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Petrobras: Como fica ação com guerra entre Israel e Irã e alta do petróleo

Com conflitos no Oriente Médio, o preço do petróleo flutuando e a possibilidade de interferência do governo na estatal, é hora de comprar ações da Petrobras? Nove entre onze bancos de investimentos dizem que sim. As ações podem subir bastante, já que começaram o ano em queda, mas vale o risco?

Petrobras acompanha preço do petróleo

Assim como a maioria das petroleiras, as ações da Petrobras acompanham a variação do preço do petróleo. Se o valor do barril sobe, a ação também se valoriza, mas não necessariamente na mesma proporção. O inverso também é válido.

Enquanto o preço do barril do tipo Brent caiu 16,75% este ano, PETR4 (preferencial) teve queda de 5,15% e PETR3 (ordinária), de 6,65%. Desde o melhor preço de 2025 para os ativos, em 20 de fevereiro, quando as ações atingiram R$ 40,41 (PETR3) e R$ 36,49 (PETR4), a queda é de 12,89% e 11,34, respectivamente.

Na semana passada, as ações que andavam em baixa passaram a subir. Com a escalada do conflito entre Israel e Irã, o preço do barril que estava cotado a US$ 66,87 na segunda-feira (9) chegou a custar US$ 75,61 no sábado (14).

Com isso, no mês de junho, PETR4 já acumula alta de 8,45% e PETR3 de 9,30%. Na semana passada, a disparada foi de 10,80% e 9,79% para PETR3 e PETR4.

Qual será o impacto da guerra agora

Ontem, mesmo com o conflito ainda em andamento, o valor do petróleo caiu. O Brent para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,35%, a US$ 73,23 barril. Os papéis da petroleira andaram em direções mistas. PETR4 caiu 0,61%, para R$ 32,33 e PETR3 subiu 0,17%, a R$ 35,04.

Mesmo que o conflito entre Israel e Irã continue, enquanto a oferta de petróleo não for prejudicada, não há impacto econômico significativo. "É difícil imaginar o Irã sustentando por muito tempo um ambiente de tensão elevada com Israel mantendo soberania sobre os céus de Teerã", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. Por isso, o mercado se estabilizou próximo aos valores máximos da semana passada.

Além disso, o papel dos EUA tem peso nesse conflito. "O governo americano já manifestou interesse em preços mais baixos do petróleo, o que reforça a leitura de que a administração do presidente Donald Trump tem incentivo adicional para conter a escalada regional e preservar a estabilidade do mercado", acrescenta Arbetman.

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Se ontem o preço caiu, hoje preço do barril de petróleo volta a subir. Após recuar 1,35% e devolver parte da alta registrada ao final da semana passada, o barril de 159 litros do Brent, referência internacional para o combustível, avança mais de 2%. A variação acompanha a elevação do temor pela expansão dos ataques após o presidente dos EUA, Donald Trump, pedir para a população evacuar Teerã.

Quais são as perspectivas para ações da Petrobras

No curto prazo, a tendência é de alta ou estabilidade para as ações da estatal. "Para a Petrobras, o conflito traz efeitos importantes, pois os preços mais altos elevam a receita em reais, fortalecendo margens e gerando fluxo de caixa robusto, e com superávits", diz Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.

A expectativa da maioria é de que PETR4, a mais negociada, passe dos atuais R$ 32,35 para R$ 43,33 até o fim do ano - o valor máximo deste ano foi de R$ 36,49. Esse é o preço médio projetado pelas 11 instituições financeiras que acompanham o papel. Em relação a PETR3, a ação pode sair de R$ 35,20 para R$ 44,68. São altas expressivas, de 33% e 26% respectivamente.

No entanto, tudo continua muito difícil de prever. "O cenário permanece incerto, com alta sensibilidade a fatores externos e à condução política interna", diz Willian Andrade, da Kaya Asset Management. Abertman concorda. "Projetar estabilidade nos preços do petróleo é um tremendo exercício de futurologia - e, nesse sentido, ainda é muito cedo para cravar qualquer decisão neste sentido", diz ele.

Dividendos também puxam a ação

A possibilidade de pagamento de dividendos sempre faz os papéis subirem. No mercado, comenta-se que a estatal estaria preparando o pagamento de proventos extraordinários.

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Essa decisão está diretamente ligada ao plano estratégico quinquenal, que está em fase de elaboração. O diretor financeiro da companhia tem frequentemente reiterado que o melhor momento para discutir esse tipo de distribuição é justamente no contexto do novo planejamento estratégico e, historicamente, a Petrobras tem anunciado pagamentos extraordinários após a conclusão do desenho do plano, e acreditamos que este ano não será diferente.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos

Não existe data definida ainda para esse pagamento, mas só a espera já anima o mercado. "As ações tendem a valorizar com a expectativa e o anúncio de dividendos extras", afirma Patzlaff.

Quais são os riscos de investir?

O governo, por ser o maior acionista da empresa, pode interferir em sua gestão. Isso é o que o mercado mais teme. "Uma área em que isso poderia ser mais facilmente percebido (embora longe de ser a única) é em possíveis fusões e aquisições", diz a XP, em relatório sobre a companhia.

Os investidores temem que a empresa possa investir dinheiro em negócios que podem não dar retorno ou ainda causar prejuízo. Além disso, o preço do petróleo é instável.

É hora de comprar?

Dentre 12 bancos e casas de análise consultados pela Investing.com, nove recomendam a compra e três a venda. A XP, por exemplo, classificou PETR4 como compra, com preço alvo de R$ 46 e um potencial de valorização de 42,11% até o fim do ano. O BTG também recomenda a compra, com preço alvo de R$ 44, o que renderia ao investidor um ganho potencial de 36,14%.

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Ação está com desconto. "O ativo permanece bastante descontado. Ou seja, há uma subvalorização que pode estar sendo ignorada", diz Vitor Agnello, analista educacional da CM Capital. Para ele, há boas chances de ganhos. "Trata-se de uma companhia que vem demonstrando consistência e apresentando planos estratégicos bem definidos", afirma.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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