Ação desconhecida sobe 17% e desbanca queridinhas do mercado

Uma ação novata no mercado está desbancando grandes nomes da Bolsa em valorização.
São os papéis da Automob (AMOB3), nova empresa do grupo Simpar (SIMH3) de transportes e logística, dono de companhias como a transportadora JSL (JSLG3), Movida (MOVI3), de aluguel de veículos, dentre outras.
O que está acontecendo?
A Simpar anunciou em setembro que iria separar as operações de locação e concessionárias da Vamos (VAMO3). Assim, a Vamos ficou apenas com os negócios de locação de caminhões, máquinas e equipamentos. A Automob, que passou a ser negociada no dia 16 de dezembro na Bolsa, é uma rede de concessionárias em 19 municípios do país que se dedica à venda de veículos e seguros por meio de sua corretora própria, a Madre Seguros.
Na estreia na Bolsa, as ações foram postas a venda a R$ 0,17 e tiveram alta no primeiro dia de 168%. Mas, até o final de 2024, tiveram queda. Este ano, entretanto, houve recuperação. Até 5 de fevereiro, AMOB3 tinha ganhos acumulados de 17,2%. Para a XP, agora, a ação vem sendo negociada pelo preço correto. "Vemos o mercado tendo precificado o negócio de forma justa, pois o aumento do preço de AMOB3 foi compensando uniformemente pela queda que ocorreu ao mesmo tempo com VAMO3", publicou a corretora.
Neste ano, porém, o ativo teve valorização maior que de ações conhecidas, como as do frigorífico Marfrig (MRFG3), que valorizou 13,8% no mesmo período. Também superou a Brava Energia (BRAV3), que teve alta de 12,2% no mesmo intervalo.
Por que a ação subiu tanto?
A Automob é uma das maiores redes de concessionárias do Brasil, com 192 lojas, segundo relatório da Nord. A marca inclui redes de lojas como Grupo Alta, Hpoint, Rpoint, Sonnervig, SeuCarro, entre outras. "Isso dá a ela uma grande presença no mercado e mais eficiência nos negócios. Além disso, a empresa está crescendo e fazendo aquisições, o que pode ser um bom sinal para o futuro", diz Douglas Sousa, professor e sócio da Top Gain, plataforma educacional sobre o mercado financeiro.
Além disso, a ação é vendida a centavos. Em 6 de fevereiro, estava cotada a R$ 0,28. Quando um papel tem valor tão baixo, qualquer retirada ou investimento faz o ativo oscilar muito, tanto para cima quanto para baixo. "O volume de negociações da ação é baixo, ou seja, pode ser difícil vender rapidamente se precisar", diz Sousa. O valor de mercado da empresa é de R$ 530 milhões.
Balanço
Seu relatório trimestral será publicado em 25 de março, com os números do quarto trimestre de 2024. Entre julho, agosto e setembro do ano passado, a receita líquida foi de R$ 789,1 milhões, um crescimento de 28,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Mas o lucro operacional das concessionárias foi negativo. Foi um prejuízo de R$ 7,8 milhões, segundo a empresa, refletindo principalmente os resultados ainda fracos das concessionárias relacionadas ao agronegócio. Em 30 de junho de 2024, a dívida líquida foi de R$ 92,7 milhões, 23,9% inferior ao registrado ao final de dezembro de 2023.
Quais os riscos?
À primeira vista, parece ser tentador comprar uma ação no início de sua criação. A empresa também parece promissora, uma vez que tem R$ 11,9 bilhões de receita.
Mas sua margem de lucro (a margem Ebitda - lucro operacional de uma empresa antes de deduzir juros, impostos, depreciação e amortização) é de apenas 3,5%, segundo a casa de análise de investimentos Nord. "A companhia também nasce com uma dívida líquida de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, representando uma alavancagem de 3,8 vezes o Ebitda", publicaram os especialistas da casa.
A venda de veículos também está muito ligada aos juros. Quanto mais altos, menos vendas acontecem. Então, inflação, taxa de juros e confiança do consumidor são fatores que pesam no desempenho da empresa. Por esses motivos, a compra dessa ação pode representar mais riscos que ganhos. A Nord, por exemplo, recomenda a venda.
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