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Ações do GPA sobem após anúncio de mudança no conselho da empresa. Entenda

As ações do GPA Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) estão em alta de mais de 10% hoje, passando de R$ 2,72 para mais de R$ 3.

O movimento acontece após o GPA ter divulgado que o fundo Saint German, gerido pela Trustee, do empresário Nelson Tanure, pediu uma reunião extraordinária dos sócios para destituição integral do Conselho de Administração da varejista.

O que está acontecendo?

Possível fusão e mudança no conselho animaram investidores. O mercado gostou das notícias recentes sobre o GPA e, por volta de 14h, as ações estavam em alta de 11,76%, para R$ 3,04. E motivo é a possível fusão da rede Dia com o GPA.

A história toda começou em maio de 2024. Até então, o Grupo Dia anunciou a venda de toda a sua operação no Brasil. A empresa espanhola estava no Brasil há 23 anos e passava por uma recuperação judicial. Fechou 343 lojas e ficou com 244.

Em dezembro, por meio do fundo Arila, Nelson Tanure assumiu o controle do grupo. O passo seguinte foi, no mesmo mês, aumentar a participação do fundo Reag Trust no GPA para 9,56%. Em janeiro, a Trustee, de Tanure, passou a gerir os fundos que eram da Reag e que detinham participação no GPA.

O objetivo de Nelson Tanure é realizar a fusão da rede Dia com o GPA. Para isso, Tanure, junto de Ronaldo Iabrudi (ex-presidente e atual conselheiro do GPA e do Casino, que controlou o GPA até março do ano passado), entraram com o pedido de Assembleia Geral Extraordinária dos sócios para destituição do conselho. Três nomes serão mantidos e outros seis novos devem assumir o comando da empresa de supermercados.

Os novos membros seriam:

  • Helene Bitton, diretora de fusões e aquisições do Casino
  • Líbano Barroso, ex-vice-presidente e conselheiro fiscal do GPA e também ex-membro do conselho da Casas Bahia (BHIA3) e indicado por Iabrudi
  • Sebastián Los, ex-presidente e ex-diretor financeiro da Cencosud Brasil
  • Pedro Borda, membro do conselho da Aliança Saúde, empresa de Tanure
  • Rodrigo Tostes, diretor financeiro da Light, de Tanure
  • Eliana Chimenti, conselheira da Hypera (HYPE3)

Ronaldo Iabrudi seria o novo presidente do grupo. Ele ocuparia o lugar de Marcelo Pimentel (que seguiria no conselho, com Cristophe Hidalgo e o próprio Iabrudi).

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Quem é Nelson Tanure?

É uma figura polêmica do empresariado brasileiro. Tanure conhecido por comprar empresas em dificuldades para vendê-las mais caro adiante. Natural de Salvador, começou a fazer esse tipo de negócio nos anos 80, com empresas do setor de estaleiros e petróleo.

Fez fortuna ao adquirir a Sequip, de serviços de engenharia voltada para a indústria de petróleo. Na sequência, investiu no setor naval ao adquirir o estaleiro Verolme, que estava em concordata. Nos anos 2000, adquiriu a Intelig por R$ 10 milhões e a vendeu mais tarde para a TIM por cerca de R$ 650 milhões.

Ele também acumula fracassos. Em 2001, assumiu o Jornal do Brasil. Dois anos depois, arrendou a Gazeta Mercantil, jornal de economia fundado em 1920. O JB saiu de circulação em 2018 por sete anos e só voltou ao digital depois de Tanure ceder a marca. A Gazeta foi extinta em 2009.

Hoje, ele é sócio de várias empresas. Dentre elas, a Light (LIGT3), Alliança Saúde (AALR3), Gafisa (GFSA3), PRIO (PRIO3), TIM Brasil (TIMS3), Docas, Sequip e Ligga (energia). "Tanure construiu uma reputação de investidor ousado, que busca reverter situações críticas com estratégias agressivas de corte de custos, venda de ativos e mudança na gestão", diz Daniela Lopes, planejadora financeira e assessora da Ébano Investimentos.

Por que o mercado reagiu bem?

Pode colocar a 'casa em ordem'. Ele é visto por parte do mercado como alguém capaz de destravar valor e recuperar empresas enfraquecidas. "No caso do GPA, a presença de Tanure é interpretada como uma tentativa de colocar a casa em ordem", diz Daniela.

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A companhia enfrenta dificuldades operacionais. No quarto trimestre de 2024, o GPA teve prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão, aumento de 264,6% em relação ao mesmo período de 2023.

Possível fusão com a rede Dia poderia fortalecer a competitividade da operação. "Também ampliaria a presença da companhia no varejo alimentar", diz Daniela.

Para a Ativa Investimentos, entretanto, ainda é cedo para definir se esse movimento é positivo ou negativo. "Esperamos que a companhia não se desvie de seu foco, principalmente pelo fato de o grupo ter marcas fortes e com boa rentabilidade", publicou a corretora, em relatório sobre o tema. A Ativa não recomenda nem a compra, nem a venda da ação. "Há receios de que decisões mais radicais possam afetar a imagem institucional do GPA ou levar a disputas internas", completa Daniela.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.