LCI e LCA não pagam IR e rendem mais que a poupança; vale investir?

Sucesso na carteira dos investidores, a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) se tornaram as queridinhas por serem investimentos em renda fixa isentos de Imposto de Renda (IR). Um ponto positivo é que costumam garantir retornos superiores ao da caderneta de poupança e são investimentos que não exigem que a pessoa seja um expert no assunto.

Mas com tantas opções de investimentos e o cenário econômico do país passando por algumas instabilidades, será que vale a pena investir em LCI e LCA? É o que vamos descobrir.

O que é? As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) são títulos de renda fixa, com o objetivo de captar recursos para esses dois setores. São emitidos por bancos e corretoras de investimentos para financiar a operação de insumos agropecuários e contratos imobiliários.

Quando você empresta seu dinheiro ao banco, ele vai remunerar com juros, a diferença é que, provavelmente, a instituição já tenha emprestado esse dinheiro para investimentos com base imobiliária (LCI) ou do agronegócio (LCA).

Esses investimentos permitem que o investidor, no ato da contratação, saiba o quanto o seu dinheiro vai render (prefixado) ou escolha entre opções que acompanham índices do mercado, normalmente o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), pontua a economista e professora da Fundação Assis Gurgacz (FAG), Cássia Girotto.

Afinal, qual a diferença? Pensando como investidor, não há diferença entre investir em LCI ou LCA. O que muda é o lastro do papel. A primeira é lastreada na carteira de empréstimos relacionados ao setor imobiliário, mantida pelas instituições emissoras, como bancos e corretoras. Já a segunda é usada para captar recursos para os participantes da cadeia do agronegócio, através de empréstimos concedidos a produtores rurais ou cooperativas.

Como posso investir? Como estão disponíveis em bancos e corretoras de investimentos habilitados, são as instituições que definem aspectos como o valor mínimo de aplicação e a taxa de rendimento. Para aplicar, é preciso que o CPF esteja em situação regular, uma conta e o valor disponível.

As LCIs e LCAs ficam listadas no home broker do banco com outras opções de investimentos em renda fixa. Nos títulos com prazo de vencimento, ao final do período, o valor retorna à conta, com os juros inclusos. No caso dos ativos com liquidez diária, o resgate é feito de forma manual, ou seja, quando a pessoa quiser, basta seguir a carência imposta por lei.

Para que seja uma boa jogada, os ativos precisam ir de encontro com os objetivos de cada investidor. Por possuir uma rentabilidade previsível, o investidor deve escolher de acordo com seus objetivos pessoais, como seu perfil, prazo, liquidez e juros, afirma Bruno Lopes, sócio e assessor da Renova Invest.

Se já não pago IR, devo me preocupar com outras taxas? Umas das características mais chamativas da LCI e LCA é a isenção de IR para pessoas físicas. O benefício fiscal do governo é um incentivo para investimentos em setores estratégicos do país. Lopes chama atenção que são títulos que não possuem outras taxas, como administração, taxa de entrada ou de saída.

Qual é o rendimento? LCI e LCA seguem três padrões de correção:

• Prefixado: com a taxa de juro fixa, definida na aplicação, permitindo ao investidor saber o quanto vai receber no vencimento;
• Pós-fixado: com rendimento atrelado a algum índice econômico, como Selic, DI ou IPCA, com variação ao longo do tempo;
• Híbrido: une a taxa prefixada com um índice econômico para compensar a variação da taxa pós-fixada.

A plataforma Yubb, de comparação de investimentos, calculou uma média com base em 290 investimentos. A taxa de rendimento média do LCA prefixado para resgate daqui um ano é de 11,54% ao ano. Isso quer dizer que numa aplicação de R$ 5.000,00, terá um rendimento de R$ 577,00. Já a taxa de rendimento do LCI prefixado para resgate daqui um ano é de 11,30% ao ano, o que para uma aplicação de R$5.000 significa um rendimento de R$ 565.

A taxa média de retorno para o investimento pós-fixado, conforme a Yubb, é de 11,09% ao ano para o LCA e de 11,57% ao ano para o LCI, ambos indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Porém, como o CDI é um indicador que muda frequentemente, esse rendimento também pode mudar.

A média dos rendimentos foi calculada no dia 12 de agosto conforme os investimentos disponíveis na Yubb.

Vale mais que a poupança? Sim. Comparando os dois rendimentos com a poupança, que possui as mesmas características e uma taxa estimada pelo Banco Central em torno de 7,83% ao ano, a aplicação em LCA e LCI fica bem mais atrativa.

E o aporte mínimo? O aporte mínimo depende do banco ou corretora em que seja feita a compra do seu título. De acordo com Lopes, é comum que os valores mínimos estejam entre R$ 1.000 e R$ 30 mil.

Ao realizar investimentos nesses ativos, é preciso verificar a relação entre o risco e o retorno, além do tempo que o dinheiro ficará retido, pois só ficará disponível novamente após o prazo do vencimento.

Quando posso resgatar o dinheiro? Isso vai de acordo com o vencimento e liquidez de cada título. Por lei, LCI e LCA possuem carência de 90 dias. O investidor deve respeitar o prazo definido, pois caso precisar sair antes do vencimento, pode ter perdas com a saída antecipada e a venda do título no mercado secundário.

Quais cuidados preciso tomar? Como qualquer outro investimento, é necessário avaliar todos os aspectos: valor de investimento, taxa de rentabilidade, risco e retorno, além de avaliar a saúde financeira da instituição que emite a LCI/LCA.

Outro cuidado é de não comprometer recursos financeiros que possam ser necessários antes do prazo de vencimento do ativo, para evitar endividamento e comprometer o orçamento pessoal, aconselha Girotto.

Quem compra esses papéis acaba ficando exposto ao risco da própria instituição financeira que os emitiu. Portanto, em caso de problemas da instituição, o impacto será repassado ao bolso dos investidores.

A economista sugere dá a dica de buscar informações no Banco Data, que traz os indicadores das instituições que são fundamentais para tomar a decisão no momento da aquisição. Por exemplo, vai indicar se o banco está pagando uma taxa alta de rendimentos (do LCI/LCA) e se tem muita dívida. Nesse caso, acaba sendo arriscado optar por um investimento do banco em questão.

A boa notícia é que as duas opções contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). O órgão privado que garante até R$ 250 mil por instituição sejam devolvidas ao investidor nos casos de falência bancária. O teto de proteção é de R$ 1 milhão por CPF, o que já dá uma segurança, complementa Lopes.

Quer estar sempre bem informado sobre investimentos? Clique aqui e receba notícias e dicas para investir diretamente no seu WhatsApp.