O mercado começa a revisar a projeção para os juros do ano, o que impacta os investimentos em renda fixa . A inflação ficou abaixo do esperado em maio, mas a Selic deve continuar no patamar de 15% ao ano por mais algum tempo, segundo o Banco Central . Taxas de juros e inflaçãoEstá nos preços. A inflação perdeu força e fechou em 0,26%, ante avanço de 0,43% registrado em abril, segundo o IBGE. Isso levou o Banco Central a revisar a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 5,24% ao ano, ante 5,50% no mês anterior. Mais economistas preveem juros mais altos . O BC elevou os juros pela sétima vez consecutiva, para 15% ao ano. Isso levou os economistas a acreditarem que a Selic não fechará mais em 2025 em 14,75% ao ano. Assim, os juros só voltariam a cair em 2026. Investimentos pré-fixados ganham forçaUma inflação mais controlada impacta os juros futuros . Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, afirma que esse movimento torna mais atrativos os títulos prefixados comprados hoje, que conseguem fixar juros altos antes da virada do ciclo. Por outro lado, os títulos pós-fixados continuam oferecendo boa rentabilidade no curto prazo, mas tendem a perder força caso os cortes de juros se concretizem. O panorama atual favorece os prefixados. Principalmente aqueles com vencimentos entre dois e quatro anos, diz Belitardo. Esses investimentos permitem garantir um alto retorno nominal antes da queda da Selic. Ele entende que os pós-fixados continuam fazendo sentido para investidores conservadores ou que precisam de liquidez, mas tendem a perder seu apelo com a queda dos juros. Mas investidores que já contribuíram para uma renda fixa no passado podem deixar de ganhar tanto dinheiro. É o que diz Fernando Camargo Luiz, sócio-fundador da Garoa Wealth Management. Ele explica que, se o investidor contratasse um título pré-fixado no patamar de 10,5% ao ano, deixaria de ganhar cerca de 5% ao ano com o patamar atual da Selic. "E, se acabar decidindo resgatar antes do vencimento, seu prejuízo será ainda maior", afirma. Com o markup de mercado, o preço do seu título oscila de acordo com a taxa de juros do momento — se foi contratado um juro de 10,5% ao ano, esse título perde valor quando há outros títulos com juros de 15% ao ano, por exemplo. Quais são os produtos mais recomendados?CDBs de bancos médios estão entre os produtos mais interessantes . Segundo Belitardo, da Hike Capital, eles pagam atualmente taxas acima de 14% ao ano. LCIs e LCAs ganham destaque . Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio também ganham destaque, devido à isenção do Imposto de Renda neste ano. "Quando oferecem taxas próximas às dos CDBs líquidos, esses investimentos se tornam mais vantajosos", afirma. Atualmente, a rentabilidade varia entre 87% e 94% do CDI, ou entre 13,05% e 14,10% ao ano. No caso do pré-pago, há títulos em torno de 12,30% ao ano. O Tesouro Direto prefixado também é uma boa opção. Na última segunda-feira (23), entre 13,48% e 13,79%, para títulos com vencimento entre 2028 e 2035. O Tesouro Selic e os CDBs pós-fixados ainda servem como reserva de liquidez, mas têm uma perspectiva menor no curto prazo. Vale lembrar que os títulos do Tesouro têm arrecadação de IR entre 15% e 22% ao ano. Quais são os cuidados?Volatilidade dos preços . A venda antecipada de títulos prefixados pode gerar prejuízos devido à marcação a mercado, diz Belitardo. É fundamental ter clareza sobre o prazo do investimento. Em LCIs e LCAs, o investidor deve observar o prazo de carência, já que a liquidez, ou seja, a capacidade de vender o título a qualquer momento, costuma ser mais limitada. Investidores devem estar cientes do risco do crédito privado. Fernando Camargo Luiz, sócio-fundador da Garoa Wealth Management, lembra que uma instituição emissora pode ter problemas financeiros e não honrar os pagamentos. A cobertura do FGC é considerada essencial nesses casos. |