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Quais os investimentos mais seguros após as medidas de Trump?

Após retornar à Casa Branca para mais um mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou a taxação de produtos de diferentes países. Na lista, estão o aço e o alumínio provenientes do Brasil. Neste cenário de guerra tarifária, quais as opções mais seguras para os investidores?

O que está acontecendo?

Após a posse, o novo presidente dos EUA anunciou a taxação a produtos brasileiros. As tarifas são de 25% para o aço e o alumínio produzidos no país. Além disso, o etanol também está na mira do republicano. "A tarifa dos EUA em etanol é de meros 2,5%. Já o Brasil cobra dos EUA tarifas de exportação de 18%", criticou Trump.

Trump iniciou mandato com guerra tarifária. Os Estados Unidos resolveram taxar em 25% o México e o Canadá, além da China em outros 10%. O argumento é que eles colaboram com a entrada de drogas e imigrantes ilegais nos EUA, algo que é prontamente refutado por esses países. Mais tarde, o presidente suspendeu, até março, as taxas contra México e Canadá.

Medidas criam ambiente inseguro para investidores. Para o sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcelos, isso acontece sobretudo porque as medidas parecem, em muitos casos, aleatórias e pouco planejadas. Ele diz que muitos investidores têm optado pela renda fixa, adotando uma postura mais cautelosa, em razão dos prêmios elevados.

Investidores podem deixar de aproveitar oportunidades. Isso porque está em curso uma reavaliação global das cadeias de suprimentos. Neste contexto, ressalta Vasconcelos, o Brasil pode ter papel importante por meio de novos acordos comerciais, a exemplo da parceria entre Mercosul e União Europeia.

Quais os investimentos mais seguros com a guerra comercial?

Mineradoras e agro entre os beneficiados. A análise é que companhias do agronegócio, de alimentos e de exploração de minerais relacionados à transação energética devem ser beneficiadas no curto prazo, dado o diferencial competitivo do Brasil.

China tem redirecionado compras de alimentos dos EUA para o Brasil. Entre os itens, estão soja, milho e a carne, diz o CEO da MA7 Negócios, André Matos. Ele lembra que os produtores brasileiros ainda podem ganhar mais com a conquista de novos contratos de exportação de commodities agrícolas que antes eram dominados pelos norte-americanos.

Exportadoras agrícolas levam vantagem. Entre os exemplos de empresas listadas na Bolsa, estão JBS e BRF. Ambas têm presença no mercado global de alimentos e devem sair na frente em regiões onde exportadores concorrentes de Canadá e México também sejam afetados, afirma o CEO da Gravus Capital, Ricardo Trevisan Gallo. Antes de investir, a dica é buscar companhias com baixo endividamento, que sejam sólidas e menos dependentes dos Estados Unidos.

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Empresas de tecnologia são pouco afetadas por barreiras tarifárias. Entre os exemplos, Gallo menciona companhias como Totvs e Locaweb. "Negócios de software são serviços digitais menos afetados por barreiras tarifárias e que geralmente apresentam margens um pouco maiores, porque têm mais capital intelectual e menos dependência da exportação de commodities."

Renda fixa deve estar no radar dos investidores. Com a taxa básica de juros em 13,25% ao ano, o CEO da Gravus Capital pondera que além de investimentos do Tesouro Direto, títulos privados como CDBs (Certificados de Depósito Bancário, LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), também figuram entre as opções.

Apesar de os Estados Unidos serem a maior potência do mundo, em algum momento eles terão que entender que não podem brigar com dezenas de países ao mesmo tempo.

André Matos, CEO da MA7 Negócios

Devo descartar investimentos nos setores de aço e alumínio?

Não necessariamente. Gallo, da Gravus Capital, diz que ainda que esses segmentos sintam mais os efeitos na Bolsa, muitas companhias têm negócios diversificados e não dependem apenas dos EUA. Um exemplo é a Gerdau, que opera em diversos países e reduziu a sua dívida nos últimos anos. O outro é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que também atua em mineração e logística, além do aço.

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Mas é preciso estar alerta sobre a rentabilidade. Vasconcellos, da Equus Capital, lembra que não se deve, necessariamente, abandonar ações de siderúrgicas e metalúrgicas. Mas negócios altamente dependentes do mercado americano podem enfrentar dificuldades, o que exige uma abordagem mais cautelosa.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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