Como lidar com a ansiedade em momentos em que o mercado está estressado
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O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, acumula uma queda de 0,77% no mês e, no ano, uma alta de 7,45% (dados até 15 de abril). Esses números, no entanto, são incapazes de resumir a dinâmica dos mercados nas últimas semanas, em que a aversão ao risco variou conforme os anúncios em relação ao "tarifaço", de Donald Trump. Saber conter a ansiedade em momentos de variações intensas na carteira pode evitar atitudes equivocadas por parte do investidor.
Como controlar a ansiedade
É preciso ter estratégia. A ansiedade pode tomar conta na hora da volatilidade extremada, em especial quando se vê na tela o impacto direto nas ações ou nos papéis de renda fixa, mas é nessa hora que ter uma estratégia faz a diferença.
É natural sentir desconforto quando o mercado oscila, mas é importante lembrar que a volatilidade faz parte do caminho de quem investe. Nesses momentos, o ideal é focar no seu plano e lembrar por que você investiu. Se os seus objetivos não mudaram, sua estratégia também não precisa mudar.
Rafaela da Sá, planejadora financeira CFP pela Planejar.
Veja as estratégias para lidar com o momento:
Cuidado com o tempo real
Acompanhar as cotações em tempo real pode levar a uma visão equivocada da carteira. As reações às notícias que saem nesses momentos podem causar uma forte queda ou alta nos ativos em um primeiro momento, mas depois o movimento é corrigido. "Evite acompanhar as notícias o tempo todo ou checar a carteira com frequência, isso só aumenta a ansiedade e pode levar a decisões impulsivas", explica Sá.
Ter uma estratégia definida
Estratégia e conhecimento sobre os riscos. Estar seguro sobre os motivos que levam o investidor a escolher determinados ativos, quais os riscos de cada um e o que irá fazer com os recursos contribui para que a desvalorização de uma ação ou a mudança de preço de um título de renda fixa doa um pouco menos.
O investidor deve lembrar que volatilidade faz parte da dinâmica dos mercados, especialmente em períodos de incerteza econômica ou política. A ansiedade pode ser reduzida, no passo anterior ao investimento, com uma estratégia consistente de longo prazo, alinhado ao perfil de risco do investidor. Evitar decisões emocionais motivadas por oscilações momentâneas é essencial.
Fernando Donnay, sócio da G5 Partners
Reavalie o seu perfil de risco
Revisar e corrigir a rota. Quando os juros estão em patamares baixos, todo o investidor se mostra mais propenso a investir em ativos mais arriscados. Quando a Bolsa cai muito, ele fica com saudades do CDI. É por isso que de tempos em tempos é importante reavaliar o perfil de risco, até porque os objetivos podem mudar ao longo do tempo.
Quando um planejamento financeiro é traçado, ele é feito para o longo prazo. Nesse período, será feito o acompanhamento do desempenho e alocação da carteira periodicamente. Pode ser trimestralmente ou semestralmente. Isso é importante porque pode ocorrer um evento, como o nascimento de um filho ou desejo de se aposentar mais cedo e aí esse apetite por rico vai mudar.
Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap Investimentos
Tenha uma reserva de liquidez
Para quem começa a investir, o primeiro objetivo é ter uma reserva de liquidez. São esses recursos que vão servir para serem usados em emergências. E também são os que vão dar mais segurança e tranquilidade, em especial para as pessoas mais conservadoras quando o tema é dinheiro.
Após essa etapa, o que o investidor deve priorizar é um aumento gradual na complexidade de alocação, começando por ativos de renda fixa, passando por multimercados para, enfim, aos poucos, iniciar a exposição ao mercado de ações. O que recomendamos é a alocação em ativos sem imobilização relevante (prazos menores que 1 ano de vencimento) e a utilização de fundos de investimento, produtos com mais diversificação.
Eduardo Barreto, diretor da Faz Capital, escritório de assessores de investimento
Evite mudanças abruptas na carteira
Uma carteira de investimento deve ser diversificada, ter ativos resilientes a diferentes cenários e riscos descorrelacionados. Para isso, será preciso ter ativos que por um longo prazo terão desempenho pouco relevante, mas que irão ajudar a suavizar as flutuações da carteira em momentos mais voláteis.
Durante períodos de alta volatilidade, não é recomendado realizar grandes mudanças, exceto se houver um desalinhamento significativo com os objetivos. Ajustes pontuais, como o rebalanceamento gradual da carteira, podem ser oportunos. Decisões tomadas com base no sentimento do momento, e não em uma avaliação racional e estratégica, tendem a prejudicar o desempenho de longo prazo.
Fernando Donnay, sócio da G5 Partners
Visão global
A atual gangorra do mercado está relacionada a um evento externo - decisão do presidente dos Estados Unidos - que está afetando o mundo todo. Isso mostra como há uma interligação entre as economias. É por isso que o investidor, a depender dos seus objetivos, pode considerar uma exposição ao exterior - a ser feita de forma passiva, como os ETFs, ou na compra direta de ativos. "Na média, é ideal ter 20% a 30% da carteira com risco externo. Nós recomendamos uma exposição ao exterior mais em renda fixa de curso prazo no momento", sugere Brito, da Finacap.
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