Só para assinantesAssine UOL

Soma e Arezzo estão se separando? Rumores afetam valor das ações

Não se fala em outra coisa no mundo da moda: um ano e um mês após o anúncio da fusão entre Arezzo&Co e Soma (das marcas Hering, Farm, entre outras) o grupo pode estar se separando.

A promessa era que a união, que originou a Azzas 2154 (AZZA3), criaria o maior conglomerado de moda do Brasil, com faturamento combinado de R$ 12 bilhões. Mas não é bem isso que o mercado está vendo.

O que está acontecendo?

Meses após o anúncio, surgiram os primeiros sinais de desgaste. A fusão anunciada em fevereiro de 2024 começou a dar sinais de desgaste já em outubro do ano passado. Foi nessa data que a empresa confirmou que o diretor de Integração, Paulo Kruglensky, havia deixado o cargo.

No início do mês, a empresa publicou um balanço do quarto trimestre de 2024 negativo. Houve queda de 35,8% no lucro líquido na comparação anual, em base proforma, para R$ 168,9 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 519,2 milhões, com alta de 4,1% ano contra ano. As despesas foram de R$ 1,52 bilhão, total 16,4% maior que 12 meses antes. A margem líquida foi de 5%, com queda de 3,8 pontos percentuais.

Fusão estava custando caro. O que é considerado normal após duas empresas se unirem. Há gastos com demissões e renegociações de contrato.

O problema é que o mercado não comprou a ideia das duas empresas juntas. No ano passado, AZZA3 teve queda de 52,90% do valor, conforme a Economatica. Ou seja, metade do valor de mercado evaporou. Este ano, a queda continua, com desvalorização de 18,09% até 26 de março. O Azzas vale atualmente R$ 5,02 bilhões na Bolsa. Para se ter uma ideia da perda de valor, o Soma havia pago R$ 5,1 bilhões pela Hering em 2021.

Rumores

Recentemente, circulou na imprensa a informação de que os dois principais acionistas contrataram assessores para tratar da separação. Alexandre Café Birman, da Arezzo, e Roberto Luiz Jatahy Gonçalves, do Soma, teriam desistido da Azzas 2154.

A questão é que as fusões em geral são pensadas da ótica financeira. Mas são valores intangíveis, como ego, vaidade corporativa, cultura organizacional que fazem ou não a equação ser positiva
Cecilia Troiano, presidente da consultoria de marcas TroianoBranding

Continua após a publicidade

Foi por isso, segundo a especialista, que no mercado de moda a Azzas 2154 ganhou o apelido de "surubrand". As duas empresas têm, conforme ela, linguagens diferentes e culturas muito distintas e isso dificulta a integração. Além disso, comenta-se que houve uma disputa de vaidades entre os dois sócios, Birman e Jatahy. Birman virou o presidente do Grupo; e Jatahy lidera a unidade de moda feminina, reportando-se a Birman.

Como o mercado vê os rumores?

Embora a empresa não confirme planos de separação, o estrago já está feito. Em nota, os dois disseram que "'no momento, não há qualquer discussão em andamento sobre compra de participação ou sobre cisão ou segregação de negócios da companhia", e que os dois "dialogam constantemente sobre aprimoramento na governança do Azzas 2154" e que "tais conversas podem culminar em eventuais ajustes no acordo de acionistas vigente". Ambos frisaram, das interlocuções, "não há qualquer negócio celebrado entre eles".

As notícias geram incertezas para os investidores, para os fornecedores e para os funcionários do grupo, que tem mais de 2 mil lojas. "A cadeia inteira é impactada", diz Cecilia Troiano.

Ninguém gosta de investir em ações de empresas que podem se separar. É o que diz Lucas Barbosa, analista da Ativa Investimentos. "Apesar da ação estar com um preço bom, ninguém compra porque o cenário é negativo: o que vai acontecer com a empresa? Como vão conseguir financiamento?", questiona ele.

E há outras interrogações: Com o ficaria o grupo Soma? Como ficaria a Arezzo? E os R$ 1,52 bilhão gasto com integração até o fim do ano passado? Antes da fusão, a Arezzo tinha uma dívida líquida de R$ 331,4 e lucro de R$ 121,8 milhões, no quarto trimestre de 2023. O Soma devia R$ 816,7 milhões e vinha de um resultado financeiro líquido negativo em R$ 58,9 milhões no mesmo intervalo.

Continua após a publicidade

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.