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Vale investir na renda fixa e em dólar, como diz cofundadora do Nubank?

Cristina Junqueira é cofundadora do Nubank - Reprodução/Instagram
Cristina Junqueira é cofundadora do Nubank Imagem: Reprodução/Instagram

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/01/2023 04h00

Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, disse que era hora de investir em renda fixa e dólar no novo governo do PT. Ela publicou a suposta dica em seu Instagram em dezembro, que acabou viralizando este mês. É hora de investir em renda fixa e em dólar? Veja o que dizem especialistas consultados por UOL.

Qual é o cenário da política econômica hoje?

  • Nos meses seguintes à vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o seu terceiro mandato à frente do Executivo Federal, economistas tinham diversas dúvidas sobre quais seriam as políticas econômicas de seu governo.
  • A PEC da Transição retirava do teto de gastos R$ 145 bilhões para bancar benefícios como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e o aumento do salário mínimo.
  • A preocupação era de que eventuais excessos de gastos do governo poderiam aumentar a inflação e, consequentemente, a taxa básica de juros, a Selic.
  • Mais recentemente, o ministro da Economia Fernando Haddad apresentou medidas para a melhora da situação fiscal que chegam a R$ 242,7 bilhões.
  • A expectativa é de reverter o déficit previsto atualmente e fechar o ano no azul.
  • Isso ajudou a deixar economistas mais otimistas.
  • Além da política econômica nacional, o cenário internacional também traz outras incertezas para os investidores.
  • Entre as preocupações, estão a a perspectiva de recessão global, os entraves enfrentados por Estados Unidos e China e a guerra na Ucrânia.

Qual deve ser o cenário no governo Lula 3?

A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 5,48% neste ano, segundo o relatório Focus, que reúne economistas ouvidos pelo Banco Central.

Em 2022, o IPCA, que mede a inflação no país, fechou o ano em 5,79%.

A taxa básica de juros deve ficar em 12,50% em 2023.

Além de tentar conter a inflação ao subir, a Selic também pode ser reduzida pelo Banco Central para tentar acelerar a economia. Isso porque, com juros mais baixos, as pessoas tendem a consumir mais e as empresas, a investir mais em crescimento.

Atualmente em 13,75% ao ano, a Selic é a base para o retorno oferecido nos títulos de renda fixa.

De acordo com os analistas, com o recuo da inflação, o governo pode iniciar uma redução dos juros ao longo do ano, mesmo que a taxa se mantenha acima de dois dígitos.

Nossa estimativa para a Selic no final de 2023 hoje está em 11,75%, o que significa o início dos cortes em agosto. Acreditamos que há espaço para cair, pois vemos um cenário de rápida desaceleração econômica em 2023.
Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos

Acreditamos que a Selic permaneça acima de dois dígitos até meados de 2024. O arrefecimento da inflação e a consolidação das expectativas para os gastos fiscais devem permitir que a taxa de juros volte ao seu patamar neutro, entre 4% e 5% em termos reais.
Jaqueline Benevides, analista de renda fixa da casa de análises do TC

E como ficam os investimentos em renda fixa?

Além de ter um rendimento alto, os títulos de renda fixa, como o Tesouro Direto e os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), têm maior procura em cenário de instabilidade, porque são considerados mais seguros que outros investimentos em renda variável no mercado.

Todos os títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto tiveram rentabilidade de 9,66% em 2022, patamar bem superior à rentabilidade de 0,96% no ano anterior, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

O cofundador e CEO da InvestAI, Lucas Seixas, diz que em um cenário de instabilidade, a recomendação para o investidor é priorizar a renda fixa, que pode performar melhor do que a renda variável.

Para prazos curtos (de um mês a um ano), os títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic, são bastante atrativos pela alta rentabilidade e segurança, diz Seixas.

Para um período mais longo (de três a quatro anos), os prefixados, que têm as taxas definidas no momento da contratação, são uma boa opção, já que o retorno fica em torno de 15% ao ano.

Qual a perspectiva para o dólar?

Dois especialistas consultados pelo UOL apostam na queda do dólar em 2023.

O CEO da Top Gain, Alison Correia, destaca a estimativa de corte de juros nos Bancos Centrais dos Estados Unidos e Europa.

Esse movimento reduz a necessidade do BC brasileiro elevar a Selic para atrair capital externo, por exemplo.

Correia diz ainda que há muito dinheiro "verde" parado, principalmente, pela quebra de parcerias e diálogos com demais países em função da gestão ambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro. O dinheiro "verde" é o investimento em ativos socioambientais, como aqueles atrelados à pauta ESG.

A priorização da pauta ambiental pelo novo governo deve reverter o panorama e atrair investimentos. "Com dinheiro entrando, o câmbio vai para baixo", diz.

Ele acredita que o dólar ficará em R$ 4,85 ao final do primeiro semestre, e em R$ 4,78 no encerramento do ano.

O analista chefe da VG Research, Lucas Alves, Alves indica diversificar parte dos investimentos em ativos atrelados à moeda americana. "À medida que o real se fortalece, os ativos internacionais ficam mais baratos para o brasileiro, e as oportunidades vão surgindo", afirma.

O CEO da Top Gain também indica títulos em dólar. No entanto, com a queda da moeda, Correia entende que o retorno no curto prazo não tende a ser positivo. "A tendência para [a moeda no] médio e curto prazo é para baixo", diz.

Nos Estados Unidos, onde os juros estão entre 4,25% a 4,50% ao ano desde meados de dezembro, o investidor pode obter retorno de cerca de 5% na renda fixa em dólar, o que é importante para diversificar o patrimônio.

Entre eles, estão os bonds, um título de dívida oferecido pelo governo americano ou por empresas privadas como forma de captar recursos no mercado. Hoje, esses títulos têm taxas superiores a 7% ao ano em dólar.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.