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Ação da Petrobras zera ganhos em 2023 após mudança em preço de combustível

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/03/2023 12h56

A Petrobras praticamente zerou os ganhos na Bolsa no ano.

Entre 3 de janeiro e a manhã de ontem, 28 de fevereiro, as ações da petroleira subiram mais de 7%. Por volta de meio-dia desta quarta-feira (1º), os papéis da estatal estavam perdendo os ganhos que acumularam no ano.

A queda ocorre em após a petroleira anunciar corte nos preços da gasolina e do diesel, medida que foi interpretada por parte do mercado como uma intervenção do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou nesta quarta-feira interferência política na Petrobras.

Sobe e desce

  • Nesta terça-feira, 28, os papéis ordinários (PETR3) recuaram 4,39%, a R$ 28,75. As ações preferenciais (PETR4), a mais negociadas, caíram 3,48%, cotadas a 25,24.
  • Com isso, o ganho acumulado no ano das ações, que era de 7,24% para PETR3 e de 6,73% para PETR4 (até do dia 27 de fevereiro) foram amassados. Na totalização dos dois primeiros meses de 2023, PETR3 ficou com ganhos de apenas 2,53% e PETR4, com 3,02%, conforme dados da Economatica.
  • Nesta quarta-feira (1), por volta das 12h30, as ações da petroleira estavam perdendo o resto de ganhos que acumularam no ano. PETR3, até esse horário, caia 3,58% para R$ 27,72. PETR4 encolhia 2,93%, para R$ 24,50.

O que aconteceu?

  • Para o analista, os investidores começaram a temer menos uma possível interferência do governo quando o novo presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, disse querer tirar do papel um projeto, já aprovado pelo Senado, que cria um fundo estabilizador dos preços dos combustíveis.
  • Seria uma maneira de controlar os preços na bomba, para conter a inflação, sem interferir na política de paridade com os preços internacionais do petróleo.
  • Essa sinalização - que mostra um esforço de Prates para que a Petrobras não tome prejuízo com possíveis defasagens de valores na bomba - foi o que fez mudar a chavinha do mercado.

O mercado está vendo com bons olhos essa gestão nova. Mas ainda existem pontos de preocupação"
Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos

Dúvidas persistem

  • Isso, porém, não foi suficiente para que o BTG, por exemplo, voltasse a recomendar a compra da ação. O banco classifica PETR4 como neutra (melhor não comprar, nem vender) porque ainda tem dúvidas sobre a reoneração dos combustíveis.
  • Os combustíveis ficaram livres de tributos como o PIS/Cofins e a Cide, em 2022, na gestão passada devido ao aumento do preço do barril do petróleo e, consequentemente, dos combustíveis nos postos de gasolina. Ao assumir, o governo de Luís Inácio Lula da Silva prorrogou a desoneração até o final de fevereiro.
  • O ponto principal de tensão é com a reoneração gradual, o mercado teme que os subsídios dessa cobrança gradual sejam bancados pela Petrobras.
  • Para o BTG, se a Petrobras absorver todo o custo de impostos sobre a gasolina (R$ 25 bilhões), existe "um risco de queda nos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização da companhia em 8% para este ano, se o barril Brent ficar a US$ 85 e o câmbio a R$ 5,30."
  • Se não fosse esse cabo de guerra, entre os que querem, no governo, que a Petrobras continue ilesa, e os que desejam que ela assuma parte da conta da desoneração, o mercado estaria mais confiante, segundo Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

O que fazer com as ações?

  • O Goldman Sachs também acredita que ainda não é hora de comprar, nem vender Petrobras. Também é a mesma avaliação do Safra.
  • Mas a XP é mais otimista e recomenda compra de PETR4, com a previsão de que o preço da ação chegue a custar R$ 35,50, uma alta de 37% no ano.
  • Para os analistas da XP, a ação da Petrobras está barata e tem um bom índice de pagamento de dividendos (dividend yield de aproximadamente 30% para 2023 e mais 65% de 2024 a 2027).
  • "Também, destacamos a alta qualidade de ativos do pré-sal e acreditamos que a Petrobras manterá a precificação dos derivados por paridade de importação e vemos baixas chances de a empresa apresentar drenos de caixa nas mesmas magnitudes que apresentou no passado. No entanto, a percepção para risco político aumentou", publicou o banco em relatório para acionistas.

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