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Crise tira carne do prato do consumidor: hora de vender ações do setor?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/09/2022 15h45

A crise e a inflação afetam empresas produtoras de carne, e é hora de vender ações desse setor, segundo um levantamento do Bank of America (BofA).

Pela segunda vez este ano, o banco americano fez uma pesquisa com 1.000 consumidores brasileiros e detectou que, para escapar da alta dos preços, a maioria está trocando, não só de marca, mas também de canal de vendas e de tipo de proteína - carne bovina por frango ou por salsicha, por exemplo.

O resultado do levantamento, feito em setembro é semelhante ao primeiro, realizado em maio. Com isso, ações de empresas de alimento, processadoras de carnes, fabricantes de bolachas e de bebidas sofrem. Mas uma dessas ações escapa e é um bom investimento, segundo o banco. Veja abaixo qual é.

A pesquisa consultou 1.000 consumidores no Brasil, 70% na faixa de 18 a 39 anos, e com 53% de participação de mulheres. São Paulo e Rio de Janeiro são 60% da amostra. Minas Gerais e Bahia são 40%. A distribuição de renda está concentrada entre um e seis salários mínimos para 70% dos respondentes.

O que está acontecendo com o carrinho de compras?

Em busca de preços mais baixos, o consumidor está deixando os supermercados de vizinhança e indo para os atacarejos e sacolões. Os brasileiros estão reduzindo o consumo de refrigerantes, carne bovina e biscoitos, enquanto frango, feijão e arroz continuam no carrinho de compras.

Em relação às proteínas, a maioria dos consumidores de carne bovina mudou para frango. No mês de setembro, o consumo de proteína aumentou ligeiramente em relação a maio, com o frango sendo a proteína mais consumida seguida por carne bovina, alimentos processados, carne de porco e peixe.

O frango é a proteína mais resistente, ou seja, é a que menos sofre trocas. Mesmo assim, os consumidores ainda estão optando por cortes de frango mais baratos A carne bovina é a menos resistente: o preço subiu, ela some da cesta de compras. Especificamente em alimentos processados, presunto, toucinho e peito de peru são os que saem do carrinho de compras com mais facilidade que outras categorias, como salsichas e cachorros-quentes.

Que outros alimentos sofrem com a crise?

Dentre os que têm maior poder aquisitivo, acontece uma volta aos restaurantes, após a vacinação. Mas para economizar, esse pessoal deixa de consumir bebidas alcoólicas em bares e restaurantes - o consumo de cerveja ficou mais restrito para dentro de casa.

E como ficam as ações com tudo isso?

O BofA analisou como essas tendências de consumo podem afetar o desempenho as empresas de alimentos e bebidas da Bolsa de Valores de São Paulo.

Entre as ações que serão menos afetadas, estão as da fabricante de bebidas Ambev (ABEV3), as processadoras de carnes BRF (BRFS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), a marca de arroz Camil Alimentos (CAML3) e a São Martinho (SMTO3), de açúcar. Por isso, a recomendação é não comprar, nem vender.

O Bank of America recomenda que o investidor fuja de Jalles Machado (JALL3 BZ), que produz açúcar e produtos orgânicos. Nessa hora de preços mais altos, o consumidor deixa essa classe de produtos de lado. Assim como Jalles Machado, M. Dias Branco (MDIA3), dona da marca de massas Adria e das bolachas Piraquê, também tem classificação de venda. O consumidor, segundo o BofA, deixa de consumir os produtos da empresa ou troca por marcas mais baratas. Recentemente, A companhia aumentou os preços de seus produtos na média em 19% na comparação trimestral e em 36% na comparação anual.

Existe alguma ação que vale comprar?

A única que tem potencial de crescimento e classificação de compra é a JBS (JBSS3), segundo o BofA. Para o banco, a ação, que hoje custa R$ 27,13, pode chegar a R$ 55.

O que favorece a empresa em detrimento às outras são os maiores preços de carne de frango no Brasil e menores custos com grãos nos Estados Unidos, sua diversificação geográfica, já que a empresa atua em 15 países das Américas, Ásia, Europa, África e Oceania. A combinação de crescimento de vendas e geração de fluxo de caixa (preços mais altos) também a beneficia.

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