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Semana na Bolsa: Ibovespa acumula queda de 0,05% após Selic subir a 15%

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou a semana quase estável, com ligeira baixa acumulada de 0,05%, mesmo com a queda de 1,15% do Ibovespa hoje,

O que aconteceu

Alta de juros e Israel X Irã. Tanto na Bolsa, quanto no câmbio, os investidores repercutiram a sétima alta seguida da Selic decidida na última quarta-feira, com a Selic a 15%, além dos efeitos do conflito no Oriente Médio.

Queda do dólar. O dólar, que começou a terceira semana de junho cotado a R$ 5,545 (comercial/venda), terminou em R$ 5,525, com perda acumulada no período de 0,25%, depois de ter caído na terça-feira (17) a R$ 5,487 — menor valor de fechamento desde 7 de outubro do ano passado, quando encerrou em R$5,486,

Pregão de segunda foi o único positivo da semana, mais curta por conta do feriado de ontem, quinta (19). No dia 16, as ações da Vale tiveram alta de 3,26% após a mineradora anunciar que conseguiu licença prévia para o projeto Bacaba, que pretende estender a vida útil do Complexo Minerador de cobre de Sossego, em Canaã dos Carajás, no Pará. Isso acabou puxando o principal índice da bolsa de São Paulo para cima, que fechou no dia em alta de 1,49%.

Depois, o Ibovespa só teve quedas. Caiu 0,30% na terça e 0,09% na quarta, na expectativa pela decisão sobre a taxa de juros. Mas o pior resultado aconteceu hoje. O mercado repercutiu a surpreendente — para a maioria — alta na taxa básica de juros. Conforme pesquisa do BTG com 76 economistas e representantes do mercado, 51% esperavam manutenção da taxa enquanto 49% apostavam numa alta de 25 pontos base - o que acabou acontecendo.

Com a Selic fixada na quarta em 15%, investidores passaram a vender ações após o feriado. "Com essa taxa de juros, os investimentos em renda fixa — especialmente em títulos pós-fixados, indexados à Selic ou ao CDI — continuam sendo as opções mais atrativas", diz Francisco Weliton Barroso, consultor de investimentos da Unicred Porto Alegre.

Juros altos são ruins para o mercado de renda variável. Além de desviar investidores para a renda fixa, as altas taxas prejudicam as empresas da Bolsa, que pagam mais por empréstimos, aumentam seu endividamento e têm mais dificuldade para vender, já que os consumidores e outras companhias são pressionados com financiamentos mais caros.

Desde o começo do ano, Ibovespa acumula alta de 14,32%. Boa parte dessa alta vinha sendo motivada pela expectativa — agora frustrada — de que o ciclo de alta de juros já estaria no fim. "Minha expectativa agora é que depois dessa subida a Selic continue nesse patamar até o final do ano", diz Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Nos Estados Unidos, a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), também não animou ninguém. "As expectativas de inflação de curto prazo subiram. As tarifas são um fator relevante", afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, depois de ter mantido a taxa inalterada.

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Ações

As ações da fabricante de aviões Embraer (EMBR3) foram o destaque de alta com notícias positivas vindas da Paris Air Show. Na feira de aviação, a Embraer anunciou na segunda-feira que a Força Aérea Portuguesa (FAP) encomendou mais um avião cargueiro militar KC-390, além de uma grande encomenda de jatos pela SkyWest Airlines e um acordo de defesa com a Lituânia. Com isso, na véspera do feriado de Corpus Christi, EMBR3 teve alta de 3,99%, a R$ 72,90. Na semana, a alta acumulada foi de 8,47%, segundo dados preliminares.

Do lado negativo, o foco foi o papel da Vale (VALE3). Depois de subir na segunda, o sinal se inverteu. Na terça-feira, as ações caíram 4,50% com a expectativa de que os EUA entrem no conflito entre Irã e Israel. Além da queda do minério de ferro na China, a forte aversão por tomada de risco pressionou a mineradora.

Novas tensões EUA X China. Na sexta, imprensa americana destacou que governo dos EUA avalia revogar a permissão de uso de equipamentos de fabricação de chips com tecnologia americana. Se isso acontecer, empresas como Samsung, SK Hynix e TSMC na China serão afetadas. A notícia botou fogo nas tensões comerciais entre EUA e China, que voltaram a crescer.

Impacto nas ações da Vale. E, como o mercado chinês é o maior consumidor da Vale, os ativos caíram. Teme-se que a mineradora venda menos, uma vez que a economia chinesa pode desacelerar com mais barreiras tarifárias. VALE3 fechou em queda na sexta de 2,44%, a R$ 49,99, conforme dados preliminares. Na semana, a baixa acumulada foi de 4,01%, conforme dados preliminares.

Como vai ser a semana que vem?

O mercado espera a ata do Copom sobre os juros. Ela sai na quarta (25) e deve revelar os motivos por trás da decisão de alta da Selic. Os investidores também devem continuar de olho no preço do petróleo e nos conflitos no Oriente Médio. "O dólar poderá oscilar nas duas direções conforme o humor externo (tensão no Oriente Médio, política monetária do banco central americano, aversão ao risco global) e o fluxo interno dos juros altos", diz Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.

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