Só para assinantesAssine UOL

A semana na Bolsa: Ibovespa sobe mesmo com IOF e tensão geopolítica

O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo terminou a semana com alta acumulada mesmo após a repercussão negativa das novas medidas tributárias do governo e o aumento da tensão geopolítica no cenário internacional. O Ibovespa teve três dias de alta (terça, quarta e quinta) e terminou o período de 9 a 13 de junho com um ganho total de 0,81%.

No câmbio, o dólar caiu de R$ 5,57 (fechamento da cotação comercial no dia 6) para R$ 5,54, encerrando o período com queda acumulada de 0,49%.

O que aconteceu

A semana começou sob o impacto de novas medidas do governo para recompor receitas após a recepção negativa do decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Também influenciaram os mercados as negociações de um possível novo acordo tarifário entre Estados Unidos e China e a alta do petróleo, com a escalada dos conflitos no Oriente Médio.

O ponto positivo foi a nova redução temporária nas tarifas de importação entre China e EUA. Os americanos baixaram para 30% as barreiras econômicas, enquanto a China irá cobrar 10% dos produtos vindos dos EUA. O acordo tem validade de 90 dias, mas já foi suficiente para melhorar o humor dos mercados e aumentar o apetite por risco, favorecendo a valorização da Bolsa brasileira, que fechou em alta por três dias seguidos entre terça (10) e quinta-feira (12).

Os investidores também reagiram bem aos dados de inflação. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgado na terça (10) subiu 0,26% em maio, abaixo da expectativa do mercado, que era de avanço de 0,32%. Após a notícia, o dólar chegou a cair para R$ 5,54 na mínima do dia.

No dia 12, o Ibovespa teve um dia de sobe e desce após a nova Medida Provisória (MP) que apresentou alternativas fiscais ao aumento do IOF. Os investidores não gostaram de medidas como o aumento da cobrança de Imposto de Renda sobre o pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Mísseis de Israel

Entretanto, na quinta à noite, houve o ataque de Israel ao Irã. "Hoje, a reação dos principais ativos seguiu o padrão típico de aversão ao risco — fuga de ativos de renda variável, busca por proteção no dólar, valorização do petróleo e alta nos juros, diante da perspectiva de inflação pressionada pela escalada dos combustíveis", diz o economista e diretor da Nomos, Alexandro Nishimura. Hoje, sexta, como consequência, o Ibovespa caiu 0,43%.

O resultado imediato foi a disparada no preço do petróleo. O Brent, referência internacional do produto, disparou 12% e atingiu US$ 78,50 por barril nas primeiras horas da manhã de hoje. Analistas do JPMorgan disseram que o agravamento da situação pode levar os preços para até US$ 130 por barril.

Continua após a publicidade

Isso encarece combustíveis e gera pressão inflacionária adicional, afetando margens de empresas dependentes de combustíveis ou produtos básicos importados, além de gerar pressão sobre os juros. Isso prejudica setores sensíveis ao crédito e à demanda doméstica.

Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos

Ações

As ações da Petrobras (PTR3 e PETR4) foram as que mais se destacaram na semana. Na segunda-feira, um duplo rebaixamento da classificação dos papéis — pelo Santander e pelo Bank of America — fizeram as preferenciais (PETR4) recuarem 1,55% e as ordinárias (PETR3), 1,05%.

A tendência de baixa se inverteu já na quarta-feira, com o agravamento das tensões no Oriente Médio. Elas fizeram o preço do petróleo disparar no dia, com alta de 4%. Com isso, PETR4, por exemplo, avançou três dias seguidos, com ganhos expressivos de 3,02%, 3,33% e 2,25%, entre a terça (10) e a quinta (12). Hoje, com a efetivação dos ataques e a réplica iraniana, o Brent terminou o dia em alta de 7,02%, para US$ 74,23 barril. No acumulado da semana, o avanço foi de 12%. PETR4 teve ganhos de 2,83%, cotada a R$ 32,65 e PETR3 subiu 2,8%, para R$ 35,21, conforme dados preliminares.

Como vai ser a semana que vem?

O Ibovespa tende a reagir negativamente no curto prazo. É o que diz Jeff Patzlaff. Setores cíclicos, que dependem mais da variação dos juros, tendem a cair. Ações resilientes, como as do setor de energia, ou beneficiadas por produtos básicos de exportação, como petróleo, podem subir.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.