Ações que custam menos que uma balinha para quem quer começar na Bolsa
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Uma balinha de no máximo R$ 5. Mas com esse mesmo valor — ou menos — é possível comprar ações e fazer seu dinheiro render. Só este ano, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, já rendeu mais de 9%.
Só em março, por exemplo, o Ibovespa teve alta de 6,08%. Foi bem mais que o Certificado de Depósito Interbancário, o CDI, que baliza as aplicações de renda fixa. O CDI do mês ficou em 0,91%. A poupança, por sua vez, rendeu 0,58% no período.
Como começar?
Apesar de alguns bancos e corretoras exigirem investimentos mínimos de R$ 100, R$ 500, muitos não impõem esse valor inicial. PagBank, Banco Inter e a Genial corretora são algumas dessas instituições. Tudo pode ser feito pelos aplicativos.
Quais são as ações que custam menos de R$ 5?
- Vamos (VAMO3) - R$ 4,43
- Petz (PETZ3) - R$ 4,04
- Azul (AZUL4) - R$ 3,20
- Pão de Açúcar (PCAR3) - R$ 3,03
- Locaweb (LWSA3) - R$ 2,71
- Hapvida (HAPV3) - R$ 2,22
- Cogna (COGN3) - R$ 2,16
- CVC (CVCB3) - R$ 2,14
- Raízen (RAIZ4) - R$ 1,87
- Automob (AMOB3) - R$ 0,26
Em quais vale a pena investir?
Nem toda ação que custa pouco é um bom investimento — embora existam oportunidades. A Automob, de locação de caminhões, máquinas e equipamentos, por exemplo, estreou no Ibovespa este ano e já vai sair, em 5 de maio, porque não atingiu o limite mínimo de R$ 1 para se manter no índice, assim como a Locaweb.
Quando o valor do papel é pouco, qualquer retirada ou investimento pode fazer o ativo oscilar muito, tanto para cima quanto para baixo. "O volume de negociações da ação é baixo, ou seja, pode ser difícil vender rapidamente se precisar", diz Douglas Sousa, professor e sócio da Top Gain, plataforma educacional sobre o mercado financeiro.
Mas algumas delas são oportunidades. São companhias que podem faturar mais este ano e nos próximos e, sendo assim, o valor da ação tende a subir.
A Vamos, empresa brasileira que atua na locação de veículos pesados, como caminhões, máquinas e equipamentos, pode ser uma boa compra. "A companhia mostrou força em um ambiente de juros elevados, mantendo uma operação eficiente com frota locada com 84% de ocupação", diz Thiago Tavares Silva, analista da Lumi Research. No ano até 2 de abril, a ação continua no negativo, com queda de 0,21%. O banco BTG aposta nessa compra também. E calcula que em 12 meses o ativo pode chegar a R$ 15.
A rede de hospitais e seguro saúde Hapvida também pode ser uma boa. Mas também ainda está no vermelho em 2025, com baixa de 2,24%. "A receita líquida cresceu 8% de 2023 para 2024 para R$ 7,47 bilhões, sustentada por um tíquete médio (gasto dos clientes) 10% maior", explica Silva. Mas há um sinal de alerta que pode afetar as ações: a companhia precisa guardar dinheiro para contingências legais (R$ 361 milhões no quarto trimestre de 2024). "Isso afeta os resultados, o que demanda atenção", diz ele. Por esse motivo, o banco americano Goldman Sachs reduziu o preço alvo das ações. A expectativa de ganhos era anteriormente de R$ 4,30 e caiu para R$ 4 em 12 meses.
As ações da Cogna, dona do colégio Pitágoras, da faculdade Anhanguera e do Sistema Anglo de Ensino, são a estrela do Ibovespa este ano, com alta de 91,74% este ano. Para ilustrar como as coisas mudam na Bolsa, em 2024, o papel da Cogna teve o terceiro pior resultado do índice. "Recomendamos a compra das ações da Cogna com base na redução da dívida líquida, com uma melhora significativa no balanço. A companhia mantém foco na eficiência operacional, com espaço para otimizar custos de marketing", diz Silva.
Por isso, a corretora XP prevê que a ação tem espaço para valorizar ainda 118% este ano. "O setor parece estar caminhando para outra temporada positiva de captações, há oportunidades substanciais de economia que não estimávamos e a alavancagem (endividamento) — que considerávamos uma das principais preocupações — pode ser menor do que pensávamos", publicou a corretora.
E as outras ações?
O analista da Lumi não recomenda a compra das ações da Petz devido à guerra de preços no setor. A companhia teve uma desaceleração das vendas digitais e demanda mais fraca.
Já a companhia aérea Azul fica de fora porque tem uma elevada alavancagem. Esse indicador mede o endividamento de uma companhia e sua capacidade de pagamento. Ele é calculada dividindo-se o total da dívida pelo seu Ebitda dos últimos 12 meses - os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou seja: o caixa que a empresa gera somente com a sua operação.
No caso da Azul, a alavancagem é de 4,9 vezes o Ebitda, o que é bem alto, principalmente porque a empresa foi impactada pela desvalorização do real no fim do ano passado. "Há incertezas na reestruturação de capital, que inclui uma potencial oferta de R$ 200 milhões, podendo levar a diluições do preço das ações e também falta de clareza sobre a fusão com a Gol (GOLL4)".
O problema do Pão de Açúcar é que a empresa passa por reformulações no Conselho Administrativo, o que pode gerar instabilidades. Já a Raízen, que opera no setor de álcool e açúcar, teve problemas com incêndios que afetaram a produção.
Na coluna do meio
A CVC é uma aposta que pode ou não valer a pena. Como existe uma expectativa de queda nos juros nos próximos meses, a CVC, que depende de vendas parceladas, pode se beneficiar. Mas o analista da Lumi ressalta alguns desafios, como dificuldades na gestão financeira, a queda nas operações na Argentina e a concorrência com agências de viagem online. Entretanto, a XP acredita no investimento, prevendo que a ação tem espaço para valorizar ainda 118% este ano.
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