Ações: quais foram as maiores altas e baixas de março?
Ler resumo da notícia
O recorde de exportações de carne no início do ano acabou se refletindo na Bolsa em março. Das cinco ações que mais subiram no mês, três são de frigoríficos.
Dentre as baixas, o destaque foi a Natura (NTCO3), de cosméticos. Com um prejuízo de R$ 438,5 milhões no último trimestre de 2024, o mercado se assustou com a queda nas margens da companhia. Confira as cinco maiores quedas e altas do período:
Maiores altas
- Minerva (BEEF3) 42,99%
- Magaz Luiza (MGLU3) 41,96%
- Cogna (COGN3) 37,5%
- JBS (JBSS3) 32,66%
- Marfrig (MRFG3) 32,5%
Maiores baixas
- Grupo Natura (NTCO3) -22,74%
- Marcopolo (POMO4) -16,73%
- Azul (AZUL4) -14,99%
- Cemig (CMIG4) -6,15%
- Suzano (SUZB3) -5,98%
Fonte: Economatica, de 1 a 31 de março de 2025
O que explica as altas?
O Brasil bateu o recorde de exportação de carne bovina em fevereiro. Foram 219 mil toneladas exportadas mundialmente, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Foi o maior volume exportado para um mês de fevereiro desde 1997. Problemas nas produções locais de outros grandes exportadores, como os Estados Unidos, ajudaram nos maiores embarques do produto brasileiro. Com isso, Minerva, JBS e Marfrig dominaram o ranking, com altas acima de 30% no mês.
A vice-campeã de março - Magazine Luiza - teve o quinto lucro trimestral consecutivo. No quarto trimestre de 2024, o saldo positivo foi de R$ 294,8 milhões, um aumento de 38,9% em relação ao mesmo período de 2023.
E tem a expectativa de queda nos juros. "Com a queda na previsão dos juros futuros, que devem baixar nos próximos meses e anos, se beneficiam CVC e Magazine Luíza", diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos. Essas são empresas com grande endividamento e que dependem de financiamento para venda. Então, a expectativa de baixa nas taxas atrai os investidores.
A melhora de Cogna, que caiu 68,77% em 2024, também chamou atenção. As ações da dona do colégio Pitágoras, da faculdade Anhanguera e do Sistema Anglo de Ensino estão em recuperação depois da melhora na gestão financeira, após investimentos de R$ 338 milhões no último trimestre.
E as baixas?
A Natura foi a maior queda principalmente depois de apresentar seu balanço, em 14 de março. Apenas em um dia, os papéis da fabricante de cosméticos tiveram baixa de 30%. O maior gargalo foram os gastos com a Avon International, que também acabaram impactando as margens da empresa. A Avon passa por um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. O impacto negativo com o suporte ao processo foi de R$ 450 milhões. A Natura informou que está buscando vender a marca ou conseguir um investimento minoritário, mas não divulgou em que pé estão as negociações
A queda do dólar explica o impacto nas ações da fabricante de ônibus Marcopolo e da produtora de papel Suzano. Ambas são companhias com forte exportação e com a valorização do real, seus produtos ficam mais caros. No ano, o real acumulada alta de em 7,84% frente ao dólar. "Também houve as tarifas americanas ao setor de autopeças, lembrando que a Marcopolo tem uma unidade no México e exporta para os EUA", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
Em relação à Cemig, a companhia de energia deve diminuir a distribuição de dividendos. Isso afastou os investidores. Obstáculos políticos que podem emperrar a privatização da empresa também não agradaram.
Com a Azul, a questão é a oferta pública primária de ações que a empresa quer lançar. O objetivo é captar recursos, para resolver problemas financeiros. Só isso já é um sinal de alerta para o investidor. Mas uma nova emissão provoca um aumento da oferta das ações no mercado, o que, consequentemente, dilui a participação dos atuais acionistas que não comprarem os novos papéis.
Como deve ser abril?
Tudo vai depender do dólar e das tarifas ao comércio internacional que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve anunciar nesta quarta-feira (2). Elas vão determinar se o fluxo de capitais vai continuar seguindo para mercados emergentes, ou não. "O dólar está sobrevendido (com valor abaixo do que deveria) devido aos temores de recessão", diz Matthew Ryan, diretor de estratégia de mercado do Ebury bank. "O dólar subiu de forma generalizada no final de 2024, pois os investidores apostaram que as tarifas de Trump pesariam sobre a economia global e manteriam a inflação dos EUA mais alta por mais tempo", explica ele. "A política errática de Trump e os sinais de deterioração dos dados econômicos dos EUA aparentemente aumentaram a ameaça de uma recessão", afirma ele.
Para Max Bohm, analista da Nomos, haverá uma continuidade da valorização das Bolsas emergentes, dentre elas a do Brasil. "Com outros mercados emergentes passando por crises, como México, Argentina e Turquia, vai sobrar positivamente para nós aqui", diz ele. As ações de frigoríficos, segundo Lage, da Valor, devem continuar tendo ganhos.