Com queda de juros nos EUA, quais os melhores investimentos no exterior

Com a oscilação da Bolsa brasileira e a desvalorização do real em 2024, cada vez mais os investidores começam a olhar para opções de investimentos no exterior.
Além disso, o início da queda de juros nos Estados Unidos, que neste mês reduziu a sua taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para o intervalo de 4,75% e 5% ao ano, tende a acelerar a atividade econômica e impulsionar as empresas. Essa foi a primeira vez em quatro anos que o Banco Central do país, o Fed, reduziu a taxa.
Diante do cenário, quais as melhores oportunidades de investimento? A renda fixa perderá força? E vale apostar na renda variável, como no mercado de ações? Veja abaixo a opinião de analistas.
Renda variável tende a ganhar força
Setor de logística em alta. É o que aponta Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital. Ele diz que a queda de juros nos EUA tende a impulsionar as companhias do setor de transportes, devido à dinâmica intensiva de capital. Ele diz que as ações da Union Pacific, que opera com transporte de produtos por ferrovias, e da CSX Corporation, que também atua em ferrovias e no envio de commodities, são boas escolhas. As ações são cotadas a cerca de US$ 244 (R$ 1.327) e US$ 34 (R$ 185), respectivamente. "São empresas com receita resiliente, com altas margens de lucro, e que estão em posição confortável para a geração de fluxo de caixa livre ao acionista", diz.
Fundos de índice figuram entre as boas opções. Para Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, os fundos de índices (ETFs) podem trazer uma variedade de empresas com um risco menor. Neste sentido, ele diz que uma boa oportunidade é o Vanguard Real Estate (ETF VNQ), que investe em prédios de escritórios, shoppings e hotéis e tem sua cota em torno de US$ 98 (R$ 536).
Já Belitardo indica ETFs como o S&P Small Cap Growth SJT (IJT), composto por ações de empresas em crescimento com baixa capitalização, e o iShares SP500 IVV, integrado por papéis de companhias de grande capitalização. O Small Cap Growth é ofertado a US$ 138,32 (R$ 750,8), enquanto o iShares SP500, a US$ 575 (R$ 3.125). Ambos são geridos pela BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo.
Ações de tecnologia têm alto grau de crescimento. É o que afirma Ruben Guerrero, CEO da plataforma de investimentos Webull Brasil. Ele diz que os juros mais baixos no país norte-americano tendem a estimular a economia local e o desempenho positivo no mercado de ações, com oportunidades de valorização de empresas listadas na Nasdaq ou na Bolsa de Nova York. A ação da Meta (dona do Instagram, Facebook e WhatsApp) é ofertada a cerca de US$ 568 (R$ 3.100), a da Alphabet (a holding dona do Google), por US$ 162 (R$ 887), e a da Nvidia, por US$ 123 (R$ 673).
Setor de energia e fundos imobiliários. William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, afirma que, apesar da performance aquém do esperado, o segmento de energia pode ser uma alternativa interessante, com múltiplos baixos e índices elevados. As grandes empresas do setor são atreladas à produção, exploração e desenvolvimento de petróleo e têm sido afetadas pela correlação com o valor da commodity. Por outro lado, ele acredita que ainda há espaço para avanço dos FIIs, mesmo com a valorização nos últimos três meses.
Mas renda fixa ainda é atrativa
Início de corte de juros levou a correção dos ativos. Segundo o estrategista-chefe da Avenue, o mercado passou a precificar os dados da economia e a perspectiva de novas reduções dos juros pelo Fed. No entanto, mesmo diante deste cenário, ele acredita que, comparando com o histórico de juros do país próximo de zero ao ano, as taxas na renda fixa ainda se encontram em patamares elevados.
Títulos dos EUA e de países emergentes. Por isso, há uma parcela relevante da renda fixa do país alocada nesses ativos, diz Castro Alves. Outras opções para quem busca um retorno um pouco mais elevado, afirma ele, são os bonds (títulos do Tesouro) de países emergentes, como o México. O Treasury Bond dos EUA com vencimento de 12 meses tem retorno de 3,97% ao ano e custa US$ 3,81 (R$ 20,7), enquanto o título com vencimento para dez anos oferece um retorno de 3,79% ao ano e sai por US$ 100 (R$ 544,4).
Fundos de índices. Os ETFs também aparecem na renda fixa. Brilhante, da Levante, afirma que fundos como ETF TLT, que investe em títulos de longo prazo da dívida pública do país (20 anos ou mais), e o ETF LQD, de dívidas corporativas de empresas consideradas estáveis financeiramente, podem entrar na carteira. O TLT é cotado a US$ 97,8 (R$ 532,44), e o LQD, a US$ 112,81 (R$ 614,16).
Como investir no exterior?
Corretoras e plataformas brasileiras oferecem exposição ao mercado dos Estados Unidos. Algumas delas são Avenue, Nomad, Inter, C6 e a própria Webull Brasil.
Há um mínimo para investir? As instituições afirmam que não existe um valor mínimo para investir nos Estados Unidos ou em outros países. No entanto, é necessário levar em conta a taxa de câmbio e os custos envolvidos com impostos. Para os títulos públicos dos EUA, isso pode variar entre US$ 1.000 e US$ 5.000, conforme a plataforma. No caso das ações, quem não tem dinheiro suficiente pode adquirir uma fração e ter um "pedacinho" desses papéis ou mesmo dos fundos.
Investidor também pode ter BDRs. Eles funcionam como uma espécie de recibo de ações estrangeiras, simulando o mesmo movimento das companhias na Nasdaq ou na Bolsa de Nova York e estão disponíveis na B3.
Qual o cenário atual dos Estados Unidos?
Redução de juros geralmente tem um efeito positivo para as Bolsas de Valores. Mas Castro Alves, da Avenue, afirma que o impacto vai depender se o país passará ou não por uma recessão. Ele diz, porém, que grande parte da opinião pública e do mercado não acredita em uma recessão nos próximos 12 meses.
Bonds tendem a oferecer prêmios menores com fim das taxas elevadas. Após o ciclo de queda ter concluído, os investimentos em renda fixa tendem a apresentar uma menor rentabilidade, enquanto as ações de empresas em crescimento e que fazem uso de endividamento para financiar a sua expansão, serão as ações de maior destaque, diz Belitardo, da Hike Capital. Ele diz que vale ficar de olho em segmentos como varejo e telecom.
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