O que é renda variável? Entenda quais são os principais investimentos
Com retornos imprevisíveis e ganhos que podem ser acima ou abaixo do esperado, a renda variável é uma modalidade de investimento na qual os retornos não são fixos e dependem das flutuações do mercado, segundo a B3, a Bolsa de Valores brasileira. Mas além das ações, que são popularmente conhecidas, estão também nessa categoria os fundos de investimento, os ETFs (fundos de índice) e as criptomoedas, entre outras opções que os investidores podem explorar de acordo com seu apetite à perda.
Como funciona?
O investimento que vem imediatamente à mente das pessoas são as ações das empresas de capital aberto, que sofrem com a volatilidade diariamente, podendo estar em alta ou em queda. Existem diversas variáveis que podem influenciar a alteração de preço dos papéis, fatores que podem ser controlados ou não, como uma mudança de governo, problemas econômicos internos, conflitos geopolíticos e ataques terroristas.
Investir em ações significa se tornar sócio dessas instituições, comprando pequenos pedaços fracionados. Segundo o economista Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores, a longo prazo, geralmente é um bom negócio a ser feito.
"É preciso diversificar ao máximo e refletir da forma mais próxima possível o desempenho da economia. A longo prazo, ela sempre rende mais que a renda fixa, mas o investidor que está começando não precisa se preocupar em comprar ações de diferentes empresas. Ele pode, e deve, comprar cotas de ETFs [Exchange Traded Funds], que nada mais são do que fundos que fazem essa diversificação a fim de seguir com fidelidade índices que, de forma geral, acompanham o desempenho da economia, como o Ibovespa", afirma o economista ao UOL.
O ETF é uma espécie de cesta de ativos financeiros, que podem ser de renda variável ou fixa, administrada por uma gestora, que tem como referência algum índice de referência. Neste investimento, é possível realizar investimentos em empresas nacionais ou globais. "Os fundos ETF, como o popular BOVA11, fazem essa diversificação para o investidor e cobram baixa taxa de administração. Além disso, o investimento mínimo é de pouco mais de R$ 100", diz Valporto à reportagem.
Investimentos na renda variável são mais recomendados para quem tem um perfil mais arrojado e sabe o quanto está disposto a perder em períodos de baixa, sem se desesperar. Para quem é mais conservador, o ideal é explorar a renda fixa no primeiro momento.
Esses ativos financeiros são encontrados nas corretoras de valores, na parte de home broker, que é uma plataforma facilitadora para fazer as negociações de compra e venda, permitindo que os investidores tenham autonomia para fazer sem ajuda de intermediários.
Para Gilvan Bueno, especialista em finanças, a ideia mais assertiva no mercado de ações é encontrar empresas que distribuem dividendos, que são instituições que distribuem, segundo a lei, o mínimo de 25% do seu lucro.
"O investidor com um perfil mais arrojado é o que vai aguentar a coisa mais importante que acontece no mercado de ações, que é a imprevisibilidade. Por isso, é essencial ter essa visão de longo prazo, suportar volatilidade e olhar para essas empresas que têm o histórico de distribuir um pedaço do seu lucro", diz Bueno ao UOL.
O especialista afirma que investir mensalmente é uma estratégia relevante também, pois o objetivo é diversificar essas ações fazendo aportes todos os meses.
"Com a democratização do acesso, você pode investir qualquer valor, seja de R$ 5, R$ 10, R$ 15, R$ 20, R$ 30, porque as empresas que têm suas ações variam os preços, permitindo que os investidores comprem uma unidade, cinco, dez, cem ou mais. Ou seja, você pode comprar qualquer valor. Outra estratégia importante na hora de fazer a escolha é observar as empresas que não estão endividadas, ou que tenham produtos que não são mais desejados pelos clientes, que estão com um momento de transição ou pouca transparência na sua gestão e tomando decisões erráticas", diz o especialista em finanças.
Bueno reforça que um bom caminho para seguir na renda fixa é ter muita diversificação, montar uma carteira com várias ações, pois a diversificação reduz o risco, já que os valores não estão concentrados em uma única ação.
Além das ações
Outro investimento da renda variável são as debêntures, que são um título de dívida que oferece a investidores a oportunidade de obter rendimentos para diversificação de seus portfólios, com potencial de alcançar retornos superiores aos de renda fixa.
Valporto diz que muitas espécies de debêntures, ativos de renda variável, têm sua remuneração atrelada ao desempenho de algum investimento específico da empresa. Já os fundos de investimento e imobiliários (FIIs), bem como os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), possuem, muitas vezes, uma "cara" de renda fixa, por terem seus rendimentos atrelados a aluguéis desses imóveis, por exemplo.
Esses fundos, que podem ser de renda fixa ou variável, são criados por instituições financeiras e geridos por profissionais, chamados de gestores, que escolhem o formato do fundo e em quais ativos o valor arrecadado com a venda das cotas será investido. Bueno diz que é um bom investimento para quem tem poucos recursos, mas lembra que devido à volatilidade, eles acabaram perdendo seu saldo nos últimos anos.
"Os fundos representam uma indústria de R$ 7 trilhões no Brasil e são tão representativos devido à democratização, com taxas baratas e acesso a uma equipe de gestão profissional. Para quem não tem tempo de acompanhar os papéis, um dos caminhos mais fáceis é a utilização de fundos de investimentos, porque eles têm gestores que acompanham de perto. Só que o brasileiro, curiosamente, quando tem somente volatilidade, ele acaba resgatando. Então, nos últimos dois anos, os investimentos perderam muito saldo porque os investidores brasileiros não aguentaram", diz.
Já as criptomoedas, moedas digitais, são ativos que circulam em um ambiente descentralizado, ou seja, sem o controle de uma única pessoa ou instituição. Diferente das ações na Bolsa, elas não são emitidas, reguladas, recolhidas ou acompanhadas por um Banco Central de um país, como o real, o euro ou o dólar, etc. Bueno diz que é um produto com muita volatilidade e que, quando surgiu, as pessoas que possuíam mais conhecimento tecnológico tinham uma vantagem competitiva, devido à dificuldade de encontrar uma plataforma específica para fazer as operações.
O bitcoin é considerada a primeira e mais famosa criptomoeda do mercado, e quem faz a fiscalização sobre a sua existência, desde a criação da primeira até a última moeda, é a própria rede de usuários desse sistema financeiro virtual.
"Os fundos de investimentos, inclusive, foram ótimas opções para as pessoas conseguirem acessar o mundo de cripto. Mas é um produto muito volátil, que precisa de uma conscientização dos investidores, muitos não entendem e têm dificuldade de operacionalizar. Então, ele é uma opção que está no portfólio de investimentos, a regulamentação do Brasil está criando fundo de cripto ativo, os Estados Unidos também, só que é um produto com muito mais volatilidade do que ações. Então, ele é para um investidor mais arrojado, com muita tolerância a essas mudanças e visão de longo prazo", afirma Bueno.
O especialista diz que um dos seus principais defensores são os mais jovens, e esse é um ativo de investimento que está crescendo no país, mas que o principal desafio é introduzir na carteira de investimentos das pessoas.
"O próprio Banco Itaú já começou a comercializar. Então, a ideia é difundir cada vez mais o universo cripto mostrando que ele tem volatilidade, mas é uma visão de longuíssimo prazo. Então, para o investidor que tem um perfil arrojado, é uma alternativa, mas sempre limitando a um percentual da carteira. O que quer dizer isso? Ele não pode botar por exemplo 10%, 20%, 30%, 40% do seu patrimônio nesse produto. Mas, se ele tiver posições que vão de 2% a 5% de um portfólio, pode ser uma boa opção", diz o especialista ao UOL.
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