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É possível 'alugar' a carteira para o banco? Entenda a custódia remunerada

Ter um dinheiro pingando na conta todos os meses é o objetivo de muitos investidores ao fazer aportes em ações ou fundos imobiliários (FIIs). Mas você sabia que é possível "alugar" sua carteira de ativos para bancos e receber uma remuneração? Veja como funciona.

Como a modalidade funciona na prática?

Instituições financeiras pagam a investidores para gerir ativos. O analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, explica que a pessoa deixa ativos como Tesouro Direto, CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), ações, FIIs e ETFs (fundos de índices) custodiados com bancos, que podem usá-los em operações de empréstimos, como o aluguel de ações ou operações compromissadas (espécie de empréstimo com garantia), por exemplo.

Investidor recebe uma remuneração pelo negócio. Geralmente, isso é uma fatia sobre a operação pelo tempo em que o portfólio permanecer alugado, como uma porcentagem anual. A prática é comum em ativos de alta liquidez (disponibilidade imediata do dinheiro) e forte demanda no mercado financeiro.

Ativos com alta demanda para empréstimos ganham maior atenção. São exemplos ações com grande liquidez ou títulos públicos, a exemplo do Tesouro Direto, afirma Lima. O analista esclarece que mesmo sem vender ou movimentar os papéis, é possível gerar uma renda passiva adicional com baixo risco, uma vez que ativos permanecem com o investidor e o uso é controlado por contratos e garantias.

Para quem vale mais a pena?

Operação vai na contramão do mercado. O sócio-fundador da Ciano Investimentos, Lucas Sigu Souza, diz que os bancos tomadores vendem investimentos como ações, mesmo sem tê-las em carteira, mirando na compra por um preço mais baixo no futuro. Depois, a instituição financeira paga um aluguel para o dono dos papéis. Ele ressalta que negócio é mais comum entre investidores que miram ganhos com dividendos e não têm a intenção de se desfazer dos ativos.

Perfis moderado e arrojado devem dar mais atenção à custódia remunerada. Normalmente, esses investidores já possuem uma carteira diversificada e desejam aumentar a rentabilidade dos ativos. Por outro lado, o analista da Ouro Preto afirma que conservadores também podem se beneficiar, desde que avaliem as opções com mais cautela, sobretudo as garantias envolvidas no processo.

Modalidade é mais interessante para quem mira no longo prazo. É o que diz o sócio da RGW Investimentos, Gustavo Jesus. É que esses investidores desejam manter os ativos na carteira por períodos mais extensos. Por outro lado, quem faz movimentações com certa frequência ou de curto prazo pode enfrentar travas operacionais ou dificuldade de liquidez para vender os investimentos, caso eles estejam alugados.

Mas viabilidade depende da instituição financeira. Os especialistas frisam que, quanto maior a procura, maior a chance de gerar remuneração.

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E qual a remuneração? E as taxas?

Ganhos com aluguel variam entre 0,25% a 0,50% ao ano. Mas valores podem subir de forma expressiva no caso de ações com tendência de baixa ou que, por algum motivo, os investidores começam a apostar contra esses papéis. Neste cenário, rendimento pode alcançar retorno atual da Selic, entre 10% a 15% ao ano, diz o sócio-fundador da Ciano Investimentos.

Investidor paga Imposto de Renda sobre os ganhos. Tributo é o mesmo de títulos de renda fixa, variando entre 15% a 22,5%, dependendo do período em que o dinheiro permanecer investido. O pagamento de IR funciona dessa forma:

  • 22,5% em aplicações com prazo de até 180 dias;
  • 20% em aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
  • 17,5% em aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias;
  • 15% em aplicações com prazo acima de 720 dias.

Custódia remunerada tem risco?

Risco operacional. Jesus, da RGW, diz que investidor precisa solicitar a devolução do ativo para poder vendê-lo, o que pode gerar atrasos. No entanto, algumas plataformas contam com sistemas que retornam o ativo automaticamente no momento da venda.

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Investidor pode sofrer com inadimplência. Embora considerado raro, a instituição financeira tomadora do ativo pode deixar de pagar o aluguel, diz Lima, da Ouro Preto. Também existe o risco de liquidez temporária, em que os investimentos ficam indisponíveis enquanto estiverem emprestados, algo comum e regulado, frisa ele.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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