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Dólar passa dos R$ 5: o que está acontecendo? Vai subir mais?

O dólar ultrapassou os R$ 5 pela primeira vez em um mês, em meio a decisões dos Bancos Centrais no Brasil e nos EUA.

A moeda dos EUA encerrou a sessão desta quarta-feira (27) em alta de 1,22%, a R$ 5,048, na maior cotação desde 31 de maio. É a primeira vez que a divisa fecha acima do patamar de R$ 5 desde 1º de junho.

Por que o dólar está subindo?

Vários motivos impulsionam a alta do dólar - um deles é a taxa Selic. "Quando os juros brasileiros caem, os investidores internacionais tiram dinheiro daqui para colocar nos Estados Unidos, onde a taxa ainda deve aumentar", explica Claudia Moreno, economista do C6 Bank. Na última semana, o Copom cortou a taxa básica de juros para 12,75%, segundo corte seguido.

Ainda assim, juros reais no Brasil estão entre os maiores do mundo. O rendimento real, descontado da inflação, para o ano é de 6,40%. A taxa real do México, maior do mundo, está em 6,61%, segundo levantamento da Infinity Asset Management. que compara as taxas das 40 maiores economias.

Nos Estados Unidos, os juros estão entre 5,25% e 5,5%. É o nível mais elevado em 22 anos. A taxa de rendimento real é de 1,77%. "Os juros americanos são a aplicação mais segura do mundo. Mesmo menores que os brasileiros, os investidores preferem ir para lá porque a expectativa é de alta", diz Claudia.

Quando entra mais dinheiro no país, a moeda local se valoriza. Por isso o dólar está ganhando força frente a quase todas as moedas do mundo. Como investidores estrangeiros estão deixando o Brasil, o real também se desvaloriza

Outro fator é a economia da China. País vive crescimento lento, desemprego recorde entre os jovens, exportações e moeda fracas, além de um setor imobiliário em crise no país oriental afetam o Brasil. A China é o maior consumidor de produtos básicos brasileiros. Se eles compram menos minérios e grãos, por exemplo, entra meno dólar aqui, conforme explica Evandro Caciano, diretor de câmbio da Trace.

Tem também a alta do petróleo. Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, diz que problemas com a Russia estão elevando o preço do óleo. Como o Brasil importa petróleo, é mais dinheiro que sai do País e isso deprecia o real.

E até onde o dólar pode chegar?

Deve terminar o ano abaixo dos R$ 5. Os economistas ouvidos para o último Boletim Focus, do Banco Central, acreditam que a moeda pode cair um pouco e deve chegar a R$ 4,95 ao fim de 2023. Já para 2024, a previsão é de R$ 5, de R$ 5,10 em 2025, e de R$ 5,19 em 2026.

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No curto prazo, o Banco Central pode intervir para baixar a cotação nos próximos dias. Caciano explica que a cotação que o governo usa para pagar suas contas em dólar é a do último dia útil do mês, que cai nesta sexta (29). "Então, pode ser que o BC faca leilão de dólares para baixar a cotação nesse dia", diz ele.

Mas pode chegar em R$ 6. Para Claudia, do C6, o dólar pode subir ainda mais, principalmente por conta dos juros americanos. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) faça mais altas até o término de 2023.

O pior efeito do dólar em alta é a inflação no Brasil. Com a desvalorização do real, importar produtos fica mais caro, o que tem efeito em toda a cadeia.

As preocupações com os gastos do governo também afastam investidores estrangeiros do país. Eles saem principalmente da Bolsa de Valores. O Ibovespa caminha para fechar setembro no negativo. Do começo do mês até o dia 26, a queda acumulada é de 1,34%. Mas queda da Selic pode ajudar a conta do governo, já que os cortes na taxa também aliviam a dívida pública.

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