Não é só o ouro que está em alta: cobre já subiu 16% no ano

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Enquanto o ouro estava no foco de alguns investidores, com alta de 26% no ano, outro metal também se valorizou e surpreendeu. O cobre já subiu 16% em 2025, até 3 de junho, e segundo o banco JP Morgan ainda pode subir mais.
O que está acontecendo?
Desde o começo do ano, o valor do metal já teve uma alta de 16% (até 3 de junho), cotado a US$ 9.944 por tonelada curta (US) na LME (London Metal Exchange, a Bolsa de Metais de Londres).
Mas valor já esteve mais alto. No ano passado, o preço do metal vermelho chegou a bater o recorde de US$ 11.000, no mês de maio. Depois, flutuou entre US$ 9.000 e US$ 10.500. No final do ano, o produto terminou o período com alta de 7,66% sobre o preço final de 2023.
O ouro, por exemplo, o ouro já subiu 26% desde o início do ano (de acordo com o World Gold Council, ou Conselho Mundial do Ouro, a associação comercial internacional do setor, em onças troy). Em abril, o metal chegou ao seu valor máximo histórico, batendo US$ 3.350 a onça, com os investidores buscando segurança em meio às preocupações sobre a guerra de tarifas e uma possível recessão mundial.
Cobre é cada vez mais demandado. O metal é usado na indústria elétrica e de construção civil e na produção de ligas metálicas. Mas passou a ter outros usos e seu consumo aumentou.
Carros elétricos criaram uma demanda sem precedentes pelo produto. Veículos elétricos precisam de duas a quatro vezes mais cobre do que os com motor a combustão. Enquanto um carro tradicional tem cerca de 23 quilos de cobre, um elétrico pode chegar a ter até 83 quilos, principalmente em baterias, motores e infraestrutura de carregamento.
Guerra de tarifas tambpem faz preço subir. O mercado espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também imponha tarifas ao cobre. Em relatório divulgado pelo banco JP Morgan, os especialistas esperam que uma tarifa de pelo menos 10% sobre importações de cobre refinado e derivados seja promulgada até o final do terceiro trimestre, com um risco significativo de um percentual mais alto, de 25%.
Por isso, muitos países, até mesmo os EUA e a China, têm antecipado compras do minério para fazer estoques. Empresas chinesas já previam uma guerra de tarifas entre americanos e o país oriental e por isso adiantaram suas compras no ano passado e no começo deste.
Antes de tudo isso, o preço do cobre era um indicador do ritmo da economia global. "Se usava a variação do valor do metal como indicativo da atividade global, mas ele, desde que 2025 começou, passou a andar na contramão", explica Fernando Marx, do Traders Club (TC) Investimentos. Ou seja: o esperado seria que seu preço estivesse caindo, uma vez que a economia global vem esfriando, principalmente por conta da guerra comercial de tarifas.
E vai seguir em alta?
O J.P. Morgan diz que sim. A expectativa é que os preços médios do cobre fiquem em torno de US$ 11.000 por tonelada no começo de 2026. "No curto prazo, acreditamos que os preços dos metais básicos podem continuar subindo", publicou a instituição, em relatório recente.
Uma nova antecipação de exportações chinesas, segundo o banco, deve acontecer novamente agora. Isso por conta do alívio tarifário de 90 dias que China e EUA concordaram em 14 de maio.
Quais os riscos?
Antecipação pode trazer ressaca. "No entanto, ainda acreditamos que uma previsão mais pessimista seja provável no segundo semestre de 2025, já que todo o aumento da demanda por antecipação de compras eventualmente gera uma ressaca bastante significativa", publicou o banco. Essa ressaca, ou seja, uma possível parada nas compras chinesas quando a trégua de tarifas cessar, pode representar um risco para os investidores.
Existe muita oscilação e risco no mercado. Ainda que tragédias, acidentes e explosões em minas sejam raros, as consequências são grandes. A última que se tem notícia foi em fevereiro, no Cazaquistão, com sete mortos.
Há problemas políticos também. A panamenha Cobre Panamá era a a oitava maior produtora de cobre do mundo até 2023, quando foi fechada. A Suprema Corte do país declarou inconstitucional o contrato de concessão com a canadense First Quantum Minerals (FQM). As negociações para reabertura ainda seguem em curso.
Como investir em cobre?
É possível investir por meio de ETFs (Exchange Traded Funds), ou fundos de índice. São aplicações que replicam a performance de um índice de mercado, no caso, o cobre.
A Bolsa de Valores de São Paulo não tem ETFs de cobre. Por isso, quem quer investidor precisa ter uma conta internacional ou ser cliente de corretoras internacionais, como a Avenue ou Nomad.
Na Bolsa de Valores de Nova York, o ETF que mais rendeu foi o United States Copper (CPER), com alta acumulada no ano de 20,71%. Em seguida vem o Global X Copper Minners (COPX), que replica a variação de ações de empresas mineradoras de cobre. "Nesse caso, entra para a equação a performance financeira das companhias. Mas uma vantagem é que, como são empresas grandes que geram muito caixa, consequentemente elas pagam bons dividendos", diz Marx.
Outro fundo, no entanto, não teve um resultado bom. É o Invesco Db Base Metals. Ele mescla a variação do cobre, junto com a do alumínio e a do zinco. Como o zinco acumula queda de 10% no ano (LME) e o alumínio de 4%, o fundo está negativo em 2025 em 0,90%.
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