Títulos de Renda fixa seguem como os queridinhos para investir em maio

Os feriadões dão a impressão de que maio chegará mais rápido. A hora é de pensar o que fazer com a carteira de investimentos diante de tantas incertezas: juros e inflação altos no Brasil e as tarifas recíprocas de Donald Trump, que provocaram um verdadeiro "quem pode mais" com a China, com impactos na economia mundial.
O que aconteceu
Especialistas indicam precaução e ativos que ofereçam proteção aos recursos. Entre os mais indicados para maio estão os papéis da renda fixa, "que são a classe mais segura e que não denota a possibilidade de um grande abalo", diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Renda variável não é indicada. Para Cruz, a situação comercial no mundo pode piorar e por conta disso, possíveis quedas (intensas) podem ocorrer novamente. "Dentro da renda fixa há o crédito privado, os bancários e títulos do Tesouro do governo. E, dentro dessas categorias, temos visto uma escassez de papéis no crédito privado do CDI+, uma quantidade maior de IPCA+, e, no título público e nos bancários, percebemos igual cenário: tem o Tesouro Selic e o Tesouro pré-fixado", detalha Cruz.
Tesouro prefixado é recomendado. Ele diz que é possível ver no mercado financeiro mais recomendações para o prefixado, de preferência os mais curtos. Para maio, desta forma, seria o Tesouro prefixado 2028, que promete uma rentabilidade anual de 13,99%.
Títulos com isenção de Imposto de Renda. Alguns títulos bancários oferecem a vantagem da isenção o imposto de renda, como os CRIs, assim como os LCIs e LCAs, Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, além de algumas debêntures incentivadas. "O CDI está mais escasso e o mercado entende que vai haver uma correção grande, com uma perspectiva de menos juros no ano que vem".
IPCA + continua sendo interessante. O especialista indica que, como o mercado entende que a chance de Banco Central optar por uma taxa de juros menor, mesmo que tenha uma taxa de inflação mais perto do limite superior da meta, o IPCA+ continua mais interessante do que o Selic+.
Momento exige cautela. O cuidado é também a palavra de ordem para Karina Reis, planejadora financeira CFP e sócia da The Hill Capital. "O momento em que vivemos exige cautela do investidor. Oferecemos alternativas com menor risco, em relação às opções na renda variável e fundos multimercados, entre outros", detalha.
A semana passada foi marcada pela volatilidade no mercado, em razão das declarações do presidente Donald Trump. Mas o investidor, muitas vezes, se esquece de que o mercado de ações sofre, mas aparecem inúmeras oportunidades para a renda fixa, tanto no mercado local quanto Internacional, já que as taxas ficam maiores.
Karina Reis, planejadora financeira CFP e sócia da The Hill Capital.
Especialista indica o Tesouro Direto. "Há diversas opções de títulos emitidos pelo governo. O Tesouro Selic, por exemplo, possui liquidez diária e é uma excelente opção para a reserva de emergência".
Opções atreladas ao CDI são indicadas neste momento de juros altos. Os ativos atrelados ao IPCA+ também são ótimas opções, diz ela, já que o investimento nunca perderá para a inflação. "Além disso, as preocupações com as taxações de Trump e incertezas fiscais no cenário doméstico deixam os investidores receosos com um possível aumento da inflação. A projeção do boletim Focus para 2025, por exemplo, está em 5,65%, bem acima da meta inflacionária, o que torna importante estar protegido com investimentos atrelados a inflação".
As debêntures estão entre as indicações da especialista para o mês de maio, com a vantagem da isenção do IR. Reis lembra que os fundos de renda fixa devem ser considerados pelo investidor. Alguns fundos DI têm a vantagem de ter liquidez diária ou mais curta; não são isentos de Imposto de Renda, porém, possuem rentabilidade acima do CDI.
A diversificação, como investimento internacional, indica que o "céu é o limite" para a renda fixa. "O investidor pode ter acesso aos Treasuries (títulos emitidos pelo governo americano) com US$ 1 mil. Acredito em opções como Tesouro Americano e Bonds. Títulos emitidos por empresas são igualmente interessantes. Alguns deles pagam dólar+4% ou 5%, em média".
A renda fixa também é indicada por Bruno Komura, analista da Átria Capital. Pensando na proteção contra a inflação, ele sugere o Tesouro IPCA 2030, em razão, principalmente, do cenário macroeconômico.
"Percebemos um pessimismo grande em relação ao que o governo pode fazer, no que se refere aos estímulos fiscais. Mas o que o mercado vê é que existe um espaço para o Banco Central parar de subir juros depois da próxima reunião, em maio. A expectativa é de que o BC eleve a taxa Selic para 14,75% ao ano. E, depois disso, provavelmente, pare", ressalta Komura, "mesmo com tudo que está acontecendo lá fora e com toda a incerteza no Brasil".
Títulos vão ser precificados. Segundo ele, se o mercado começar a precificar esse cenário, muitos títulos de renda fixa vão se beneficiar, principalmente os prefixados em inflação. Levando em conta esse cenário, a indicação do especialista é o Tesouro IPCA 2030, por conta da proteção contra a inflação.
Em segundo lugar, ele elenca os títulos prefixados, que devem estar no radar do investidor. Um título do Tesouro prefixado, com vencimento em 2028, por exemplo, que pega a redução das expectativas de juros no futuro. "Não chega a ser tão arriscado, por conta do curto período de três anos, e compensa pelo risco/ retorno".
Títulos de inflação mais longos devem ser analisados. Para Komura, por mais que sejam ativos mistos, que têm a parte de inflação pós-fixada, e a de juros reais prefixados, compensariam, em razão do vencimento mais longo. Poderia ser o Tesouro IPCA 2045, Tesouro IPCA 2050, por exemplo. Há mais risco e volatilidade, mas vale a pena estar entre os principais.
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