Vale a pena investir em CRIs e CRAs? Veja o que dizem os investidores
Quem pensa na renda fixa logo associa esses investimentos ao Tesouro Direto. No entanto, outras opções que começam a ganhar espaço na carteira dos investidores são os CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e do Agronegócio (CRA).
Segundo dados da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, entre o segundo trimestre de 2023 e igual período deste ano, o número de investidores alocados na renda fixa registrou avanço de 7%, somando 17,7 milhões de pessoas. No caso dos CRIs e CRAs, o crescimento foi de 19% e 15%, respectivamente. Mas esses títulos são interessantes ou podem ser uma furada? Veja a opinião de especialistas.
Como funcionam os CRIs e CRAs?
São títulos em renda fixa emitidos por securitizadoras. Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos, diz que a função desses papéis é antecipar recebíveis, ou seja, créditos que uma empresa tem a receber no futuro, como parcelas de financiamento ou vendas a prazo. Assim, as securitizadoras, empresas que atuam no mercado financeiro para transformar esses créditos em títulos negociáveis, fazem a compra de diferentes recebíveis, unificam tudo em único papel e passam a oferecê-lo a investidores.
Empresas podem reforçar o caixa. Uma construtora que vendeu imóveis só receberá o valor total do empreendimento ao final de muitos anos, conforme os compradores quitarem as parcelas. Uma opção para essas empresas terem recursos e financiar novos projetos é "empacotar" esses recebíveis futuros em CRIs e negociá-los no mercado, afirma Schmitt. No modelo, os investidores que compram os títulos são remunerados ao longo do tempo, conforme o fluxo de pagamentos estipulado nos contratos.
Lastro no setor imobiliário e no agro. No caso dos CRIs, os recebíveis têm lastro no setor imobiliário, como financiamentos de imóveis residenciais, comerciais ou contratos de aluguel de longo prazo. Por outro lado, os CRAs são lastreados em créditos ligados à cadeia do agronegócio, fornecendo empréstimos para a produção, comercialização ou industrialização de produtos agrícolas, assim como recursos para a expansão de indústrias do setor.
Quanto rende? Quais os benefícios?
Rendimentos são isentos de IR para pessoa física. Essa é uma grande vantagem sobre os títulos do Tesouro Direto e de opções como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário). No caso dos títulos públicos, o pagamento de imposto à Receita Federal varia entre 22,5% a 15%, segundo o tempo em que o dinheiro permanecer investido. Para saber qual a melhor opção, a indicação é sempre fazer as contas.
Valor para investir depende da emissão. Muitas instituições financeiras costumam disponibilizar esses investimentos por a partir de R$ 1.000, mas isso pode chegar a R$ 10 mil e até mesmo superar esse patamar.
Remuneração por prefixada, pós-fixada ou pela inflação. No caso da inflação, o retorno é pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que segue a inflação do país) mais uma taxa predefinida. Por outro lado, o rendimento também pode usar como referência o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) —taxa utilizada por bancos em empréstimos de curto prazo e também próxima da taxa básica de juros— ou a própria Selic. Os ganhos também podem ser prefixados, que é quando o investidor já sabe, no momento da compra, o quanto vai receber na data de vencimento.
Rendimento cresce de acordo com prazos mais longos dos títulos. É o que afirma Alexandre Dellamura, head de conteúdo e mestre em economia. Assim, o que era 95% do CDI para o prazo de um ano pode passar a ser 110% do mesmo indicador para um período de cinco anos.
É indicado para qualquer investidor?
Há alguns riscos nesses investimentos. O primeiro deles é o risco de crédito, ou seja, se uma empresa responsável pelos recebíveis não honrar os pagamentos, o investidor pode não receber o retorno esperado. Por isso, vale observar o perfil da empresa e a sua operação antes de investir. Dellamura diz que, diferente de títulos do Tesouro Direto ou CDBs, os CRIs e CRAs não possuem cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Risco de liquidez. Na renda fixa, há algumas opções que permitem o saque antecipado dos investidores, algo comum em emergências. Mas não é o caso dos CRIs e dos CRAs, que não permitem o resgate antecipado, diz Diogo Cabral, sócio da One Investimentos. Por isso, se sacar os recursos antes do prazo, é provável que o investidor sofra com a marcação a mercado.
Risco de mercado. A negociação no mercado secundário acontece quando um investidor repassa um determinado título a outro investidor interessado. É uma alternativa para quando o investidor deseja se desfazer do papel antes do vencimento. Entretanto, esses investimentos podem oscilar no mercado secundário e afetar os preços, diz Schmitt, da Manchester.
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