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Bitcoin chega ao menor valor desde novembro; vale investir?

A guerra tarifária desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrubou as Bolsas de Valores mundo afora, criando uma aversão a risco dos investidores. Neste contexto, a principal criptomoeda do mundo, o bitcoin (BTC), chegou a valer US$ 76 mil ontem, o menor valor desde novembro. Mas é uma boa investir agora? Saiba mais.

O que está acontecendo?

Tarifaço gerou venda em massa de ativos. Beto Fernandes, analista da Foxbit, diz que esse movimento acompanha não só o temor por 'estagflação' nos EUA — quando há inflação em alta com recessão da economia — como no mundo. O cenário impacta sobretudo ativos de risco, como ações e as próprias criptomoedas.

Outros países podem retaliar os Estados Unidos. Após a China impor uma tarifa recíproca de 34% sobre a importação de produtos norte-americanos, o temor entre os investidores é que a União Europeia possa seguir um caminho similar, o que poderia agravar a crise nos mercados.

Guerra comercial tem foco na Ásia. Apesar de acontecer em âmbito global, a disputa sugere uma possível pressão sobre a China na disputa pela dominância econômica no mundo, diz Fernandes.

ETFs de bitcoin foram impactados. O fluxo negativo desses fundos de índice de bitcoin negociados em Bolsa se deve ao reposicionamento de investidores institucionais, que buscam estabilidade em meio a turbulência. "Foi a primeira vez que a gente começou a ver saída dos ETFs depois de tanto tempo de entrada positiva, o que é uma coisa normal pensando no perfil de investidor que entrou no mercado cripto nos últimos meses", afirma o CEO do Cointimes, Isac Honorato.

É uma boa investir em bitcoin agora ou vale esperar?

Fundamentos continuam sólidos. Honorato explica que esse período de correção nos preços resulta em oportunidades interessantes tanto para quem já investia como para aqueles que estão interessados em entrar no segmento. "Estamos vendo a solana (SOL) a US$ 105, o bitcoin a US$ 76 mil, e a XRP, a US$ 1,88. Ou seja, as criptomoedas estão com preços que estavam há alguns meses", diz.

Detentores de ETFs nos EUA tendem a reduzir posições na criptomoeda. É o que afirma Luiz Pedro Andrade, analista da Nord Investimentos. Essa iniciativa por parte das grandes empresas pode afetar e reduzir os preços nas próximas semanas.

Bitcoin permanece desinflacionária. O analista da Nord diz que por não estar ligado a nenhum estado e contar com emissão finita. A cada halving, processo em que mineradores de bitcoin utilizam supercomputadores para gerar novas moedas, são criados uma quantidade menor de ativos, reduzindo a disponibilidade e, portanto, o seu preço.

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Não sabemos o que vai acontecer. Não dá para dizer se o preço vai cair mais. Mas estamos em uma região muito importante para o bitcoin: os US$ 78 mil. Ele já perdeu os US$ 80 mil, que era uma barreira psicológica, e agora está nos US$ 78 mil, que também é um ponto-chave. Temos que aguardar para ver se o mercado vai conseguir segurar. O bitcoin já vem de uma correção forte desde o seu topo histórico.
Isac Honorato, CEO do Cointimes

E quais as dicas para os investidores?

Momento exige paciência. Se o investidor já estiver posicionado, não é hora de se desfazer do portfólio, diz o CEO do Cointimes. "A melhor coisa para fazer é desligar o computador e o celular, e não ficar olhando para gráfico, porque isso vai causar ansiedade", afirma ele. Para quem investidor, a dica é manter a carteira, esperar os próximos passos dos Estados Unidos quanto às tarifas e qual será a resposta por parte do mercado.

Aloque uma pequena parte da carteira com diversificação. Segundo os especialistas, os investidores iniciantes não devem entrar com todo o dinheiro de uma vez, por conta da volatilidade. Além disso, eles podem estabelecer o teto de 5% para a criptomoeda e programar a compra desse montante aos poucos, a cada semana ou mês. Isso ajuda a ter diferentes faixas de preço, reduz o risco e cria disciplina a médio e longo prazo, segundo Andrade, da Nord.

Considere o tamanho do risco. Neste momento de alta volatilidade, de total incerteza, mesmo que a pessoa ganhe um prêmio interessante, isso pode ser revertido rapidamente, diz Fernandes, da Foxbit. Dessa forma, para muitos investidores a recompensa não vale a pena, se comparado com o risco no cenário atual.

É importante não tentar acertar preços. "Pode ser que a pessoa não compre BTC a US$ 75 mil, no meio do turbilhão. Mas adquira a um patamar de US$ 80 mil, em um ambiente mais controlado e de menor risco. A decisão deve considerar o momento e o perfil de risco", explica Fernandes.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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