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Para onde vai o dólar? Veja o impacto nos investimentos

O que esperar do dólar até o final do ano e para 2023? Entenda os motivos da variação da moeda americana - Getty Images
O que esperar do dólar até o final do ano e para 2023? Entenda os motivos da variação da moeda americana Imagem: Getty Images

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/08/2022 04h00

O sobe e desce do dólar, desde o início da pandemia, preocupa investidores brasileiros, sobretudo aqueles com aplicações em ações ou em fundos no exterior.

O dólar chegou a R$ 5,712 em janeiro, caiu para R$ 4,608 em abril e atualmente está em cerca de R$ 5,179. Mas para onde vai, afinal, a moeda americana? Para responder à pergunta, o UOL consultou analistas de bancos de investimentos e corretoras.

Qual a expectativa para o dólar em 2022? Os especialistas acreditam que a moeda americana deve encerrar 2022 entre R$ 5 e R$ 5,45.

Na Guide Investimentos, a estimativa é de um valor próximo dos R$ 5. O economista da corretora, Rafael Pacheco, acredita em novos recuos nas próximas semanas, seguindo a tendência recente. Mas as eleições brasileiras em outubro e um eventual aumento da inflação nos Estados Unidos podem levar a novos reajustes até o final do ano.

A economista-chefe de B. Side Investimentos, Helena Veronese, acredita em um dólar entre R$ 5,25 e R$ 5,45. Isso porque a elevação dos juros nos EUA e a guerra na Ucrânia pressionam a inflação em todo o mundo e levam os investidores a economias mais maduras.

Quais os motivos da variação do dólar?

Economia brasileira: O real começou o ano desvalorizado após a fase mais dura da pandemia, diz o economista da XP especialista em cenário externo, Francisco Nobre.

No início do ano, o cenário era de alto risco por causa da pandemia, não só para o Brasil, mas para boa parte dos países na América Latina, com moedas consideradas baratas. O real desvalorizado leva a uma alta nas receitas de exportações brasileiras.

A guerra entre Ucrânia e Rússia trouxe uma nova onda de turbulência para os mercados. Em momentos de risco, investidores sentem maior aversão ao risco de países emergentes, como o Brasil, e levam seu dinheiro para economias mais maduras, como os Estados Unidos. Isso também provoca uma desvalorização do real.

Economia dos Estados Unidos: Os EUA, considerados a economia mais sólida do mundo, também sofrem com a inflação alta, impacto dos desequilíbrios nas cadeias globais de produção durante a pandemia e aprofundados com a guerra. Depois de uma inflação de 9,1% nos 12 meses acumulados até junho (o maior nível em mais de 40 anos), o patamar foi um pouco mais baixo no último mês e o acumulado chegou a 8,5%.

Para responder ao processo inflacionário, o Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos, passou a reajustar os juros, utilizando uma estratégia comum entre os Bancos Centrais de todo o mundo. Assim, o Fed começou a elevar os juros a partir de março, que foram de 0% para um intervalo entre 2,25% a 2,50% ao ano em julho.

Com juros mais altos e uma economia mais madura, os Estados Unidos passam a ser mais atraentes para os investidores estrangeiros.

E até o fim do ano, o que mais conta para a valorização do dólar?

Eleições no Brasil: A disputa eleitoral e o risco de avanço do problema fiscal e de gastos do governo também pesam para a desvalorização do real ante o dólar. Mesmo com a redução da inflação brasileira nas últimas semanas, por conta dos cortes de impostos em energia e combustíveis, 2023 pode ser mais duro, segundo os economistas.

Na XP Investimentos, a estimativa para 2022 é de um dólar na casa dos R$ 5. Para o próximo ano, a previsão é de R$ 5,30.

Na Frente Correta, o economista-chefe Fabrizio Velloni acredita na moeda americana no patamar de R$ 5,20 para 2022. Mas isso pode mudar e o valor pode ser até mais alto, dependendo da posição do candidato a presidente escolhido em outubro. Se o governo adotar uma postura agressiva de gastos, isso pode pressionar novamente o real.

O próximo governante irá enfrentar o desafio de em conter o aumento da dívida pública, diz Velloni, com a Selic em um patamar de 13,75% a.a. Quando há uma alta nos juros, cresce o tamanho da dívida pública federal, já que o governo precisa pagar mais aos detentores dos títulos. Isso eleva a rentabilidade de ativos como o Tesouro Direto.

O que fazer em caso de viagem para outro país? Se seu objetivo é viajar, é melhor não tentar adivinhar para onde vai o dólar. A compra de pequenas quantidades da moeda não vai oscilar muito daqui até dezembro a ponto de fazer uma grande diferença no bolso do consumidor, diz o head de Alocação e Fundos da XP, Rodrigo Sgavioli.

Em uma conta simples, se o investidor comprasse US$ 1.000 a R$ 5, gastaria R$ 5.000. Se essa mesma aquisição acontecesse com o real a R$ 5,20, o desembolso seria de R$ 5.200, e de R$ 5.400, com o câmbio a R$ 5,40 (essa matemática não considera taxas ou IOF).

Sgavioli afirma que, além da compra contínua, há cartões de crédito que oferecem aos usuários pagar pelo dólar no momento da compra ou do fechamento da fatura.

Helena Veronese, da B.Side, afirma que para quem vai estudar no exterior e precisa de uma grande quantidade de dólares, isso pode ser vantajoso, já que a despesa é bem maior. Nesse caso, a dica é comprar um pouco a cada dois ou três meses. Assim, a pessoa pagará uma média pelo preço da moeda naquele período.

Investimento em dólares: A economista-chefe da B.Side diz ainda que o investimento em dólar ou ativos atrelados à moeda americana é uma forma de diversificação interessante. Mas afirma que, hoje, com a alta nos juros e a incerteza sobre uma possível recessão nos Estados Unidos, acredita que este não é o melhor momento para adquirir ações no país.

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