já começou. Os dados mostram as empresas com maior dificuldade para vender apartamentos. Com os juros mais altos, fica difícil convencer o cliente a comprar. E a maioria das construtoras aumentou o preço dos imóveis.

Mas, entre sete construtoras analisadas por bancos e casas especializadas, só duas estão com recomendação de não comprar, nem vender. Cinco são uma boa compra, com esperança de rendimentos no longo prazo. Uma delas, porém, chama a atenção: pode apresentar, em um ano, rendimentos de 843% em suas ações.

São os ativos da Tenda. O BTG calcula que eles podem pular de R$ 4 para R$ 40 em 12 meses. Os riscos de investimento são o alto a sensibilidade à inflação e juros e a dependência do governo nos setores de baixa renda.

Confira os resultados prévios de sete construtoras:

Tenda (TEND3)

O destaque foi o aumento do preço por unidade vendida. "O preço médio de lançamentos aumentou 14% entre os mesmos trimestres de 2021 e 2022 e subiu 33% ano a ano para R$ 201 mil por unidade", publicou o banco BTG em relatório para investidores.

Os lançamentos totalizaram R$ 769 milhões, 22% a menos que no ano passado. "A perspectiva de curto prazo é desafiadora pois as margens devem continuar pressionadas (até que os projetos gerem mais fluxo)", publicou o BTG.

Mesmo assim, o banco recomenda compra com preço alvo de R$ 40 para 12 meses. É um salto bem grande — de 843% — porque hoje (19) as ações estão custando cerca de R$ 4,24. A XP fixou preço alvo em R$ 28 por ação. O Credit Suisse é mais conservador, com recomendação neutra e preço de R$ 6.

Trisul (TRIS3)

A construtora teve uma desaceleração em comparação a 2021. O Itaú BBA destaca que a empresa retomou os lançamentos, mas a velocidade de vendas continuou baixa. Os lançamentos geraram um valor geral de vendas (VGV) de R$ 383 milhões no segundo trimestre, queda de 7% ano a ano.

A Eleven ressaltou que a companhia não realizou nenhum lançamento no segundo trimestre. A recomendação é não comprar, nem vender. A Eleven estima preço alvo de R$ 6. Hoje, a ação estava sendo negociada por volta das 12h a R$ 3,40.

Cyrela (CYRE3)

Para o Itaú BBA, a Cyrela tem uma vantagem: ela é focada no mercado "premium" (que sente menos a inflação e os juros). Isso deve gerar ganhos de rentabilidade no longo prazo. A companhia, diz o banco, é uma boa oportunidade de médio prazo. O preço alvo de R$ 28. Em relação ao valor de hoje (R$ 12,08), é uma alta de 31,79% em 12 meses.

MRV Engenharia (MRVE3)

Na principal unidade de negócio da empresa, a baixa renda, a MRV aumentou de preço tanto das unidades lançadas em até 30% na comparação anual. Parte dos lançamentos do trimestre se concentraram no mês de junho por conta de mudanças anunciadas recentemente no programa do governo federal Casa Verde Amarela. Anteriormente, o governo federal era o responsável pela inscrição no programa. Agora, as prefeituras municipais devem cadastrar os beneficiados.

Isso gerou para a MRV uma retração de vendas de 11,6% na comparação com o segundo trimestre de 2021. "Portanto, esperamos um aumento do volume de lançamentos no segundo semestre", publicou a Eleven, em documento para investidores. A recomendação é de compra, com preço alvo de R$ 20 - ganho de 119% em 12 meses na comparação com o valor atual da ação: R$ 9,10.

Plano & Plano (PLPL3)

A Plano & Plano atua com imóveis para baixa renda e mesmo assim teve recorde de vendas no segundo trimestre: R$ 380 milhões, uma alta de 2,1% em relação a janeiro, fevereiro e março e de 5,1% na comparação o segundo trimestre do ano passado.

Diferentemente de suas concorrentes, que aumentaram o preço médio das unidades lançadas e vendidas em torno de 20% (ano a no), a Plano & Plano foi mais modesta. Fez um reajuste de 7%, abaixo da inflação do período. Isso deve se traduzir em uma queda na margem bruta nos próximos trimestres, segundo a Eleven, que manteve a recomendação de compra com preço alvo de R$ 50 — um ganho de 122% em relação ao preço desta terça-feira (19), de aproximadamente R$ 2,25.

EZTec (EZTC3)

A companhia teve resultados prévios fracos, com R$ 414 milhões de valor geral de venda (VGV) de lançamentos. A empresa vendeu 9% daquilo que ofertou (vendas sobre oferta), o que para a casa de análises Eleven está em linha com a média de mercado. Por isso, a empresa mantém a recomendação de compra para a ação, com preço alvo de R$ 30. É quase o dobro do preço atual. O ativo valia hoje (19) R$ 15,09.

Gafisa (GFSA3)

As vendas líquidas do segundo trimestre da Gafisa foram de R$ 203,4 milhões, 13% acima do valor alcançado há um ano.O estoque total está em alta, somando R$ 2 bilhões e, segundo o Bradesco BBI, ainda não é uma preocupação, mas vale ficar de olho. O BBI mantém classificação neutra para o papel, com preço alvo de R$ 3. Hoje (19), a ação estava custando R$ 1,17.

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