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Ação das Americanas dispara 21% com mudança no comando. Agora vai?

A Americanas teve prejuízo, mas vem fazendo mudanças importantes na gestão e em seu negócio - Divulgação
A Americanas teve prejuízo, mas vem fazendo mudanças importantes na gestão e em seu negócio Imagem: Divulgação

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/08/2022 13h55

As ações da rede de lojas Americanas (AMER3) estão em forte alta hoje (22), depois que a empresa anunciou troca no comando, na sexta-feira (19), após o fechamento do mercado. O ativo tinha, por volta das 11h40, valorização de 17,57%, subindo para R$ 15,32. Já às 13h, a alta era de 21,11%, a maior da Bolsa.

A companhia escolheu Sergio Rial como sucessor do atual presidente, Miguel Gutierrez. Rial assume em 1° de janeiro de 2023 e Miguel Gutierrez deixará a Americanas após quase 30 anos de serviço. Por que essa troca está causando tanto otimismo no mercado?

Quem é Sérgio Rial? Rial é presidente do conselho de administração do banco Santander (BCSA34), e não tem experiência no ramo de varejo. Ele chegou ao conselho em janeiro deste ano. De 2016 a 2021, ele foi presidente do banco. Ele é um nome conhecido do mercado - sob sua gestão, a operação brasileira do banco espanhol Santander se tornou a mais rentável do mundo.

Conforme o currículo de Rial, sua experiência no setor de consumo tem a ver com suas passagens pela dona da Sadia, a BRF (BRFS3), Seara e Marfrig (MRFG3) e com as lojas de conveniência dos postos BR. Ele também é chairman da Vibra Energia e vice-chairman da BRF. Antes do Santander, Rial foi por três anos o CEO da Marfrig.

Em seu LinkedIn, Rial disse que mudanças na liderança visam trazer oxigênio novo para a empresa, ainda que valorizando o legado do presidente anterior.

O que vai acontecer com as Americanas? Rial não tem experiência no varejo, mas mesmo assim, o mercado gostou da troca.

"Embora reconheçamos que é muito cedo para avaliar possíveis mudanças na estratégia e execução, estamos animados com a experiência relevante do Sr. Rial em vários cargos de gestão à frente de empresas no setor financeiro e de consumo (embora esse ponto não tenha sido especificamente explicado no comunicado da empresa)", publicou o Goldman Sachs, sobre a troca de comando.

"Com essa mudança gerencial, acreditamos que mais investidores provavelmente darão à AMER3 o benefício da dúvida e assumirão que mais valor poderá ser extraído desse ativo em breve", publicou o Itaú BBA.

O que mais está acontecendo com a Americanas? A mudança de presidente é a maior na gestão da empresa em 20 anos. Mas não é a única: em novembro do ano passado, o conhecido trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fundadores da Ambev (ABEV3) e sócios do fundo 3G Capital, deixaram de ter o controle da empresa com 50% das ações e passaram a uma participação de 29,2%.Além da mudança no comendo, a empresa vem fazendo movimentações no mercado.

Em fevereiro, Americanas e a Vibra, da qual Rial fazia parte do conselho, fizeram uma parceria para explorar as lojas de conveniência em postos de combustíveis. A operação integrará as lojas BR Mania, da Vibra, e Local, de Americanas. Dessa forma, a nova empresa tem agora cerca de 1250 lojas. A Vem Conveniência é a empresa resultante da combinação desses negócios. O comando é dividido igualmente pela Vibra e Americanas.

Outro negócio foi a compra do Hortifruti Natural da Terra, uma rede de 73 lojas, por R$ 2,1 bilhões, no dia 11 de agosto. O Natural da Terra faturou R$ 2 bi no ano passado. Os dois novos negócios são positivos para a Americanas, para que ela deixe de ser tão atrelada a vendas que dependam de crédito, como de TVs e geladeiras.

Mas os resultados vão demorar para serem sentidos. A Americanas amargou um prejuízo líquido de R$ 98 milhões no segundo trimestre do ano. No mesmo intervalo do no passado, a empresa havia perdido R$ 85 milhões. O resultado atual é 15,6% pior que o prejuízo do ano passado.

E a Copa do Mundo, vai influenciar? Mesmo com a Copa do Mundo e a chegada do 5G, as vendas da indústria de eletrônicos e eletrodomésticos neste ano devem, na melhor das hipóteses, empatar com o volume vendido em 2021, segundo projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). No ano passado foi registrada queda de 7,2% em relação a 2020.

E o que fazer com as ações? O banco BTG agora está revisando sua classificação para a ação. Mas antes do anúncio, ela era neutra: não comprar, nem vender. O Goldman Sachs continua com a recomendação neutra da ação: melhor não comprar, nem vender.

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