Quais as melhores ações para investir em julho?
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Ações de bancos, de empresas em crescimento e de companhias exportadoras de produtos básicos são as maiores recomendações dos especialistas para quem quer investir na Bolsa em julho.
De janeiro a junho, o Ibovespa avançou 15,44%, melhor desempenho para um primeiro semestre desde 2016, quando a valorização havia sido de 18,86%.
O que está acontecendo
Por conta da boa performance, muita gente está voltando para o mercado de renda variável. Os estrangeiros vêm fazendo isso desde o início do ano, numa busca por diversificar mercados e depender menos dos Estados Unidos, que passa por instabilidades por conta da guerra tarifária. Hoje, eles já são 58,7% do volume do mercado à vista movimentado na B3, conforme a Elos Ayta.
O saldo do investimento estrangeiro na Bolsa foi de R$ 26,9 bilhões. É a maior soma em um primeiro semestre desde 2022, quando o saldo foi de R$ 68,75 bilhões.
Mas os estrangeiros não compraram ações indiscriminadamente. Entre as 86 empresas do Ibovespa, o retorno médio acumulado no primeiro trimestre das 20 maiores altas foi de 62%, enquanto o das 20 piores foi negativo em 15%, segundo a EQI Research.
Como vai ser daqui para frente?
É difícil prever, dada — principalmente — a instabilidade do governo americano. As medidas de Donald Trump, como o tarifaço, por exemplo, afetam os investimentos no mundo todo. Por isso, a maioria dos especialistas está mais cautelosa.
Seguindo essa linha, a melhor aposta é em ações de bancos. "O setor financeiro tem se mostrado forte", diz Lucas Buffon, especialista em investimentos e sócio da GT Capital. "Os grandes bancos continuam entregando bons dividendos", diz ele. Além disso, o atual alto patamar dos juros favorece os bancos, proporcionando melhoria nas margens de lucro.
O BTG recomenda os recibos de ações do Nubank (ROXO34) e os papéis do Itaú (ITUB4). Em relação ao Nubank, os analistas do BTG dizem que "a receita líquida no Brasil do Nu irá acelerar nos próximos meses, já que há um aumento significativo nos limites de cartão de crédito" e que, por isso, "os resultados - e, consequentemente, as ações - têm espaço para um bom desempenho".
A ação do Itaú, por sua vez, já subiu 40,30% até o dia 30 de junho. "A recuperação no acumulado do ano significa, sem dúvida, que o potencial de alta agora parece mais limitado. Mas os números recentes do primeiro trimestre foram muito fortes - e o Itaú continua a gerar capital significativo, e a administração tem sido notavelmente otimista sobre o potencial de reduzir o custo de atendimento e melhorar a eficiência em seu segmento de varejo", diz o BTG em relatório para investidores.
Small Caps
O índice SMAL11 da Bolsa mostra a valorização das empresas em crescimento, as chamadas Small Caps. Neste ano, o índice já subiu 26,85%, acima do Ibovespa. Essas ações estão subindo por conta da expectativa de baixa na taxa de juros no futuro. Como são companhias que dependem de financiamento, elas serão beneficiadas por essa esperada baixa da Selic. "A taxa de juros deve permanecer em 15% até dezembro, com início de queda em janeiro, projetada em 14,75%, alcançando 12,5% ao final de 2026", diz Daniela Lopes, planejadora financeira e assessora da Ébano Investimentos.
Os especialistas dizem que essa tendência permanece em julho. "Para investidores com perfil de moderado a arrojado, com visão de médio prazo, essa é uma aposta bastante atraente", diz Buffon.
Empresas de varejo se encaixam nesse conjunto. "Para este próximo semestre, acreditamos que o pagamento de precatórios e o consignado privado devem injetar um dinheiro extra na economia, o que tende a beneficiar as empresas de consumo, trazendo melhores perspectivas para a linha de receita", publicou Andréa Aznar, analista do BB Investimentos em documento para investidores.
O pagamento da restituição de imposto de renda também ajuda. Na segunda-feira (30), a Receita Federal liberou o maior lote de restituição da história em número de contribuintes e em valor. Ao todo, 6.545.322 contribuintes receberão R$ 11 bilhões.
As ações de varejo, entretanto, sobem e descem muito rápido. O investidor precisa estar ciente dessa característica. No setor, uma das mais recomendadas é Lojas Renner (LREN3).Em junho, a valorização foi de 8,37%. Para a XP, o preço atual, de R$ 19,03, ainda pode chegar a R$ 20, com ganhos de 5,10%. Segundo a especialista da Ébano, Iguatemi (IGTI11) também é uma boa escolha no varejo físico.
Exportadoras
No mês, empresas que exportam tanto grãos, quanto minerais e celulose podem se valorizar. "Estamos vendo uma demanda consistente por commodities (produtos básicos), seja por parte da China ou de países que estão intensificando a transição energética", diz Buffon.
O Itaú BBA recomenda a Vale (VALE3). "Vale é a nossa ação preferida no setor de mineração e siderurgia diante da melhor geração de caixa e retorno ao acionista via dividendos e recompras", diz documento publicado pelo banco, que prevê, até o final do ano, um preço alvo de R$ 70,92, o que geraria valorização de 32,8%.
Petróleo
No setor petroleiro, uma das mais recomendadas é PRIO3, da carioca Prio. A companhia vem investindo forte no aumento da produção, como aconteceu com a compra de uma fatia adicional de 60% no campo de Peregrino, na Bacia de Campos. "Com um atraente potencial de valorização de 53% em relação ao nosso novo preço-alvo de R$ 65 por ação e um potencial significativo de geração de caixa após 2026, vemos a Prio como uma das ações mais atraentes em nossa cobertura de petróleo e gás na América Latina", publicou o BTG.
Energia e infraestrutura
O setor de serviços essenciais tem receitas estáveis e dividendos consistentes. "Empresas como Copel (CPLE6) têm novos planos de capital e payout elevado, de aproximadamente 12% ao ano", diz Daniela, da Ébano. Payout é a porcentagem do lucro líquido de uma empresa distribuída aos acionistas na forma de dividendos ou JCP (juros sobre capital próprio). Segundo a especialista, com juros ainda altos, o cenário favorece a essas empresas, que se beneficiam com melhoria nas margens e proporcionam renda passiva ao investidor.
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