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Dólar dispara e bate R$ 5,57: qual a relação da alta com Lula?

O dólar abriu esta sexta-feira (28) em alta 1,27% e passou dos R$ 5,57 por volta das 11h, após falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que o Banco Central tem a obrigação de investigar casos de especulação entre agentes financeiros para valorizar o dólar. No mesmo horário, a Bolsa caía 0,39%, para 123.580,01 pontos.

Lula se irritou com a associação da entrevista dele ao UOL na quarta (26) à alta do dólar. "Eu dei entrevista, acabou, e vi a manchete de colunistas: 'Dólar subiu por causa da entrevista do Lula'. Esses cretinos não perceberam que o dólar subiu 15 min antes da entrevista?", afirmou o presidente. Ele fez a afirmação nesta sexta na saída da reunião do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Social e Sustentável) e a transcreveu em publicação no X.

No entanto, a disparada foi durante a entrevista. No dia anterior (25), o dólar tinha fechado a R$ 5,4534. Na data da entrevista, a moeda abriu, às 9h, em R$ 5,4679. Por volta das 9h20, quando o presidente começou a falar, estava em R$ 5,4799 (valorização de 0,49% em relação ao fechamento da véspera). Quando a entrevista de Lula terminou, às 10h30, a divida havia batido em R$ 5,5186 (valorização de 1,20% sobre o dia anterior).

Mas há especulação realmente?

Analistas dizem que os fatos que podem movimentar o mercado não são novidade. "Não tem nada de diferente acontecendo com o dólar nos últimos dias que a gente já não tenha visto antes", explica Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória. A fuga de investimento estrangeiro e a preocupação com o fiscal fazem a moeda subir.

A disparada recente tem relação com as falas do presidente. Isso porque não houve nenhuma fuga mais acentuada de investidores recentemente. O fato de o presidente assumir uma postura mais dura com o Banco Central é a única novidade que tem impulsionado o dólar, diz Bonani.

"Na economia real, o desemprego está na mínima dos últimos dez anos", afirma ele. A taxa de desemprego chegou ao patamar mais baixo para um mês de maio em 10 anos. Nesta sexta-feira (28), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa ficou em 7,1% nos três meses encerrados em maio. Ou seja, é o menor número de pessoas buscando ocupação desde 2015.

Ou seja, excluindo os dados fiscais, a situação é boa. É o que diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. O problema é que o dólar vem subindo em outros países também.

Hoje, os dados divulgados nos Estados Unidos foram positivos e tínhamos tudo para ter um dia ameno no mercado por aqui e não estamos vendo isso.
Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais

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A economista se refere aos dados de confiança do consumidor nos EUA. O estado de Michigan, nos EUA, divulgou que o índice caiu para o menor nível em sete meses em junho. O índice caiu 0,9 pontos (-1,3%) para 68,2 em relação à leitura final de maio. Esse dado é importante para a inflação americana e pode indicar que o Federal Reserve pode adiantar o corte nos juros americanos.

Até quando vai essa escalada?

É possível que o dólar volte para a casa dos R$ 5,40 nas próximas semanas. Isso porque estamos em fechamento de mês nestes dias, que faz uma pressão negativa para o câmbio.

Também há o vencimento de opções. Estamos nos últimos dias para que o titular de aplicações financeiras possa exercer o direito de comprar ou vender ativos. E isso pressiona o dólar para cima. Passada essa fase, segundo Ariane, se não houver novidades, a moeda brasileira tem condições de retomar valor.

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