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Magalu, Casas Bahia e Americanas sofrem com inflação e têm prejuízo

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/11/2022 15h42

Como era esperado numa época de inflação em alta, as três maiores varejistas do país não tiveram bons resultados no terceiro trimestre do ano. Entre julho, agosto e setembro, os resultados ficaram no vermelho.

O Magazine Luíza (MGLU3) perdeu R$ 166 milhões, revertendo o lucro de R$ 143 milhões registrado no mesmo período do ano passado. A Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, ficou com prejuízo R$ 203 milhões. E a Americanas (AMER3) amargou R$ 211,6 milhões em perdas.

O que aconteceu com as varejistas? Elas devem conseguir reverter as perdas no curto prazo?

Quando o prejuízo deve se reverter em lucro? Só quando a inflação e os juros realmente se estabilizarem em patamares mais baixos, diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos de Minas Gerais. Os meses de deflação que foram registrados julho, agosto e setembro não foram suficientes para ajudar as varejistas agora.

Mesmo com perdas, qual empresa se saiu melhor? Dentre as três, o Magazine Luiza segue sendo a empresa mais forte para enfrentar a crise. A empresa, que tinha apenas 27% de suas vendas feitas à vista no primeiro trimestre, conseguiu subir esse patamar agora para 29%, principalmente por meio do Pix.

Ela também se beneficia da venda de eletrônicos e games. "A incorporação de vendas da KaBuM! (maior e-commerce de tecnologia e games na América Latina) que está sendo adicionado nos resultados neste ano depois da aquisição da empresa em julho do ano passado - ajudou no resultado de vendas da Magalu", diz Felipe Leão, especialista também da Valor Investimentos.

Americanas vende menos celulares: A Americanas, que dentre as três é a que menos depende de vendas financiadas, tinha conseguido lucrar R$ 241 milhões no terceiro trimestre de 2021. Ou seja, inverteu de sinal agora, impactada principalmente pela redução nas vendas de produtos mais caros, como eletrônicos.

"O trimestre foi pior do que nossas expectativas, que estavam entre as mais otimistas do mercado", publicou o Itaú BBA sobre a empresa. Vendas digitais fracas foram um dos piores problemas para companhia no trimestre.

A queda nas vendas de celulares impactou bastante a empresa. A consultoria de dados Neotrust diz que venda de eletrônicos caiu 19,6% nesse terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2021. "A Americanas sentiu essa desaceleração mais do que qualquer outro concorrente do mercado", destacou a Genial investimentos em documento para acionistas.

Dona da Casas Bahia se recupera aos poucos: Já a dona das Casas Bahia, a Via, diminuiu as perdas em 68,2% em relação ao mesmo período de 2021, quando amargou R$ 638 milhões em prejuízos. No último trimestre, o prejuízo foi de R$ 203 milhões.

"Faz exatos 12 meses que a Via assustou o mercado com o reconhecimento de uma despesa trabalhista de mais de R$ 2 bilhões. Desde então, a companhia embarcou em uma verdadeira jornada de enxugar custos, despesas e de reconhecer seus devidos créditos tributários", destacou a Genial.

E as ações, como ficam?

Em relação a Americanas, o Itaú BBA continua otimista. "Entendemos que a empresa está à beira de uma mudança gerencial que pode levar a dias melhores pela frente. Decidimos esperar por esses dias", publicou o banco. Em agosto, a companhia escolheu Sergio Rial como sucessor do atual presidente, Miguel Gutierrez. Rial assume em 1° de janeiro de 2023 e Miguel Gutierrez deixará a Americanas após quase 30 anos de serviço.

Por isso, o BBA acredita que a ação, hoje cotada em R$ 13,04, pode chegar a R$ 15 em 12 meses. Não é grande coisa, mas, pelo menos, a previsão não é de queda.

Mas o Goldman Sachs não concorda. "Acreditamos que o investidor vai continuar penalizando a ação por conta da perda de vendas online e queima de caixa", publicou o banco americano em documento para acionistas. Por isso, ele classifica a ação como neutra: melhor não comprar, nem vender.

Magazine Luíza, por sua vez, ainda tem a recomendação de compra do Goldman Sachs, com preço alvo de R$ 5,20 - uma valorização de cerca de 30% em 12 meses em relação ao preço atual de R$ 3,80. A expectativa é de melhores margens brutas, despesas menores e geração de caixa operacional positiva, publicou o banco em relatório.

Também recomenda a compra o Bank Of America. O BofA acredita que no longo prazo poderão acontecer "crescimento real da massa salarial e redução da inflação" e que essas mudanças vão fazer a ação voltar a valorizar. Mas no curto prazo a previsão ainda é ruim. "A nova infraestrutura 5G de internet e a próxima Copa do Mundo ainda não impulsionaram nenhuma recuperação significativa na demanda", publicou o banco em documento para investidores.

Casas Bahia é mais complicada. O Bank of America recomenda venda. Mas Banco do Brasil, Bradesco BBI, BTG, Citi e Credit Suisse acreditam que é melhor não vender, nem comprar.

A valorização da ação ainda depende, segundo o BTG, da "recuperação sustentável do tráfego de pessoas nas lojas e do desempenho do seu negócio de e-commerce".

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