AliExpress e Magalu juntas: depois de subir, ação vai deslanchar agora?
A ação do Magazine Luiza (MGLU3) é uma das mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. De 2017 até o final de 2020, quando atingiu seu pico, o papel subiu mais de 6.673%, passando de R$ 3,88 para mais de R$ 251. Mas desde então, o ativo perdeu 95% do valor, voltando para a casa dos R$ 10. No ano, a queda é de 45%, segundo a Economatica.
No entanto, na segunda-feira (24), após firmar um acordo estratégico com o AliExpress, as ações dispararam. O ativo teve alta de 12,28% no dia, indo para R$ 12,16.
O que aconteceu
Com o acordo, o Magalu vai vender produtos do AliExpress e vice-versa. A oferta de itens começa no terceiro trimestre. Artigos como eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e televisores serão vendidos no AliExpress. Em troca, o AliExpress também comercializará os seus produtos com selo "Choice" no marketplace do Magazine Luiza, categoria em que entram itens de vendedores verificados - estoque, venda e entrega são controlados pelo AliExpress.
As vendas do Magazine Luiza devem aumentar. "O fluxo de consumidores aumenta nas duas plataformas e isso significa mais vendas", diz Iago Souza, analista de varejo e serviços da Genial Investimentos. Ambas os sites combinados recebem mais de 700 milhões de visitas mensais (conforme dados do Magalu).
Para a empresa brasileira, a concorrência com as plataformas chinesas agora é um problema a menos. "Essa parceria mitiga esse risco", diz Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.
A venda de produtos AliExpress na Magalu complementará o sortimento de vendas da brasileira. É o que diz o Itaú BBA. "O sortimento de produtos em categorias de preço médio/baixo (que não é o negócio principal da empresa), provavelmente pode aumentar a recorrência e o engajamento do consumidor", publicou o banco, em relatório.
Também pode acontecer diminuição de custos. "Sinergias entre as duas empresas podem reduzir custos de alguns processos, como os de logística", diz Paulo Luives especialista da Valor Investimentos.
Qual o impacto em MGLU3?
Os especialistas no assunto então confiantes de que a parceria pode mudar a trajetória da ação. Mas nesta terça-feira (25) o papel estava em queda, por volta das 13h45, de 2,96%, indo para R$ 11,80.
A ação subiu e pode continuar se valorizando, mas devagar. "O mercado passa a precificar que a Magalu pode vir a surpreender nos próximos resultados, e pode parar de perder participação no mercado", diz Fernandes.
O acordo também tira a ação do mercado de "posições short", diz ele. As "posições short" são quando o investidor compra a ação em um dia, aproveita a alta e vende no outro, quando ela cai. Sair do alvo desse investidores é bom para o papel, que passa a ser menos volátil, ou seja, sobe e desce com menos intensidade.
Vale a pena comprar a ação agora?
A Genial diz que sim. A empresa fixou agora preço alvo para R$ 19,50 em 12 meses. Isso representa um potencial de ganho de 80% em relação ao fechamento na última sexta-feira (21).
Mas o especialista da casa ressalta que as coisas não mudarão da noite para o dia. Os juros continuam altos. E como o Magazine só começa a vender os produtos do AliExpress entre julho, agosto ou setembro, os resultados dessa operação só vão impactar positivamente o balanço da empresa em 2025.
O Itaú BBA, entretanto, acha que não é hora de comprar, nem de vender. Para o banco, o negócio já foi precificado com a alta de ontem. Ou seja, já subiu o que tinha que subir. "Por isso mantemos nossa classificação de desempenho de mercado", publicou o banco.
A XP também é neutra com a ação. Embora preveja que o preço alvo pode chegar a R$ 25 no final de 2024 — uma valorização de 113% — a corretora ainda enxerga um cenário de curto e médio prazo desafiador para a empresa. A deterioração macroeconômica, diz a XP, tende a reduzir a renda disponível, impactando a demanda por bens duráveis.
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