A semana na Bolsa: pessimismo reverte parte de ganhos do mês
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A Bolsa de Valores de São Paulo fechou o pregão de hoje em baixa de 1,09%, revertendo boa parte dos ganhos do mês. O principal índice da B3 acumulava alta de 2,57% na semana até ontem, depois de ter batido o recorde de pontos no fechamento quatro vezes em maio. Mas com o resultado negativo desta sexta (30), os ganhos caíram para 1,48% no quinto mês de 2025. De 2 de janeiro a 30 de maio, o Ibovespa tem ganhos 14,08%. Os dados são da Economatica.
No câmbio, o dólar teve alta de 0,98% na semana, fechando a R$ 5,718 no comercial (venda). No mês, a variação da moeda americana também foi positiva, com aumento de 1,02%. Em 2025, a queda da divisa em relação ao real é de 7,66%.
O que aconteceu
Os mercados repercutiram durante a semana tanto fatos e índices internacionais como domésticos. Os negócios começaram com os investidores avaliando positivamente um novo recuo de Donald Trump na guerra das tarifas, o que provocou alta nos dois primeiros pregões.
Na segunda-feira (26), o presidente americano deu mais prazo para implantação de barreiras tarifárias à União Europeia. Assim, o Ibovespa subiu 0,23%. Esse fato continuou repercutindo bem na terça (27), quando os investidores se surpreenderam com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15).
A prévia da inflação subiu 0,36% em maio e desacelerou em relação à alta de 0,43% em abril. Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,40%. Como os números vieram abaixo do esperado, a Bolsa subiu mais 1,02%.Com menor inflação, os juros podem cair e isso é benéfico para as companhias e o mercado.
Mas aí vieram as incertezas sobre o IOF, os dados sobre empregos e a divulgação da ata do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). As negociações para tentar derrubar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras em Brasília já trouxeram inseguranças. Mas a criação de 257,5 mil postos de trabalho em abril, conforme divulgou na quarta-feira (28) o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) provocou novamente o temor da inflação, o que pode, na visão do mercado, prolongar o ciclo de alta dos juros e prejudicar a performance das empresas.
No exterior, a ata da reunião de maio do Fed indicou que a instituição vê um possível aumento da inflação e do desemprego nos EUA. Foi o suficiente para o Ibovespa cair 0,35% e o dólar subir 0,89%.
Na quinta, o mau humor com o exterior continuou. O Ibovespa fechou em queda de 0,25% após um dia marcado por incertezas, com decisões judiciais dos EUA que bloquearam e depois liberaram novamente as tarifas de Trump.
E foi o presidente dos EUA que botou mais lenha na fogueira do pessimismo hoje, sexta-feira (30). Trump reacendeu o risco de uma guerra comercial ao acusar a China de violar o acordo tarifário firmado recentemente. "Isso gerou uma nova onda de aversão ao risco, e o mercado reagiu com queda das bolsas e alta do dólar. Em Nova York, os principais índices operaram em baixa, com destaque para Nasdaq, pressionado pelas incertezas comerciais", disse Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital.
Nem mesmo os dados favoráveis do PIB, com a economia brasileira crescendo 3,5% nos últimos quatro trimestres, animaram o mercado. O câmbio fechou a semana com forte alta do dólar. "Houve uma tendência externa de alta da moeda americana por conta dos dados de inflação dos EUA, o que reforçou a visão de manutenção dos juros nos EUA elevados por mais tempo", disse Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Empresas
Os destaques entre as ações foram para a Braskem (BRKM5) e a Azul (AZUL4). Na segunda-feira, BRKM5 subiu mais de 10% na máxima do dia e fechou com ganhos de 4,15% depois da notícia de que o empresário Nelson Tanure havia feito uma oferta para a aquisição da petroquímica.
Já a aérea ficou entre destaques de baixa na quarta, com queda de 3,74%. As ações foram excluídas dos índices da bolsa no fim do pregão da quinta (29) após a companhia pedir proteção no Chapter 11 nos Estados Unidos, a Lei de Falências americana.
Na outra ponta, a concorrente Gol (GOLL4) viu suas ações dispararem 30% na tarde da sexta (30). O avanço dos papéis veio após os acionistas terem aprovado o plano para a saída Chapter 11.
Como deve ser a semana que vem?
Saem os dados da produção industrial brasileira e o resultado da balança comercial de maio. Lá fora, a agenda vem pesada, com destaque para os dados do mercado de trabalho dos EUA.
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