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Lucro das empresas na Bolsa caiu 44,5%; qual o impacto para o seu bolso?

Dos 33 setores estudados, só seis tiveram crescimento; veja o que isso significa para o seu bolso - SARINYAPINNGAM/iStock
Dos 33 setores estudados, só seis tiveram crescimento; veja o que isso significa para o seu bolso Imagem: SARINYAPINNGAM/iStock

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/08/2022 15h03

O lucro das empresas de capital aberto caiu 44,5% no segundo trimestre de 2022 na comparação com o mesmo período de 2021, encolhendo de R$ 66,4 bilhões para R$ 36,9 bilhões, segundo um levantamento feito pelo aplicativo TradeMap.

Foram consideradas 321 empresas, mas desconsiderados os balanços da Petrobras (PETR3 e PETR4), Vale (VALE3), Braskem (BRKM5) e Suzano (SUZB3). Essas empresas, segundo a TradeMap, registraram lucros historicamente elevados, o que distorceria a análise geral.

Adicionando essas empresas, o lucro acumulado seria de R$ 120 bilhões, valor 28,1% abaixo ao do mesmo período de 2021. O estudo não individualizou as comparações por companhia, por isso o nome delas não foi revelado.

Quem lucrou mais? Apesar da queda de 34,4% em relação ao segundo trimestre de 2021, o setor mais lucrativo foi o de energia elétrica que, com 40 empresas, teve lucro de R$ 8,91 bilhões no segundo trimestre de 2022. Há um ano, os ganhos haviam sido maiores, de R$ 13,59 bilhões.

Quem perdeu mais? A maior perda foi a das empresas de serviços educacionais, que tiveram uma queda de 528%, deixando um lucro de R$ 71,2 milhões no segundo trimestre do ano passado para sofrer um prejuízo de R$ 304,9 milhões agora.

Companhias de outros dois setores também tiveram perdas gigantes como essa, na casa dos três dígitos: as empresas de exploração de imóveis, que perderam 377%, caindo de um lucro de R$ 504 milhões para um prejuízo de R$ 1,29 bilhão e as de transporte, com um tombo de 229% (caindo de um lucro de R$ 2,9 bilhões para uma perda de R$ 3,86 bilhões).

O setor de mineração e siderurgia foi o que mais perdeu em reais: o prejuízo acumulado pelas companhias foi de R$ 8,39 bilhões, com os ganhos encolhendo de R$ 13,6 bilhões para R$ 5,23 bilhões (61% a menos).

Por que o lucro caiu tanto? A culpa é da inflação. O que marcou essa temporada de balanços foram os custos de produtos ou serviços vendidos, além das despesas, financeiras e operacionais, muito maiores em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, diz Régis Chinchila, da equipe de análise da Terra Investimentos.

O levantamento mostrou que a despesa financeira das empresas consideradas aumentou 151,6%, para R$ 76,6 bilhões, em meio à pressão imposta pela valorização do dólar em relação ao real, aumentando dívidas em moeda estrangeira.

"A inflação alta que vimos em todo o período também comprometeu os resultados operacionais, além dos altos juros, que prejudicaram muito o resultado financeiro das companhias", acrescenta Luis Novaes, também da Terra Investimentos. Mesmo com as receitas maiores, os resultados foram significativamente inferiores, explica.

O lucro na Bolsa até melhorou, mas muito focado nessas empresas que o estudo excluiu. Em empresas mais focadas no mercado doméstico, o resultado foi pior, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.

Teve algum setor que cresceu? Sim. Dos 33 setores estudados, seis ficaram no positivo e apenas um (viagens e turismo) não teve nem queda nem alta no lucro, porque apenas houve diminuição de parte do prejuízo que já vinha tendo.

As empresas de alimentos processados foram as que se saíram melhor. O lucro delas passou de R$ 6,5 bilhões para R$ 8,8 bilhões, uma alta de 33%. Também ficaram no positivo serviços financeiros diversos (com alta de 17,7%), as seguradoras (mais 14,2%), bancos (12,7%), aluguel de carros (9,2%) e cervejas e refrigerantes, com 2,9%.

E a Petrobras, Vale, Braskem e Suzano? Mesmo tirando as quatro empresas do estudo geral, a TradeMap também analisou o resultado delas.

Das quatro, só a Petrobras não teve queda, aumentando em 26,8% seus ganhos, de R$ 42 bilhões no segundo trimestre de 2021 para R$ 54 bilhões agora.

A maior queda foi a da fabricante de plásticos Braskem, que viu seus lucros encolherem 118%, deixando para trás um ganho de R$ 7,4 bilhões para um prejuízo de R$ 1,4 bilhão.

Em seguida vem a Suzano, de papel e celulose, com queda de 98% - o lucro que diminuiu de R$ 10 bilhões para R$ 175 milhões. A Vale também teve queda, de 25%, com o lucro passando de R$ 40 bilhões para R$ 30 bilhões.

E o que isso significa para os investidores? Os dividendos devem ser impactados, uma vez que são resultado do lucro das empresas. "Mesmo que se mantenha a proporção de distribuição, ainda assim os proventos seriam menores em relação aos anteriormente pagos", diz Chinchila.

Quanto ao preço desses papéis em bolsa, o mercado já considerava esses resultados ruins há muito tempo no preço das ações. Ou seja, a queda nas ações já aconteceu. "Isso pode ser notado nos movimentos de baixa no primeiro semestre desse ano e na recuperação do último mês, demonstrando até um certo exagero do mercado ao estimar os ganhos das companhias", diz Novaes.

Daqui para frente, segundo Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, uma boa pedida é focar nesses setores que ficaram no positivo, como as empresas do setor de produtos básicos, de energia e Vale e Petrobras.

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