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Carro usado é investimento? E imóvel próprio? Vale a pena?

Quer fazer investimentos? Veja se comprar carro ou um imóvel pode se opção de aplicação do seu dinheiro - Getty Images/iStockphoto
Quer fazer investimentos? Veja se comprar carro ou um imóvel pode se opção de aplicação do seu dinheiro Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gabriela Bulhões

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/08/2022 11h00

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Na prática, investir significa aplicar um valor hoje para que no futuro se transforme em mais dinheiro. Além disso, investimento é o que traz renda e não despesas. Agora, algo comum na mentalidade brasileira é carro e imóvel podem ser investimentos. Isso é verdade? Quanto posso ganhar com um carro ou imóvel?

Antes de qualquer decisão de compra, é preciso pensar com calma e fazer as contas. Colocando na balança os custos e até a própria alta da Selic, será que dá para considerar a compra desses bens como investimento?

Carro é investimento? Não. Um carro zero perde valor assim que for usado. Depois de uns anos, se o dono resolver vender, o veículo sairá por um preço menor do que foi pago. A desvalorização pode chegar a até 30%, dependendo do modelo.

Nessa conta, também precisam entrar gastos como impostos e manutenção. Inclusive, usar o carro com frequência pode desvalorizá-lo mais rápido. Ou seja, ter um carro não é um investimento que vai trazer retornos financeiros, mas não quer dizer que não facilitará a sua rotina.

Além disso, o momento atual é curioso pela alta valorização dos veículos seminovos. A pandemia e o fechamento de montadoras do Brasil contribuíram para isso. Portanto, comprar e revender um carro pode configurar um investimento pela possibilidade de ganhar dinheiro em cima. Mas não é uma regra, principalmente com a atividade econômica se estabilizando, diz a economista Ana Alves, educadora financeira, podcaster do Educação Financeira para a Vida (EFV) e integrante do The Economy of Francesco, movimento global de jovens economistas.

Os carros aumentaram de preço no último ano, e agora? Embora o mais comum seja que o preço do carro zero desvalorize com o uso, no último ano aconteceu justamente o oposto. Um estudo realizado pelo Mobiauto comparou os 40 veículos zero km mais vendidos no Brasil no primeiro semestre de 2021 com seu preço de usado no segundo semestre de 2022. Nisso, foi constatado que os carros tiveram um aumento médio no preço de 7,13%, sendo que a maior valorização chegou a 20,77%.

Mesmo assim, esse é um movimento atípico e carro continua não sendo considerado investimento, diz a economista. Esse aumento não é uma regra, principalmente com a atividade econômica se estabilizando, diz.

Imóvel é investimento? Sim, em uma condição. Adquirir um imóvel pensando em renda extra com aluguel ou ganho sobre o valor investido é considerado um investimento pelo potencial de valorização ao longo dos anos.

Diferente do que seria no caso de comprar para moradia própria, segundo a economista. Nesse caso, a pessoa não está tendo retorno financeiro e sim até mais custos enquanto se mora nele, como condomínio e IPTU. Por isso que a casa própria não é considerada um investimento. Além disso, mesmo com a valorização do imóvel, dificilmente o valor da venda do imóvel supera os gastos tidos durante esses anos e é ainda mais difícil que acompanhe a inflação.

Então, os critérios para a decisão da compra mudam. Para quem compra pensando em morar, o imóvel é uma necessidade, já para quem quer investir, é um ativo financeiro para proporcionar mais rentabilidade.

Mas não é tão simples assim. A valorização de um imóvel depende de alguns fatores, estrutura e localização, por exemplo. Isso influencia no mercado imobiliário e no retorno financeiro, sendo um investimento de baixa liquidez.

Quais os riscos de investir em imóveis? A resposta está na finalidade e no cuidado do patrimônio, que inclui gastos para manter o imóvel. Se o cenário macroeconômico for ruim, há chance de acabar vendendo por um preço menor do que na hora da compra, podendo ter dificuldade na venda e precisar congelar o valor por um tempo. A parte boa é que os reajustes dos imóveis são sempre maiores que a inflação, diz Ana.

Quanto posso ganhar de aluguel? O valor médio de um apartamento de 60m² com dois quartos, no bairro Cerqueira César, no centro de São Paulo, é de R$ 902,5 mil. O aluguel médio é de R$ 3.200 ao mês, de acordo com a tabela Fipe Zap. Por ano, o ganho com aluguel seria de R$ 38.000. De maneira geral, o rendimento médio com aluguel de um imóvel de dois quartos no centro de São Paulo é de 7,93% do valor do imóvel.

E quanto posso ganhar com a venda do imóvel? Já no caso da venda, a variação no preço dos imóveis foi de 2,23% nos últimos 12 meses. O mesmo apartamento teria uma variação de R$ 20.125,75, chegando a R$ 922.625,75. Essa variação é menor até que a inflação, chegou a 10,07% nos últimos 12 meses até julho. Ou seja, o ganho com aluguel é muito maior que o ganho com a valorização.

Melhor que a poupança? O rendimento da poupança dos últimos 12 meses foi de 6,17%, segundo o Banco Central. Se, em vez de comprar o imóvel por R$ 902.500, você aplicasse esse valor na poupança, o capital seria de R$ 958.184,25.

O planejador financeiro do ABC da Economia Bruno De Conti diz que a poupança neste momento vale mais a pena, levando em conta o índice médio. Porém, historicamente, não costuma ser a melhor opção para investir.

E os fundos imobiliários, são uma opção melhor? É quando há uma junção de recursos destinados à aplicação em empreendimentos imobiliários, se transformando em cotas para investir, que representam as parcelas do seu patrimônio.

Estamos em um momento aquecido do mercado imobiliário no Brasil, sendo uma boa oportunidade para começar a investir no setor, diz o planejador financeiro. Dá para investir nesses fundos mesmo com pouco dinheiro disponível - o que não é o caso na hora de comprar um imóvel. Ele diz que é um ativo relacionado com a Selic, se a taxa sobe, as cotas dos fundos caem e vice-versa.

No último ano, a valorização em média de um fundo imobiliário foi de 0,3%, incluindo os dividendos reinvestidos. Sendo assim, todo mês vai render um pouco, mas é preciso ter paciência. Se o fundo administra mais de um imóvel e vários inquilinos, isso ajuda a minimizar riscos desse tipo de investimento, afirma De Conti.

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