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Como investir em bolsas: artigos de luxo rendem até 3% ao mês

Atualmente, 6 milhões de pessoas físicas no Brasil investem na Bolsa de Valores de São Paulo. Elas não estão muito contentes com o retorno, uma vez que o Ibovespa no ano passado recuou 10,36%.

Mas um grupo bem menor de pessoas físicas está comemorando o investimento em bolsa, ou melhor, bolsas de luxo. Em 12 meses, eles conseguiram um retorno de aproximadamente 32,4% (2,7% ao mês). São os participantes da SCP (Sociedade em Conta de Participação) criada pela empresária carioca Isabel Braga.

Como surgiu o fundo?

Isabel Braga é a criadora da plataforma de moda circular Closet BoBags, um site de comércio online para aluguel de artigos de luxo. São bolsas Louis Vuitton, que custam em média R$ 20 mil e podem chegar a R$ 27 mil, conforme o modelo. Ou Gucci, que não saem por menos de R$ 23,9 mil.

Ter uma coleção com quatro ou cinco bolsas dessas paradas no armário é quase um sacrilégio financeiro. "Então, em 2016, criei esse site para aluguel das bolsas de várias marcas de luxo. Ganha a dona do artigo, que faz dinheiro com os aluguéis, e economiza quem quer usar os artigos apenas uma ou duas vezes", explica ela.

O valor do aluguel de uma bolsa começa em R$ 399 por quatro dias. Há também sapatos e roupas de neve luxuosas, para quem vai viajar para esquiar. Um macacão de grife é alugado por R$ 900 para um período de sete dias. O preço de venda, no mercado, é de mais de R$ 10 mil.

As pessoas não precisam comprar peças que serão pouco usadas e, logo, descartadas. A economia circular promove a possibilidade de acesso a itens de qualidade, com um melhor aproveitamento do que é produzido.
Isabel Braga, criadora da Closet BoBags

Mas houve um problema: a demanda dos aluguéis cresceu mais que a oferta de bolsas. Os clientes queriam alugar modelos que a BoBags não tinha e nem teria como comprar sem um investimento externo.

Foi aí que, em 2022, Isabel teve a ideia de criar um fundo para comprar e investir nessas bolsas de luxo. Ela formou um grupo de seis amigos que entraram cada um com valor, de R$ 50 mil a R$ 100 mil. Com o total arrecadado, ela comprou as bolsas mais desejadas pelos clientes e passou a alugá-las. Os amigos recebiam uma parte do valor desses aluguéis e, quando as bolsas fossem vendidas, depois de um ano ou mais, eles teriam o investimento de volta.

O sucesso foi tanto que Isabel está repetindo a dose já pela sexta vez. Nesses três anos em que Isabel geriu os grupos de investidores, ela já movimentou R$ 3,5 milhões. O grupo de investidores número seis está sendo formado agora, ainda restrito a pessoas que ela conhece ou indicados por investidores.

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Mas a empresária pensa em abrir um fundo formal para essa modalidade e, assim, estender o investimento para o público. "Isso depende de fechar um acordo com uma gestora de recursos ou securitizadora. Existem conversas em andamento, mas nada ainda foi fechado", diz Isabel.

O assessor de investimentos Marcelo Marotta — que atualmente está morando num veleiro em ano sabático com a família na ilha de Guadalupe, no Caribe, participou do quarto e quinto grupo. Ele está considerando investir novamente no sexto, de tão feliz que ficou com o retorno.

Na primeira vez, ele investiu R$ 50 mil. Teve ganhos 3% ao mês, com os dividendos do aluguel de bolsas. Quando elas foram vendidas, cerca de 18 meses depois, ele recebeu os R$ 50 mil iniciais, mas já tinha acumulado R$ 35 mil em dividendos (antes do desconto de impostos). "Conheço a Isabel desde os tempos de faculdade e gostei muito do modelo de negócios dela. Por isso quis investir e foi muito bom", afirma ele.

Embora 85% dos clientes de aluguel e compra de bolsas sejam mulheres, nos grupos de investimento elas são minoria. Do total de cerca de 25 investidores, só dois são do sexo feminino. "Isso é uma coisa que precisa mudar", diz a empresária.

Quais são os riscos?

Como é um negócio entre pessoas físicas, a Sociedade em Conta de Participação não é regulada por nenhum órgão e isso é um grande risco. Mas se a modalidade virar um fundo formal, conforme os planos de Isabel, o investimento terá que ser regulamentado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

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Esse tipo de investimento não é aconselhado por especialistas. A ABAI - Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos - recomenda que os investidores busquem produtos regulados. "Recomendamos aos investidores que procurem apenas assessores de investimentos registrados na CVM e vinculados a um intermediário de valores mobiliários", diz Francisco Amarante, superintendente da associação.

Outro risco pode ser a falta de informações. BoBags tem cerca de 70 mil clientes cadastrados que alugam e que também podem comprar os artigos. Mas Isabel Braga não revela o faturamento anual, nem a expectativa de crescimento para este ano.

Expansão

A ferramenta eletrônica que viabiliza a plataforma deu tão certo que a empresária agora está comercializando o modelo. O software, que estrutura as operações de aluguel, venda, assinatura, consignação e logística reversa, agora está sendo comercializado para outras marcas.

Uma delas é uma plataforma de surf para mulheres. Pelo software, a marca faz a gestão do aluguel e venda de pranchas, por exemplo. O mesmo acontece com uma distribuidora de máquinas de café expresso.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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