Ações do Grupo Pão de Açúcar disparam com oferta de bilionário pelo Éxito
O Grupo Pão de Açúcar informou que um banqueiro estaria interessado em comprar toda a participação do grupo na rede colombiana Éxito. O GPA afirmou ontem que o colombiano Jaime Gilinski apresentou à companhia uma oferta para a aquisição de toda a participação societária do grupo brasileiro na rede.
O banqueiro colombiano ofereceu US$ 836 milhões, ou cerca de R$ 4 bilhões, a ser pago em dinheiro ao GPA, pela fatia de 96,52% do GPA no Éxito.
Com isso, as ações do Grupo brasileiro dispararam. A ação fechou em alta de 13%, cotada a R$ 18,34. Em 12 meses, a alta de é de 13%.
O GPA informou na noite de quinta-feira (29) por fato relevante, que seu conselho de administração rejeitou a oferta. Segundo a Agência Estado, a companhia alega que o preço ofertado "não atende parâmetros adequados de razoabilidade financeira para uma transação desta natureza e, portanto, não atende o melhor interesse do GPA e de seus acionistas". O pagamento seria em dinheiro.
Quem é dono de quem?
A Companhia Brasileira de Distribuição, a dona do Grupo Pão de Açúcar, é dona de 91,52% das ações do Exito. A GPA2 Participações tem mais 5% da empresa colombiana.
Jaime Gilinski Bacal, o homem mais rico da Colômbia, quer comprar os 96,52% do GPA. Segundo a Forbes, ele é dono de uma fortuna de US$ 5,8 bilhões. A oferta vale até o próximo dia 7.
Já o GPA é controlado pela empresa francesa Casino. Ela tem 40,9% das ações da companhia da brasileira, e o restante está em ações na Bolsa.
O que está por trás da oferta
O Casino passa por dificuldades. A companhia tem uma dívida de 4 bilhões de euros (R$ 21 bilhões) que vence até 2025. Por isso, na segunda-feira (26) o grupo francês divulgou um plano de venda de ativos "não essenciais", que inclui a operação brasileira e o Éxito.
Casino quer vender o GPA e o Éxito. A ideia é vender uma parcela do Éxito já em 2023 e a participação no Pão de Açúcar em 2024. O Casino espera levantar US$ 220 milhões este ano, principalmente com o Éxito. Outros US$ 1,1 bilhão devem ser captados no ano que vem por meio das vendas das parcelas remanescentes em Éxito, da bandeiro Green Yellow (subsidiária do grupo Casino responsável por implementar os painéis solares que garantiram cerca de 40% de energia em lojas), do GPA e de imóveis.
O GPA deve aceitar a venda?
O valor da oferta está abaixo do que a empresa colombiana vale. É o que diz a avaliação do Goldman Sachs. A proposta representa um desconto de 33% em relação ao valor de mercado atual do Grupo Éxito, que é de US$ 1,3 bilhão (no último fechamento).
Mas mesmo assim, é um bom negócio porque não vai ser fácil vender essa participação. "Notamos, no entanto, que a liquidez (facilidade de venda) do Éxito é atualmente relativamente limitada", publicou o banco.
O GPA também está precisando de dinheiro. "Se vender agora, vai ajudar a empresa", diz Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos. No primeiro trimestre do ano, o endividamento da companhia mais que triplicou. A soma desconsidera as operações do Grupo Éxito. Por isso, o GS diz que, se o negócio for fechado em um pagamento único, o GPA ficaria com caixa positivo, o que pode ser vantajoso para a empresa.
E é essa possibilidade que está animando os investidores que estão comprando a ação hoje. Além da própria chance de uma venda do GPA.
Vale investir?
Melhor não. A BB Investimentos aumentou o preço alvo da ação do GPA para o final de 2023 para R$ 19,00 (antes era R$ 14,00). Esse valor é bem próximo ao preço da ação hoje. A recomendação anterior era venda e agora é neutra (não comprar, nem vender). O risco da ação tem a haver com esforços do grupo para recuperar as vendas e a rentabilidade (processo que ainda está em andamento). .
A Genial também não recomenda comprar, nem vender. "Faz mais sentido pensar que a venda do Éxito pelo controlador deve acontecer antes da venda do GPA Brasil pelo Casino", diz a corretora.
Comprar a ação agora não é bom negocio, segundo Meira. A alta de hoje já reflete a possível venda e entrada de dinheiro. Então a ação já subiu o que deveria e isso não deve continuar.
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